Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BURRO VELHO

BURRO VELHO

30
Dez23

Dos filmes que adoramos - Dias Perfeitos, de Wim Wenders

BURRO VELHO

Screenshot_20231229_113043_IMDb.jpg

 

DIAS PERFEITOS, de Wim Wenders e sério candidato à nomeação para o óscar de melhor filme estrangeiro pelo Japão, foi buscar o seu título à canção de Lou Reed e tenta mostrar-nos que a felicidade está nas coisas simples, que um homem a limpar sanitas e desprovido de todas as tecnologias que custam muito dinheiro pode encontrar mais facilmente a felicidade, e viver dias perfeitos, do que aquele milionário que é conduzido por chauffeur, que um homem que nos limpa as latrinas pode ser imensamente sábio, culto e apreciador de Patti Smith ou Nina Simone, que compensa ter um sorriso nos lábios.

A simplicidade e o despojamento deste filme são tão desconcertantes que no início nos pode deixar algo ambivalentes, consigo compreender quem acusa o filme de algum paternalismo ou pretensiosismo fake, mas PERFECT DAYS é um filme, pleno de gentileza e ingenuidade, quase poético, ou quase espiritual, um dos melhores filmes de 2023.

Sair do trabalho, enfrentar uma fila enorme, ao ar livre numa noite gelada, para comprar bilhetes, assistir a este filme numa sala velha e absolutamente lotada, é mais um exemplo de coisas simples que podem fazer um dia perfeito, saibamo-los viver.

 

29
Dez23

Das séries que eu vejo - The Gilded Age

BURRO VELHO

Screenshot_20231228_134928_IMDb.jpg

 

Ouro sobre azul para quem gosta de séries de época, sobre usos e costumes, mesmo que estes sejam de grande e aparente frivolidade, The Gilded Age, dos mesmos criadores de Downton Abbey, é de um refinamento absolutamente irrepreensível a todos os níveis, nomeadamente cenários, guarda-roupa e atores (permitam-me destacar a deliciosa Christine Baranski). 

Não há melhor do que isto para lavar o cérebro. Na HBO.

26
Dez23

Dos filmes que vejo - Um Amor na Escócia

BURRO VELHO

Screenshot_20231226_221022_IMDb.jpg

 

Um filme clássico com uma madura e tranquila história de amor, sem muitos estados de alma mas com muitas cumplicidades e subtilezas, um amor outonal numa ilha escocesa remota e igualmente outonal, realizado e interpretado pelo belga Bouli Laners e com a irlandesa Michelle Fairley, excelente atriz.

Belo bálsamo para ver nestas noites frias de inverno este ‘Um Amor na Escócia’. Na Filmin.

 

21
Dez23

Dos espetáculos de que gosto - Electra, de Carlos Avillez

BURRO VELHO

Screenshot_20231220_202551_Facebook.jpg

 

Muito boa esta ‘Electra’, peça escrita por Eugene O’Neill em 1930 a partir da tragédia grega ‘Oresteia’, a saga de Electra, Agamemnon e Clitemnestra na América do início do século XX numa família amaldiçoada pelo desejo, mentira e vingança, com o trabalho de excelência de Carla Maciel, Bárbara Branco e os demais atores, mas o que foi mesmo bonito, irrepetível, foi termos assistido à ultima atuação da última encenação em vida do mestre Carlos Avilez, que morreu de doença súbita há poucas semanas, poucos dias após a estreia de Electra, até sempre e obrigado mestre Avilez.

 

19
Dez23

Dos filmes que amamos - Maestro, de Bradley Cooper

BURRO VELHO

Screenshot_20231217_121603_Gallery.jpg

 

Ir ver um filme num cinema de rua, num sábado às 11 da manhã, numa sala a cheirar a alcatifas já com alguns aninhos, é não só um ato de amor ao cinema mas também de pertença a uma comunidade, e poder partilhar a energia de ver um filme que nos entusiasma no meio de uma plateia bem composta é algo que o conforto da nossa sala nunca nos devolverá, e quando o filme que ficamos a ver até à ultima letra do genérico final se chama MAESTRO, de Bradley Cooper, então é uma experiência irrepetível, que maravilha, que OBRAPRIMA.

