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BURRO VELHO

BURRO VELHO

28
Fev24

Da atualidade política - Pedro Passos Coelho e a imigração

BURRO VELHO

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Nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado, nós precisamos de ter também um país seguro” – esta frase foi dita por Pedro Passos Coelho e não há margem de dúvidas quanto à sua interpretação, Pedro Passos Coelho está a associar diretamente a imigração à violência, sinto vergonha e repúdio por um antigo primeiro-ministro, em quem eu votei e até admitia votar de novo, ter dito isto, perdoai-o Senhor!

Não são tanto as nossas experiências pessoais que importam, todos teremos testemunhado ou ouvido contar episódios de violência ou insegurança, alguns desses relatos envolverão certamente imigrantes, eu próprio, que vivo numa zona de Lisboa contígua a um bairro com muitos emigrantes, num dia a regressar a casa assisti a uma zaragata entre alguns imigrantes e assustei-me, ver uma pessoa com uma garrafa de vidro partida em punho assusta qualquer pessoa, eu próprio tive também duas imigrantes ilegais no prédio que me infernizaram a vida, mas estas situações pontuais não caracterizam um todo e tanto acontecem entre residentes locais como com imigrantes, na minha experiência pessoal posso também dizer que vivo quase paredes meias com milhares de imigrantes, que passam muito tempo na soleira das portas, se calhar por não terem uma casa confortável, que às vezes me fazem desviar do passeio para conseguir passar, e nunca senti qualquer ponta de insegurança, pessoas sempre respeitadoras.

Reconheço que Montenegro tem um discurso moderado com o qual me identifico, não devemos ter uma “política de portas escancaradas’ mas devemos sobretudo apostar em políticas de apoio e integração, não esquecendo as povoações mais rurais que se possam sentir mais intimidadas - precisamos de imigrantes, queremos imigrantes, nós portugueses há muito que somos imigrantes noutras terras, fomos emigrantes no passado e continuamos a sê-lo no presente, vejam os nossos jovens, queremos mesmo que eles sejam tratados nos seus países de destino como Pedro Passos Coelho trata os nossos imigrantes, chamando-os de criminosos e fazendo germinar o medo entre quem o ouve?

Além da criminalidade querem também associar a imigração à subsidiodependência? Não ignorando que os imigrantes são geradores líquidos de receita para os cofres do Estado, não estando isso em discussão, se se cortasse os subsídios que cada votante dos partidos anti-imigração recebe estaríamos certamente muito mais ricos.

Há linha vermelhas que uma vez passadas dificilmente se volta atrás, e Pedro Passos Coelho de facto perturbou-me com esta frase e com aquele que é o seu pensamento, se calhar agora menos filtrado pelas conveniências ou simplesmente mais estrategicamente a pensar no seu futuro, e perturba-me imenso imaginar o cenário em que a AD ganhe as eleições sem conseguir formar Governo, nem a esquerda de PNS, e venha este senhor juntar-se ao Chega, metade do caminho de aproximação já está feito, e isto dá-me medo, muito.

 

25
Fev24

Um ano de Burro Velho

BURRO VELHO

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O Burro Velho comemorou ontem 1 ano, 365 dias, 305 publicações.

O prazer da escrita, o treino, a disciplina, o experimentar, a partilha, a superação, o desafio, alguns dos motivos que me fizeram iniciar esta aventura e que os renovo em cada publicação, o Burro é algo que dá prazer, mas se o pensei primeiramente para mim, sinto também muito respeito e admiração por quem lê o Burro Velho, dizem as estatísticas que metade dos leitores lê uma publicação e não volta, mas metade é assídua, permanece, persiste, e por isso sou imensamente reconhecido a todos aqueles que constituem uma média diária de aproximadamente 500 leituras, sou-vos imensamente grato por isso.

Essas mesmas estatísticas, subavaliadas por não refletirem todas as pessoas com perfil de privacidade configurado nos seus PC, tablets ou telemóveis, dizem também que há uma distribuição muito equitativa por género e que os leitores têm quase todos mais de 40 anos, mais de metade tem mais de 60 anos, o que é natural, os blogues são coisas do passado, exigem tempo, vagar, paciência, mas foi uma opção consciente e propositada, na conceção do Burro Velho não quis uma página no Insta mas sim um blogue à antiga, daqueles que já não se usam, o sucesso do Burro não passava por ter muitos seguidores mas sim em perceber se o autor tinha algo a partilhar com a sua escrita e se alguém tinha interesse em perder alguns minutos do seu tempo para o ler, e não sendo os números nenhum barómetro, tendo eu sempre recusado qualquer estratégia de dinamização e promoção do blogue, zero, parece-me que o Burro foi um projeto bem sucedido, quer pelo prazer de quem o escreve quer pelo interesse na sua leitura que muitos têm demonstrado.

Fui vendo quais os assuntos que tendencialmente despertam mais atenção - filmes e cinema, o tema predileto do Burro, não o é certamente -, mas é sempre surpreendente observar a reação a uma determinada publicação, não é seguramente, a título de exemplo, por Anatomia de Uma Queda ser um filme melhor do que Os Excluídos que o primeiro teve quase 2 mil visualizações e o segundo se calhar não teve sequer 50, acho isto muito curioso. Tal como é muito curioso constatar que há posts que morrem no dia a seguir à sua publicação e outros que volvidos vários meses continuam a ter leituras, muito interessante.

