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BURRO VELHO

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30
Out24

Dos meus livros - Less, de Andrew Sean Greer

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LESS, do escritor californiano Andrew Sean Greer, vencedor do Prémio Pullitzer em 2018, é um romance divertido ou satírico, como preferirem, escrito (muito bem escrito, diga-se) de forma leve e despretensiosa, sobre Arthur Less, um escritor falhado, sem dinheiro e prestes a fazer 50 anos, que, para fugir ao casamento do seu ex-namorado, resolve aceitar todo o tipo de convites para eventos literários e foge para o outro lado do mundo, é a história de um falhado, rodeado de egos gigantes, que parece não aceitar o seu envelhecimento mas que parodia com a sua vaidade e ansiedade da forma que só aqueles que se riem de si próprios sabem fazer, sem autocomiseração, um sedutor com graça.

Nesta história em que todos falham, sem vidas perfeitas, em que as pequenas desgraças se sucedem, em que as personagens têm medo de chegar aos 50 e convencem-se que têm de desistir do amor e começar a engordar convictamente, há espaço para a ingenuidade de quem afinal nunca deixou de acreditar no amor e na felicidade, há espaço para aqueles que abandonam grandes feitos e resgatam para si a alegria que os derrotados aprendem a reconhecer nas pequenas coisas, na monotonia das pequenas mundanidades e no conforto de termos alguém à nossa espera, encantadora esta sabedoria dos 50 anos.

 

28
Out24

Dos espetáculos de que gosto - Supernova / The Look

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Um bailado por dia, não sabe o bem que lhe fazia.

Ok, há um exagero nesta frase só para preservar a rima, mas vermos corpos a dançar, levados pela coreografia, pela música, pelas luzes, não precisarmos sequer de um texto para apreciarmos e sentirmos simplesmente prazer com o movimento, com as linhas, a conjugação de uma expressão visceral ou sensível com uma técnica exímia – sim, não suporto matacões a dançar, num palco, entenda-se -, ver um espetáculo de dança, seja contemporânea, um ballet clássico ou folclore, é das coisas que mais prazer me dá.

A Companhia Nacional de Bailado regressou a sua casa ao fim de largos meses fechada para obras ao abrigo do PRR, o Teatro Camões, na Expo, e estreou duas peças novas no seu repertório, Supernova, da dupla de coreógrafos Iratxe Ansa (espanhola) e Igor Bacovitch (italiano), e The Look, da israelita Sharon Eyal, não sei de qual gostei mais, adorei profundamente ambas as peças, vibrantes, intensas.

E que excelente corpo de baile, a brilhante técnica que está lá mas que não se mostra escancarada na cara do bailarino que a executa, tudo parece fluído e natural, notáveis, tendo de destacar o bailarino Miguel Ramalho, um dos bailarinos principais, e para mim o melhor, da CNB, sempre arrebatador.

Muito feliz este regresso ao Teatro Camões.

 

24
Out24

Dos filmes que vejo - The Apprentice, A História de Trump, de Ali Abbasi

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The Apprentice – A História de Trump, do iraniano Ali Abbasi, é um bem intencionado filme estreado a tempo das eleições norte-americanas, recordando a quem queira ter dúvidas como é que um escroque presidencial era enquanto jovem à procura do sucesso, um corrupto sem escrúpulos, caloteiro, misógino violador dono de uma vaidade insana, já então defensor de duas velhas máximas, nunca admitir uma derrota e repetir uma mentira as vezes necessárias para parecer uma verdade, e nesse aspeto o filme cumpre, são duas horas sem rasgo de bom entretenimento que nos aumenta ainda mais a repulsa e o medo que já sentimos por este homem, Donald Trump.

Além da fotografia da Nova Iorque decadente dos 70 e 80, destacam-se duas interpretações, a de Sebastian Stan que mimetiza na perfeição todos os tiques, trejeitos e entoações de Trump (nunca antes tinha visto este Sebastian Stan, um dos atores mais badalados do momento), e, sobretudo, a de Jeremy Strong, com uma nomeação muito bem encaminhada para o óscar de melhor ator secundário, como um padrinho maléfico que catapultou Trump para o mundo dos negócios.

 

23
Out24

Da atualidade política - as aulas de cidadania e o PSD medieval

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Nas aulas obrigatórias da disciplina de Cidadania, do quinto ao nono ano, devem ser abordados temas como direitos humanos, civismo, multiculturalidade ou sustentabilidade, não contestando eu que haja margem de melhoria na forma como estes conteúdos são estruturados e transmitidos aos alunos, nem ignorando tão pouco que os alunos se estão a marimbar para a disciplina, um desperdício de tempo, pensarão, até aqui tudo bem, a porca começa a torcer o rabo quando começamos a entrar nos caminhos da saúde, não tanto quando aborda coisas como a alimentação ou as drogas, mas sim quando a escola quer impingir uma cartilha sobre a sexualidade, o escândalo é quando um qualquer professor vem doutrinar as minhas crianças sobre a diversidade sexual, a identidade de género, a contraceção ou a gravidez na adolescência, ou até mesmo sobre o afeto e respeito na sexualidade, aqui d’el Rey que as minhas crianças vão ser contaminadas por uma qualquer doença libertária.

