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BURRO VELHO

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26
Jul24

Tempo de férias

BURRO VELHO

O Burro vai de férias, não vai saber do mundo, não vai ver nem notícias, nem filmes, nem séries, é tempo do Burro deixar o tempo passar sem nada fazer, é tempo de sol e calor, de mergulhos e olhar para as estrelas, é tempo de músicas e leituras, de bailaricos e jantaradas, de mojitos e vinho branco bem fresquinho, de amigos e família, é tempo de paz, esse é o meu tempo agora, e antes de ir deixo-vos com Céline Dion a cantar Piaf nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, mon Dieu de la France, absolument extraordinaire – parabéns aos vencedores e boas férias para quem me acompanha.

 

25
Jul24

Dos meus livros - O Perfume das Flores à Noite, de Leïla Slimani

BURRO VELHO

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Não partilho da opinião daqueles que consideram ‘O Perfume das Flores à Noite’ o melhor livro da franco-marroquina Leïla Slimani, a densidade e o arrebatamento das suas personagens nos seus três romances anteriores – O Jardim do Ogre; Canção Doce; O País dos Outros – não pode ser igual num livro de ensaio, mas neste exercício introspetivo sobre a solidão exigida para a arte de escrever, Slimani envolve-nos numa teia de memórias e evoca várias preocupações que a assaltam, a infância e adolescência, o pai, sempre o pai, o exílio, a orfandade de quem deixou o seu país de origem e nunca se integrou naquele que a acolheu, o próprio perfume das flores à noite, não se tratando tanto de um ensaio pesado sobre literatura, mas sobretudo um pulsar dos afetos da autora.

Lê-se de uma penada de tão fácil e imersiva que é esta escrita, mesmo que carregada de frases às quais apetece voltar várias vezes para as dissecarmos lentamente, como “a primeira regra quando se quer escrever um romance é dizer não”’ ou “o que não dizemos pertence-nos para sempre”.

 

22
Jul24

Da falta de civismo - os cartazes políticos das eleições

BURRO VELHO

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As eleições europeias foram a 9 de junho, há mês e meio, mais coisa menos coisa, e continuamos com o espaço público cheio de poluição visual, é Bogalho para ali, Temido para acolá, alguns deles até com os dentes já cariados à boa maneira portuguesa, mas há uma coisa que eu não percebo, já que entre os responsáveis dos partidos políticos não existe um nível mínimo de civismo e urbanidade, porque é que a Comissão Nacional de Eleições não os obriga a cumprir as regras e respeitar o cidadão? Porque é que os partidos não são severamente punidos quando não recolhem o lixo eleitoral que produzem, incluindo os que estão em outdoors publicitários? Porque é que não são devidamente multados ou porque é que não lhes são retidas as subvenções enquanto não aprendem a ser gente bem-educada?

 

19
Jul24

Dos filmes que adoramos - Memory, de Michel Franco

BURRO VELHO

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Duas pessoas com vidas desfeitas que se cruzam, uma que se quer esquecer do passado, a outra que se esquece do que aconteceu segundos antes, o trauma e a doença, é tramado, duas pessoas que não desistem e tentam lidar com a sua memória, a memória das vidas desencontradas que por vezes se cruzam e fazem nascer qualquer coisa, um amor para a vida inteira, ou só um encontro, ou só um sorriso, ou só uma memória.

Quando o realizador Michel Franco perguntou a Jessica Chastain com quem queria contracenar, ela escolheu o sempre discreto Peter Sarsgaard, e os dois levam-nos - com um intimismo dilacerante e uma contenção insuperável, brilhantes - comovidos e esperançados a todo o lado, MEMORY é um filme lindo, na simplicidade das vidas de todos nós é um filme absolutamente extraordinário.