E depois há os comentários e insultos, sobretudo estes, os insultos, dezenas, de caixão à cova, como ser-lhes indiferente, ignorando-os e rindo-me do nível de imbecilidade de alguns, mas ao ignorar estes acabo por impedir-me também de dialogar com aqueles com quem gostaria de argumentar ou simplesmente agradecer.

Completado um ano de existência, há que reconhecer que a disciplina de escrita e partilhas quase diárias tem sido algo muito absorvente, impedindo aqui o autor do Burro Velho de outras escritas e de outras leituras, por isso o Burro manter-se-á vivo mas doravante, provavelmente, menos assíduo do que tem sido.

Bem-haja a todos.

 

20
Fev24

Dos documentários que vejo - A Grande Noite da Pop

BURRO VELHO

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No natal de 1984 Bob Geldof juntou as estrelas inglesas e irlandesas da pop para cantarem Do They Know It’s Christmas Time a favor das crianças que morriam à fome na Etiópia, sendo que os norte-americanos não quiseram ficar atrás, e mesmo sem fazerem ideia que havia fome na Etiópia, reuniram-se para cantar We Are The Word, e com este documentário podemos testemunhar todo o processo desde o nascimento da ideia, passando pela composição do tema e logística, até à gravação, que pérola tão grande podermos ver o processo criativo de alguns génios da pop americana, quase todos os vivos naquela altura, sendo que numa sala cheia de egos vemos como alguns são empenhados e sérios e outros uns pândegos divertidos, como o cansaço algures durante a noite, e que longa noite, fez parecer a coisa parecia tremida, mas no fim a coisa aconteceu mesmo – Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Bruce Springsteen, Diana Ross, Tina Turner, Cyndi Lauper, Bob Dylan, Huey Lewis, Dionne Warwick, Willie Nelson, Bette Midler (que só cantou os coros), Kim Karnes, Kenny Rogers, Ray Charles, Al Jarreau, Billy Joel, Paul Simon e outros mais sob a batuta do produtor Quincy Jones, estão a brincar?

The Greatest Night In Pop, na Netflix.

 

18
Fev24

Dos filmes de que gostamos - Os Excluídos

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OS EXCLUÍDOS, de Alexander Payne, é o clássico filme de professores e alunos com um mega boost de fofura e inspiração, que é como quem diz, é daqueles filmes que é uma delícia de ver, com três atores também eles inspiradíssimos, o gigante Paul Giamatti (co-favorito na corrida aos oscars com Cillian Murphy), Da’Vine Joy Randolph (grande favorita para atriz secundária) e o estreante Dominic Sessa.

Uma curiosidade que não deixa de ser sintomática daquilo que são as realidades europeia e americana, se a generalidade de nós, europeus, verá – creio – The Holdovers como um filme de adolescentes, ou sobre a adolescência, nos EUA o filme foi classificado como Restricted, só para adultos! What?

 

15
Fev24

Dos filmes que adoramos - Anatomia de Uma Queda

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Anatomie d'une Chute, realizado pela francesa Justine Triet, já consagrado em Cannes e com a aura de grande filme atrás de si, é de facto um filme enorme (só peca por ser algo arrastado no início), um misto de filme de tribunal e sobretudo de melodrama de casal, onde nunca nada é linear, onde nunca nada é o que parece à primeira vista, onde o ser humano é sempre muito complexo.

Neste ano de excelentes filmes nomeados aos Óscares, o meu coração está definitivamente com Maestro, Vidas Passadas e A Zona de Interesse, mas, sendo certo que estes estão fora da corrida, o que eu saltaria de alegria se pudéssemos ter um vencedor supresa com a vitória deste Anatomia de Uma Queda, nomeado para as cinco principais categorias (filme, realização, atriz principal, argumento original e montagem), e eu até acho Oppenheimer um bom filme.

Quanto às atrizes, se a minha escolha seria Carey Mulligan, se Annete Bening é uma das minhas atrizes de eleição e nunca foi premiada, se Lily Gladstone é absolutamente assombrosa, se não consigo imaginar que Emma Stone possa perder em qualquer circunstância, para mim a alemã Sandra Huller - igualmente prodigiosa em A Zona de Interesse a falar alemão, enquanto que aqui fala em inglês e francês - seria a justa vencedora.

 

 

08
Fev24

Dos meus livros - Estilhaços, de Bret Easton Ellis

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Um livro sobre adolescentes milionários em Los Angeles tinha tudo para correr mal, uma espécie de Beverly Hills, 90210 dos livros, mas ESTILHAÇOS, uma ficção pseudo-autobiográfica de Bret Easton Ellis, autor mais ou menos consagrado de Hollywood, é uma belíssima surpresa, se por um lado é jovem, fresco e sofisticado, por outro é cru, sombrio, tóxico e paranoico, lendo-se as 600 e tal páginas de forma desarvorada e no fim continuamos zonzos por mais algum tempo.

 

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