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BURRO VELHO

BURRO VELHO

03
Dez23

Do tempo do Advento, com o coro da Capela Sistina

BURRO VELHO

 

Os cristãos vivem hoje o primeiro domingo do advento que anuncia a chegada, são quatro semanas para preparar o Natal num tempo de espera e de vigília, num tempo de reflexão e esperança mas também de celebração e alegria, é um tempo de reunião seja qual for a fé de cada um de nós, pelo que antes da festa, e num momento de introspeção, partilho uma música coral do compositor italiano Giovani Pierluigi da Palestrina cantada pelo coro dos papas, o coro da Capela Sistina, Tu Es Petrus. E que este advento nos anuncie a todos o fim das guerras e a chegada de coisas boas, juntemo-nos nesta corrente positiva.

01
Dez23

Diz o Borda D'Água - em Dezembro

BURRO VELHO

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Resguardar as plantas do gelo. Arrotear terras e mato para as sementeiras da primavera. Em sítios abrigados ainda se pode semear agrião, espinafre, alface, fava e ervilha. Plantar ainda macieiras e pereiras. Cortar madeiras, no minguante. Continuar a poda das videiras e a mergulhia das vides. Fim da apanha da azeitona e limpeza dos lagares. No jardim prossegue a plantação de roseiras, gladíolos, cíclames, lírios, e proteger das geadas. Animais: abrigue o gado da chuva e frio, e acarinhe-o.

 

30
Nov23

Dos filmes que vejo - Uma Mulher Sob Influência, de John Cassavetes

BURRO VELHO

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Gosto de ver filmes realizados por altura do meu nascimento, atrai-me a ideia de tentar compreender melhor como era o mundo nessa altura, e gostava de acreditar que nos dias de hoje talvez esta história fosse inverosímil, talvez fosse uma realidade ultrapassada, explicando melhor, uma realidade que fosse enfrentada de forma diferente e com outros recursos, mas suspeito que este UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA, de John Cassavetes (na Filmin), retrate uma história que pudesse ser passada em 2023, a história duma mulher gravemente perturbada do ponto de vista mental, louca como se dizia à época (“crazy”), de um marido dedicado ao trabalho e negligente com a família, mas que com falhas atrás de falhas tentava agarrar como conseguia os pedaços da família desfeita, e de três crianças pequenas altamente ameaçadas, três crianças expostas a uma mãe incapaz e a um pai que pouco mais tinha para dar do que boas intenções, a debilidade desta mãe, o desnorte deste pai e a vulnerabilidade destas crianças foi algo que me perturbou imenso, vi todo o filme debaixo de grande angústia. O malogrado Peter Falk era um ator dos diabos, mas Gena Rowlands (ainda viva com 93 anos) é uma das atrizes mais geniais de todos os tempos.

 

29
Nov23

Dos filmes que vejo - Napoleão, de Ridley Scott

BURRO VELHO

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Sempre que a Josefina da brilhante Vanessa Kirby entra no écran estamos felizes da vida, mas o filme é chato, chato, tãooo chato, sem paciência para tantas e tão longas cenas de guerra filmadas na perfeição, estou-me nas tintas para o virtuosismo de Ridley Scott que do alto dos seus 88 anos não quer que tenhamos quais dúvidas que ele é mestre na sua arte, o filme é um tédio de morte.

A propósito de NAPOLEÃO, como prémio de consolação, li uns artigos sobre o Imperador e aprendi algumas coisinhas sobre a história francesa dos finais do século XVIII / inícios do século XIX, por isso nem tudo foi prejuízo, e fica a curiosidade, face às reações dos historiadores franceses que criticaram o pouco rigor histórico e uma tendência pró-britânica, Ridley Scott além de dizer que os franceses não gostam de si próprios disse-lhes ainda, ‘Get a Life’, que é mais ou menos como quem diz ‘vivam a vossa vida e não me chateiem’, de facto acho mais do que justo que aos 88 anos se esteja a borrifar para as críticas dos franceses e para quem se aborrece com as suas intermináveis cenas de guerra, mas a mim não me volta a apanhar nas salas de cinema.

 

28
Nov23

Da atualidade - o caso das gémeas brasileiras e a família do Presidente

BURRO VELHO

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Não me recordo facilmente de nenhum outro caso de ‘cunhas’ a que a imprensa tenha dado tanta atenção como à situação das gémeas brasileiras, o que poderá ser um sinal que estamos cada vez mais, enquanto sociedade, exigentes e sujeitos ao escrutínio, ainda bem se assim for.

