Tá tudo doido - Friends
Numa entrevista recente à Vanity Fair, Jennifer Aniston, uma das protagonistas de Friends, lamentou que a série não envelheceu muito bem porque hoje em dia muitos jovens da nova geração veem os episódios e acham que são ofensivos.
Diz Aniston, um tanto ou quanto envergonhadamente, que faziam piadas excessivas sobre homofobia e gordurofobia (fatphobic), e não se preocupavam com a gender diversity, não havia nenhuma personagem negra, que hoje seria um pecado capital, mas que os valores da sociedade de então o permitiam - pensava eu que Aniston estava quase a pedir desculpa por ter feito o mundo inteiro rir com as piadas de Friends, mas, com uma ligeira reviravolta, salva a entrevista terminando a dizer que o mundo tem de saber rir-se de si próprio, que precisa de piadas, de humor e de brincar com o ridículo, everybody needs funny.
Toda esta paranoia do politicamente correto, do cancelamento da história e das vacas sagradas com que não se pode brincar (e eu não sou dos que acha que não há limites no humor), está a começar a criar uma geração vidrinho que não sabe o que é o sentido figurativo, não sabe o que é a ironia, não sabe o que é a ligeireza da piada, e isso é tão angustiante.
Não sei bem porquê, mas nunca vi um único episódio de Friends, ainda, mas penso que as criaturas mais novas cá de casa viram as 10 temporadas quase todas, ao ponto de termos ido em romaria ver o célebre apartamento dos ‘amigos’ – por estas bandas as piadas ainda são só piadas e ainda se gosta de piadas, tão bom.