De tesouros escondidos – Atelier Palmas Douradas
Para lá da Serra do Caldeirão - não mandam os que lá estão porque isso são os da Serra do Marão -, encontramos a muito bonita São Brás de Alportel, e dentro do também muito bonito espaço do Museu do Traje, encontramos uma verdadeira joia, o atelier Palmas Douradas.
Inspirada nos seus tempos de infância, onde a vida na serra algarvia era difícil, não havia conforto e os utensílios eram à base da empreita de palma, “coisa de pobre”, a artesã e proprietária do atelier veio dar nova vida ao que agora se chama arte – o entrançar tiras ripadas de folhas das palmeiras anãs algarvias – criando peças com um design super sofisticado e criativo.
Todo o trabalho, só com artigos naturais da serra algarvia, é feito pela artista, desde a apanha, o tratamento, o branqueamento (as folhas são lavadas apenas em água e sabão para ficar com a cor dourada ou com um banho de enxofre para ficarem branqueadas), a ripagem e o entrançado, e com imensa criatividade e arrojo faz peças que, não sendo baratas, são verdadeiras obras de arte, lindas de morrer - chapéus, candeeiros, cestos, flores, tapetes, quero tudo.
Já não bastasse eu estar a adorar tudo, conversava a artista com outro visitante também nascido na serra algarvia e comparavam como era a dureza nas casas das suas avós, onde estas peças que agora são produtos de luxo na altura eram sinal de pobreza, onde as casas já tinham casa de banho mas era só para inglês ver, ninguém as usava, e nisto concluem que são ambos da mesma idade, têm ambos 55, ao que a proprietária vira-se para mim e remata assim:
- você é mais novo, não assistiu a nada disto
- não sou assim tão mais novo
- o quê? 30?
Uau, embrulha, e como cantou a Mimicat ontem, Ai Coração.