É um clássico dos clássicos absolutamente instantâneo, a elegância, a contenção, o bom gosto, de mão dada com a exaltação e virtuosismo, cheio de momentos visualmente lindíssimos e com a música de Bernstein sempre a acompanhar-nos, dando-nos um Lenny genial, excessivo e cheio de falhas, mas que nunca falhou a ninguém, e uma Felícia que rouba o filme todo para si com a sua entrega ao amor, com a forma como vacila e como se apercebe que egoísta foi ela, por algures ter querido acreditar que podia ter sido diferente, numa história de amor passional e familiar muito comovente.

Se o filme tem imensos momentos intensos, extravagantes, com uma energia ribombante, por exemplo a cena em que Lenny conduz a orquestra no interior de uma igreja, é sobretudo um filme de silêncios e de olhares que no suspenso do vazio carregam todas as verdades e inverdades, todos os desconfortos, todas as formas de dar e receber amor, é um filme que nos conquista literalmente do primeiro ao último segundo pela sua elegância e exuberância, mas sobretudo por nos oferecer toda a  intimidade de quem viveu uma bonita e longa história de amor, um filme profundo cheio de sentimento.

Filme produzido por Martin Scorcese e Steven Spielberg (que dupla), vai passar quase ao lado da temporada dos prémios mas por mim limpava-os todos, e se Cooper é brilhante quer como realizador quer como ator, a Carey Mulligan é absolutamente cintilante, algures numa madrugada de fevereiro vou estar a torcer (em vão) por ela. Já agora, uma nota para Maya Hawke, filha de Ethan Hawke e Uma Thurman, que energia a desta jovem atriz, ansioso por ver muito mais dela.

Ainda nos cinemas, mas em breve na Netflix, para poder ver e rever muitas vezes, muitas mesmo.

 

18
Dez23

Dos espetáculos de que eu gosto - Bravo 2023

BURRO VELHO

Screenshot_20231217_121558_Gallery.jpg

 

Bravo 2023 é uma revista ‘fina’, do Teatro Praga, que passa em revista todo o ano de 2023 e não deixa para trás nada daquilo que caracteriza a Revista à Portuguesa, as canções, os corpos, a sátira, o protesto, a brejeirice, a piada fácil, a música, o momento sério, as mensagens que nos querem passar, e se durante as três horas de duração há um outro momento menos bem conseguido, e noutros não consegui perceber literalmente o que diziam (cuidado com o som e/ou dicção), tivemos imensos momentos hilários e certeiros, se ouvimos Marcelo dizer we are fado and we are very machistas, o sabão Bravo num país de tachos e paneleiros ou a Lisboa desertificada na Lisboa pimbalina, fomos às lágrimas de tanto rir com a rábula do rabo de peixona (a propósito da série Rabo de Peixe), tudo isto num texto mordaz que perpassa as desgraças do ano sempre com a ironia e o disparate próprios de uma Revista.

Bom espetáculo encenado pela companhia de teatro Praga, com um conjunto de bons e diversos atores como a excelente Cláudia Jardim, que nos fizeram rir, cantar e bater palmas, e que bom que foi poder bater muitas palmas à rainha da Revista à Portuguesa, Marina Mota – sempre adorei a Marina, a graça, o tempo da piada, a elegância na brejeirice, a voz com que canta maravilhosamente, a atriz muito para além de qualquer rótulo, uma rainha no Palco e que bom que foi ter-lhe batido muitas palmas.

Em cena do São Luiz.

 

17
Dez23

Das minhas músicas - A garota não

BURRO VELHO

 

Só descobri A garota não há meia dúzia de meses, no burburinho que causou com a sua participação na Festa do Avante, que pedra no charco, donde é que isto vem assim de repente sem se fazer avisar, a nossa cantora de intervenção com a doçura na voz e a força nas palavras, aqui com o brasileiro Luca Argel.

 

Pág. 1/3

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

Em destaque no SAPO Blogs
pub