Mas estamos de facto perante um episódio grave e se não fosse uma reportagem da CNN Portugal tinha tudo para passar impunemente pelos corredores da administração pública, mas agora que o caso veio a público, e que o Ministério Público já estará a investigar, é impossível que não haja apuramento de responsáveis e as sansões adequadas, não creio que seja possível que desta vez a culpa volte a morrer solteira.

Os factos serão anteriores à tomada de posse da atual Administração e Direção Clínica do Hospital de Santa Maria, mas quem à data dos factos estava em funções tem nome, e tem de prestar contas pelo que fez ou deixou de fazer, havendo aqui seguramente muitas culpas, e descaradas, no cartório – é tão grave uma direção clínica que autorizou, como uma Administração que instruiu ou, ainda, uma Administração que não implementou processos que permita que casos destes possam acontecer nas suas barbas sem o seu conhecimento, seja qual for o cenário a situação é inaceitável e irregular.

Mas se a atenção tem estado muito centrada no Hospital de Santa Maria, há uma outra vertente que também me causa estupefação e, diria eu, também merece uma investigação adequada, será que não houve mais umas quantas irregularidades quando estas crianças obtiveram cidadania portuguesa em apenas 14 dias? Desconheço a eficiência noutros casos do consulado de São Paulo, mas durante vários anos passei diariamente em frente ao consulado do Brasil em Portugal e bem via as filas gigantes dos cidadãos brasileiros que queriam obter autorização de residência em Portugal - dir-me-ão que são coisas diferentes, mas que me cheira a esturro, lá isso cheira.

Por fim, parece-me altamente discutível a forma como o Presidente Marcelo lava as mãos como Pôncio Pilatos ao dizer que a família do Presidente não foi eleita, é inquestionável a forma intransponível como Marcelo sempre separou a presidência da família, mas afirmar de forma tão categórica a sua inocência não me cai bem, posso ser só eu, admito, mas a mim soou a um sacudir a água de cima do capote de forma demasiado apressada.

 

27
Nov23

Dos filmes que vejo - The Killer, de David Fincher

BURRO VELHO

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A fasquia das minhas expetativas estava demasiado elevada e quando é assim o risco de nos dececionarmos aumenta proporcionalmente, e reconhecendo que The Killer é um bom filme, com um ritmo, tensão e cuidado visual que nos prendem do princípio ao fim, admito que sendo um filme de David Fincher, protagonizado por Michael Fassbender e Tilda Swinton, soube a pouco, faltou-me alguma credibilidade no argumento e faltou-me sobretudo fôlego, este filme tinha de me arrancar da cadeira e roubar o ar e nem cócegas me fez. 

 

25
Nov23

Da atualidade política - a deserção ou o deserto no PSD

BURRO VELHO

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Algo que sempre valorizámos nas nossas democracias ocidentais foi a alternância entre dois blocos políticos, assentes em ideias humanistas e democráticas, longe de extremismos e capazes de atrair elites de vários quadrantes, que é mais ou menos o mesmo que dizer que cá pelo burgo termos o PS e o PSD como partidos fortes e consolidados era bastante positivo para o nosso regime político, coadjuvados por alguns partidos mais pequenos que enriqueciam o debate e as lutas políticas.

Esse conceito dos grandes blocos políticos já era, vai sendo estilhaçado cada vez que um país europeu é chamado às urnas, e sabemos quem é que invariavelmente se abeira do poder, os Milei, Geert Wilders e amigos que tais que por estes dias se reuniram alegremente em Lisboa.

Vamos reconhecendo todos em surdina que hoje em dia só os malucos, desesperados ou incompetentes se prestam ao frete de estar na política, quem é que na sua vida organizada se quer sujeitar ao escrutínio e ao vilipêndio a troco de uma remuneração tão pouco atrativa, mas admitindo isso é aflitivo ver a estatura dos políticos que querem estar no protagonismo da ribalta.

Se há dias citei um artigo da Clara Ferreira Alves sobre a supremacia moral do PS (ler com a devida dose de ironia, ok?), hoje reflito sobre a deserção (ou será antes o deserto?) no PSD - o que resta da família laranja vai hoje reunir para rever os estatutos e catapultar o seu líder para uma onda vencedora, mas quando vemos que o PSD quer que entreguemos o nosso voto de confiança ao líder candidato a PM e às hostes que o acompanham, quando olhamos para Montenegro do orçamento pipi, Balseiro Lopes, Miranda Sarmento, Leitão Amaro, os Hugos Soares e Carneiro, a eterna promessa jotista Pedro Duarte ou outros que não fixamos sequer o nome, só nos apetece pôr as mãos na cabeça e censurar aqueles que tática e levianamente vão ter falta por comparência, isto no pressuposto que ainda existe uma família social democrata em Portugal que canta entusiasticamente o hino escrito por Paulo de Carvalho, Paz, Pão, Povo e Liberdade, todos juntos no caminho da verdade.