Mas fiquemos descansados, temos Montenegro, o salvador que nos vai libertar das amarras ideológicas (ler com uma entoação carregada e bem dramática, amaaaarras ideolóoooogicas), salvé o nosso líder.

Não vou dissertar aqui sobre a bondade desta disciplina, essa discussão já foi feita há muito e em vários países da europa, o próprio Tribunal Europeu dos Direitos Humanos já foi claro sobre isso, uma criança não pode ser privada da sensibilização e do acesso ao conhecimento destas matérias só porque os pais em casa não querem, não conseguem ou não sabem falar sobre estas coisas, tão pouco me quero alongar sobre a cabeça destes pais que acham que os seus filhos cairão irremediavelmente em pecado só porque ouviram na escola que aceitar a diversidade é fixe, isto é tão idade média, ainda menos me interessa o facto de que Montenegro continua a querer impressionar o seu eleitorado com o anúncio repetido de novidades já velhas e que ainda não saíram do papel, o que me preocupa verdadeiramente aqui são os Aplausos!

Fazendo fé nos jornalistas que fizeram a cobertura do congresso do PSD do último fim de semana, foi a libertação ideológica das aulas de Cidadania que mais galvanizou os militantes, qual aplauso entusiasmado, e isto é algo que me aflige, não tanto o oportunismo ou a forma vaga como foi feito o anúncio, não tanto a importância relativa que este assunto deve merecer nas principais prioridades para a escola e para o país, não tanto se Montenegro acredita no seu íntimo nas coisas que diz, mas o facto de que Montenegro pensa que, para conquistar os seus militantes e ganhar votos à direita, tem de impedir que as escolas discutam a importância do reconhecimento à diversidade sexual, pondo as nossas famílias em perigo, perdoem-me, mesmo que em substância tudo isto seja lana-caprima, há que dizer, isto não é ser conservador, isto é ser perigosamente bacoco e abrir portas ao retrocesso civilizacional, se as bases e os líderes desta direita acham que ser de direita é ser puritano e preconceituoso, então esta direita está a reconhecer aquilo que a esquerda adora invocar para si, que defender uma sociedade desenvolvida e humanista é exclusivo da malta de esquerda, tão triste.

 

22
Out24

Dos espetáculos que vejo - Dear Evan Hansen

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Tinhas as expetativas em alta, convenci-me que nada podia falhar neste DEAR EVAN HANSEN, a adaptação portuguesa em cena no Maria Matos, um muito premiado musical da Broadway, daqueles inspiracionais com músicas catitas, da malta que compôs o La La Land, e que no final nos deixa com um sorriso nos lábios, com o bónus de ter a Gabriela Barros no elenco de quem eu tanto gosto, pois bem, um verdadeiro fiasco.

Torci logo o nariz na primeiríssima cena, a forma frenética e apatetada como o protagonista teclava no computador, e esse foi o tom de todo o espetáculo, pateta e infantil, com os versos das canções carregadinhos de palavras que não encaixavam com a métrica das melodias, até eu ficava sem respirar ao tentar, sem sucesso, perceber o que os jovens atores estavam a cantar, um som péssimo, inaudível, sobretudo quando a banda em palco tocava ao mesmo tempo.

Não posso dizer que o elenco juvenil seja canastrão ou que desafine a cantar, mas não funciona de todo, sem qualquer carisma e incapazes de construir uma dinâmica de grupo que entusiasme, os (secundários) irmãos Zoe e Connor esforçam-se mas sozinhos não é suficiente, enquanto que os adultos da sala são um erro de casting, eufemisticamente falando, Gabriela Barros, filha, que fazes tu aí a desperdiçar tanto talento.

Salvou-se a temática, a solidão e o bullying, a depressão e o suicídio na adolescência, tudo o que nos ponha a falar uns com os outros sobre isto é positivo, mas quando pago um bilhete para ir ver um musical ao Maria Matos espero ir ver um espetáculo de primeira, o que me deram a ver foi uma festa de natal de um colégio mais investido, não foi bom.

