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Regresso ao tema da forma apressada como o Presidente Marcelo lavou as suas mãos como Pôncio Pilatos no caso das gémeas luso-brasileiras: se eu acho que é motivo de destituição, sinceramente acho que (ainda) não, se eu acho que é grave, sim, muito, e no mínimo o Presidente deve ao país um pedido de desculpas.
Há claros indícios de que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa exerceu, ou deixou que se exercesse, a sua influência para beneficiar pessoas próximas do seu círculo familiar, situação se não irregular sem dúvida alguma altamente censurável, mas o pior será ainda a forma dissimulada como o Presidente tem vindo a reagir a todo este caso das gémeas.
Nas verdadeiras questões de Estado o Presidente ainda merece a minha confiança, mas em questões ‘menores’ há muito que me parece desadequado, a sua vontade de se sobrepor a tudo e a todos querendo estar sempre em todo o lado e comentar tudo o que mexe dá muitas vezes asneira, são muitos os episódios embaraçosos, mas malgrado nunca ter escapado ao epíteto de maquiavélico nos seus corredores pré-presidenciais, não me recordo de nenhuma situação em que lhe pudéssemos apontar uma falha de carácter, até agora, ao fazer-se de dissimulado e esquecido, ao ameaçar prontamente com tribunal a quem lhe apontasse o dedo, ao demarcar-se da sua família, ao esquecer-se dos pedidos do filho, da intervenção do médico, ao resguardar-se no silêncio, tudo isso deixa-o altamente fragilizado e alvo da chacota fácil, a partir de agora sempre que alguém suspeitar que alguém beneficiou de alguma cunha a piada vai ser imediata, olha aquele também falou com o Marcelo, ouvir-se-á.
Tratar o filho por Doutor Nuno Rebelo de Sousa não tem nada a ver com ser um beto de Cascais como tenho ouvido, tratar-se-ão por você por uma questão de educação e isso é respeitável, mas quando o Presidente trata o filho por Doutor está a querer cimentar a fronteira entre o Presidente e o cidadão Doutor, não é o filho, é o Doutor Nuno, um cidadão comum pelo qual o Presidente não tem qualquer responsabilidade - engana-se senhor Presidente, é facto que a família não foi eleita mas se o senhor Presidente não tem mão nela não pode assobiar para o lado, claro que tem a sua quota de responsabilidade, sobretudo quando sonega e esconde.
O mais caricatural é quando os jornalistas lhe perguntam se já tentou saber junto do filho o que realmente se passou, Marcelo responde que nada perguntou porque assume por princípio que nada irregular aconteceu e, sendo assim, o Ministério Público que faça o seu trabalho, a sério senhor Presidente? Sabem aqueles emojis dos três macacos sábios que não ouvem, não veem e não falam? O Presidente também não ouve, não vê e não fala, e quando ouve, vê e fala, ou apaga da memória ou apaga os registos, e assim está tudo bem. Mas alguém acreditará nisto?
PS: continuo expectante sobre mais esclarecimentos sobre o turbo processo de nacionalização no Consulado de São Paulo.