Da atualidade política - Marta Temido
Marta Temido saiu de cena por cansaço, por ser vulnerável, por estar frágil, mas isso não a enfraqueceu, pelo contrário, tornou-a mais forte, mostrou que não é imune ao que a rodeia e que não está agarrada ao poder, qualidades importantes num político.
Os defeitos que lhe apontam são quase unânimes, que tem mau feito e que se pode exaltar com facilidade, a própria o assume (mas será esse um defeito de lesa majestade para um dirigente político?), que titubeou e tomou muitas decisões erradas no vaivém do Covid (fecha numa semana, abre na seguinte, houve muitas de facto que nos deixavam perplexos) e que a sua ortodoxia ideológica a impediu de tomar decisões que urgiam por imperativo nacional (veio agora a saber-se que no recato trabalhou intensamente com os Privados para tentar encontrar as soluções possíveis) – afinal os putativos defeitos não parecem assim uns defeitos tão mauzinhos, sobretudo para quem esteve no lugar provavelmente mais difícil da política portuguesa desde o 25 de Abril.
A entrevista que deu recentemente à SIC pode parecer cínica para uns mas parece-me que foi um tiro certeiro, afastada de Costa (começa a ser cadastro e não curriculum) mas sem aparente necessidade de lhe dar (ainda) umas boas alfinetadas, mostrou ter algum pensamento político (sabendo eu ainda muito pouco daquilo que pensa e acredita para além da Saúde) e, sem se pôr em bicos de pés, também não se refugiou no papel do ‘nem que Cristo desça à terra’ – parece fadada a não ter de esperar muito tempo para regressar à ribalta, e claramente que a concelhia do PS em Lisboa será um bom trampolim para a Câmara.
Com um Moedas desafinado não digo que não tenha o meu voto, se um destes sábados de manhã a voltar a ver no Mercado sou bem capaz de lho dizer.