 

16
Jul24

Da (falta de) cultura na cidade de Lisboa - Adeus Politécnica

BURRO VELHO

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O Teatro da Politécnica foi nestes últimos 13 anos a casa emprestada dos Artistas Unidos, ali à entrada do jardim Botânico, na Rua que deu o nome ao Teatro, da Escola Politécnica, onde eu e tanta gente assistimos a dezenas de peças, sempre à pinha, quase sempre com o seu fundador Jorge Silva Melo por ali a verificar tudo, um sítio muito especial onde era oferecido à comunidade textos e encenações de excelência, aonde a cultura era acessível a módicos preços, diga-se.

Mas acabou-se, por ora, acreditemos, o que era doce, os Artistas Unidos foram hoje despejados pela proprietária do espaço, morte há muito anunciada, a Universidade de Lisboa, que quer ali instalar um museu, provavelmente alguma extensão do vizinho Museu de História Natural, desconheço – é questionável do ponto de vista da fruição pública o que será mais importante para a cidade, se um teatro com o calibre dos Artistas Unidos, ou se um museu, mas ainda vivemos num país em que a propriedade é privada e respeitada, e como tal assiste todo o direito à Universidade de Lisboa, e isso é absolutamente inquestionável.

Mas e o Senhor Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. Carlos Moedas? Hein? Em que é que ficamos, enchemos a boca para anunciar em grandes parangonas durante as eleições um teatro em cada bairro, o que muito louvamos, mas ao mesmo tempo abandonamos os Artistas Unidos?

Infelizmente, tal não nos surpreende, o Senhor Presidente passa tempo demais a pensar em soundbytes e pouco a viver a cultura da cidade, algo que devemos exigir ao edil da capital, note-se, senão saberia a importância do aqui está em jogo e há muito que já tinha diligenciado uma solução, e mesmo que um dia a promessa do edifício d’ A Capital venha a ser cumprida, assim esperemos, é preciso uma solução já, até porque se no final do ano a Companhia continuar sem uma casa perde automaticamente os apoios da DGArtes, o que seria?

Uma lástima Senhor Presidente Moedas, uma lástima!

 

11
Jul24

Dos meus livros - O chão dos pardais, de Dulce Maria Cardoso

BURRO VELHO

 

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Dulce Maria Cardoso é uma escritora fenomenal, dona de um estilo muito característico, o de quem escreve com a maior das simplicidades sobre histórias banais de pessoas normais, que sem gorduras e poucas descrições nos oferece uma profunda densidade das suas personagens e nos prende da primeira à última página, e, como tal, Dulce Maria Cardoso só sabe escrever bem ou muitíssimo bem, e não tendo o fôlego de Eliete ou de O Retorno – absolutamente extraordinários -, O Chão dos Pardais, mesmo com um final atamancado e correndo o risco de rapidamente nos esquecermos do mesmo, ainda assim é um livro que nos cativa e que se lê num ápice.

 

 

09
Jul24

Do teatro de que gosto - Um elétrico chamado desejo, pela Primeiros Sintomas

BURRO VELHO

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Quando há muitos anos visitei o Rio de Janeiro fiquei deslumbrado com os muitos teatros de vão de escada, em caves ou rés-de-chão de prédios anónimos, com meia dúzia de filas de cadeiras e sem lustres ou veludos encarnados, também por isso achei o Rio uma cidade viva, cosmopolita e culta, e Lisboa também o é, uma cidade viva, cosmopolita e culta, com alguns teatros de vão de escada, que é o mesmo que dizer com muitas companhias a trabalhar fora do circuito mainstream e das lindíssimas salas de espetáculos, por isso enfiar-me durante mais de três horas, numa sala de um rés-do-chão, sem ar condicionado, de um prédio escondido na Graça, para ver a companhia Primeiros Sintomas levar à cena, no Centro de Artes de Lisboa, a obra-prima de Tennessee Williams ‘Um elétrico chamado desejo’, com a maravilhosa Sandra Faleiro a fazer de Blanche Dubois, é sem dúvida das coisas que mais prazer me dá. Bravo!

 

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