Dos filmes que vejo - Barbie, de Greta Gerwig
Encontro vários méritos no filme, desde logo a criatividade do argumento, o abordar o lado do bem (entenda-se combater o machismo) e ter uma direção artística absolutamente notável, não falha um detalhe por mais ínfimo que seja naqueles cenários do mundo Barbie.
É de elogiar também algumas piadas carregadinhas de sátira e os momentos musicais muito bem conseguidos (sobretudo aquele encabeçado por Ryan Gosling). Por fim, temos Margot Robbie que sozinha vale mais de metade do filme – ainda não está no meu clube das favoritas mas é sem dúvida uma das estrelas mais cintilantes de Hollywood.
Todavia, aos meus olhos o filme torna-se aborrecido, aquela energia eletrizante e frenética do início tornou tudo muito maçador e repetitivo, uma grande seca mesmo.
Além disso, pessoalmente não aprecio filmes ou peças de teatro descaradamente ativistas, que é como quem diz, quando espetam no texto todas as mensagens que nos querem enfiar na cabeça, explicando-nos tudo muito bem tim por tim como se fossemos assim a puxar ao burrinho, e o filme usa e abusa deste discurso militante, sendo que durante quase todo o tempo nos transmitem a mensagem que o machismo tóxico deve ser substituído por um feminismo na mesma medida, ou seja, igualmente tóxico.
Ironia final, querendo o filme combater dois pilares da nossa sociedade, o consumo desenfreado e a sociedade patriarcal, sem qualquer pudor num dos muitos outfits a Barbie exibe uma mala da Chanel, marca que há muitos anos veste a Margot Robbie, mais um dos muitos paradoxos do filme.
Tudo somado, os méritos não compensam as fragilidades, algumas coisas interessantes mas no global fraquinho.