É de chorar a rir pensar que este PSD não vai conseguir agarrar a sua oportunidade, chorar a rir ou apenas chorar sem rir, mas se queremos os melhores quadros a governar o país, talvez então seja um bom princípio deixarmos de dizer coletivamente que os políticos são todos uns corruptos (sabemos que o atual contexto em nada o ajuda) e defendermos que recebam melhores salários, talvez isso possa ser um pequeno incentivo a que haja mais gente a dizer 'estou presente'.

 

23
Nov23

Dos filmes de que eu gosto - Céu em Chamas, de Christian Petzold

BURRO VELHO

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Não farão por mal, nasceram assim e têm dificuldade em fazer melhor, mas há pessoas amargas que estão sempre de sobrolho levantado e que só sabem lamentar-se para sugar a energia dos outros, que nunca conseguem desfrutar um momento por terem um nariz tão empinado, será que algum dia conseguirão perceber que não vale a pena ser assim?

O filme passa-se no norte da Alemanha junto à costa do mar Báltico, numa zona florestal que está a ser assolada por incêndios, facto que dá o título ao filme, CÉU EM CHAMAS (Roten Himmel, no original), e começando pelo que menos gostei, claramente Christian Petzold desconhece a ameaça de um incêndio florestal descontrolado, não sabe que o ar é quase irrespirável, que o fumo quase sufoca, que o perigo entranha-se na pele e não dá tréguas, e esse espectro ameaçador dos fogos é altamente inverosímil no filme (o que até se compreende porque grandes fogos florestais na Alemanha são um fenómeno raro), e não senti só falta desse sobressalto, senti falta de mais alguma inquietação nas personagens, mais sangue na guelra, mas não nos podemos esquecer que aqueles jovens não são do sul da europa mas sim de uma contida alemã protestante.

Neste filme plácido e bucólico, Leon é um filho típico dessa cultura protestante, para quem o dever e o trabalho estão sempre em primeiro lugar, para quem a culpa é sempre um fardo pesado que tem de carregar, para quem a ética e o carácter são pontos de honra e a inveja de quem vive de forma mais lúdica e despreocupada acaba por ser inevitável, e quando Leon está de férias com três outros jovens, leves e frescos, não consegue controlar os seus ciúmes e frustrações, sofrendo por desperdiçar todos os momentos em que os outros tentam resgatá-lo para um sorriso, entrando numa espiral quase destrutiva, da arrogância à amargura, da amargura ao isolamento, do isolamento à solidão, e por aí fora sempre em declínio.

Tal como habitual nos seus filmes, Petzold oferece-nos um twist dramático e inesperado no final, dando a possibilidade ao espetador de escolher, sem juízos ou moralismos, se essa pessoa encontra a redenção ou persegue no caminho da sobranceria e solidão.

Se Thomas Schubert é excelente com o seu Leon, Paula Beer (sempre presente nos filmes de Petzold) rouba todas as cenas com uma presença absolutamente solar. Bom filme este CÉU EM CHAMAS, vencedor do grande prémio do júri do festival de Berlim de 2023.

 

23
Nov23

Dos meus livros - Memória de Rapariga, de Annie Ernaux

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Annie Ernaux escreve histórias assumidamente sobre si própria e foi adiando o regresso à jovem e inocente rapariga que no verão de 1958 quis viver os seus sonhos de forma desfrenada e às cicatrizes que lhe deixou marcas nos dois anos seguintes, que terá deixado toda uma vida, e só agora (em 2014), ao fim de 56 anos, teve capacidade para recordar e conseguir superar o que havia dentro de si para superar.

Ultimamente tenho regressado livro sim livro não a Ernaux, quase que tenho feito um pingue pongue entre Ernaux e Barnes e sinto agora necessidade de lhes fazer uma pausa e ler outras coisas, mas Memória de Rapariga é Ernaux como só assim Ernaux saber ser, corajosa, empoderada e torrencial na forma despudorada como alterna a sensibilidade com a aspereza duma faca afiada.

 

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