Há filmes condenados a passar despercebidos, e há filmes perfeitos, para mim EMILY é as duas coisas.

Filme sobre a mais famosa das irmãs Bronté, a que escreveu o Monte dos Vendavais, passado no início do século XIX duma Inglaterra rural, patriarcal e muito religiosa.

Podia ser só um tradicional filme de época, que retrata as desventuras de famílias numerosas com paisagens verdejantes, roupas irrepreensíveis e banda sonora envolvente, e é tudo isso, mas é um filme onde para além da candura doce do my lóve, que dizem carinhosamente a toda a hora, mostra que numa família os laços de sangue não impedem a inveja e a crueldade, por mais fofinho que tudo possa parecer, mas ao mesmo tempo capaz de gerar grandes cumplicidades, é um filme sobre grandes tragédias e amores impossíveis, sobre a força castradora duma sociedade machista nas mulheres e nos homens que querem fugir à norma, tudo isto filmado num tom muito delicado e subtil, mas também com uns toques de suspense, tensão e sensualidade, é um filme transgressor e comovente.

Todos os atores são excelentes, mas destaca-se a Emily Emma Mackey - se em Sex Education era uma jovem atriz com muita pinta, aqui tornou-se uma jovem atriz consagrada e com muito carisma, vai longe.