 

21
Out24

Dos espetáculos de que gosto - Class Enemy

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Um cheiro opressor na sala, um cenário desarrumado, escuro, não se percebe bem o que é, uma cave esquecida de uma qualquer escola de um subúrbio complicado, seis garotos a dar pontapés numa bola, balázios com força que com sorte ainda te acertam em cheio, uma música estridente tocada ao vivo que te buzina ouvidos dentro, asneiredo, impropérios fortes que começam como reações aos xutos na bola mas que rapidamente se transformam na pouca linguagem que estes rapazes têm para se exprimir, uma linguagem violenta que por vezes é um dialeto difícil de acompanhar, lixo acumulado, cuspidelas para o chão, calças descaídas, coçadelas nos genitais, o ambiente é hostil, gera-te desconforto, não te deixa sentar refastelado na cadeira e prende-te à revolta destes seis miúdos em guerra, vítimas e agressores ao mesmo tempo, rejeitados pela escola que não sabe o que fazer com estes alunos problemáticos do nono ano, e esquecidos pela sociedade, alguns mesmos pela família, garotos que comem pão com alho porque simplesmente num dia bom só há alho para misturar com o pão, adolescentes revoltados que se esquecem que há um verbo gostar para pequenas coisas como cuidar de um vaso com uma planta, adolescentes que preferem ser esquecidos na cave de uma escola que os maltrata, do que ir para casa em que são maltratados pelos próprios pais quando estão estes em casa, que diacho de peça esta que nos confronta com a vida difícil destes miúdos que por vezes se cruzam connosco com poses provocadores numa qualquer esquina da cidade.

Quando um dos miúdos, o coxo, atribui as culpas da miséria que o rodeia aos imigrantes, pretos e ciganos, o grupo insurge-se contra ele - até porque um deles também é preto, o Pito – e enfiam-no num balde de lixo, quando estás na merda é fácil deixares que te enfiem mais na merda, e é notável a compaixão que aquele garoto racista gera em ti, ouvi-lo num pranto a queixar-se que nada tem, e se lá a casa nada chega é porque alguém lhes roubou aquilo a que tinham direito, afeto, calças de ganga, comida, dinheiro, salários, e se alguém lhes roubou os salários, dinheiro, comida e até umas calças de ganga, então só podem ter sido os imigrantes, os pretos e os ciganos.

Com encenação de Teresa Sobral a partir de uma peça inglesa escrita em 1978 por Nigel Williams, CLASS ENEMY é daquele teatro que perdura em ti depois de saires porta fora, é teatro que te faz sentir e pensar.

No São Luíz até dia 27 de outubro. Gostei mesmo muito.

 

PS: Faz mesmo sentido, ou é só politicamente correto, ter dois intérpretes de linguagem gestual escondidos num canto, como é que alguém consegue ter um campo visual que permita vê-los em simultâneo com o que se passa na boca de cena?

 

18
Out24

Das séries que eu vejo - Monsters, a história de Lyle e Erik Menendez

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‘Monsters – A história de Lyle e Erik Menendez’ é a nova série de Ryan Murphy, que em 9 episódios conta a história dos irmãos milionários de Beverly Hills que em 1989 assassinaram os pais a sangue-frio com requintes de malvadez, atingindo o seu ponto alto no episódio #4 onde mergulhamos até às entranhas na cabeça perturbada e doente daquele pai agressor e daqueles irmãos vítimas de um tremendo abuso psicológico e sexual, numa altura em que o abuso era relativizado de uma forma absolutamente inaceitável nos dias de hoje, a violência psicológica deste episódio faz-nos verdadeiramente contorcer no sofá e acreditar que este Monsters versão 2 nos vai levar às cordas mais vezes, na esteira de Monsters versão 1 em que os crimes de Dahmer nos deixavam altamente perturbados, mas desta feita assistimos mais a uma novela sem final feliz do que a uma história de true crime, pena, interessante mas soube manifestamente a pouco.

Na Netflix.

 

17
Out24

Dos filmes que vejo - Joker, Folie à Deux, de Todd Philips

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Adorei o primeiro Joker, adoro o Joaquin Phoenix que está fantástico, adoro a Lady Gaga que está igualmente fantástica, adoro musicais, até dos clássicos filmes de tribunais gosto muito, tinha tudo para dar certo, mas com exceção da estética visual e de alguns momentos musicais mais trágicos, ou pungentes, achei o filme um tédio, deveria ter nutrido desde logo grande empatia pelo Arthur Fleck solitário, triste, doente – ou só perverso? – e apaixonado, mas, pelo contrário, não consegui estabelecer qualquer ligação com as personagens, talvez tenha visto o filme no dia errado, não sei, mas não gostei muito.

 

 

16
Out24

Da atualidade política – o orçamento, Montenegro, Pedro Nuno e Alexandra Leitão

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Pedro Nuno Santos tem mostrado que é hábil em arranjar lenha para se queimar, teria sido tão muito mais simples se tivesse há muito anunciado que o PS viabilizaria o orçamento 2025 com uma abstenção, ou que, ao invés, o votaria contra, sem qualquer negociação, quanto a mim errou quando quis impor a marca socialista num Governo que não o seu, até porque lhe tem corrido tudo mal sempre que abre a boca e no final dificilmente sairá bem da fotografia.

Parece-me um pouco contranatura ver o Governo apresentar uma proposta irrecusável desvirtuando por completo o seu programa eleitoral, nessa perspetiva vejo mais as cedências do IRC e IRS Jovem como uma vitória de pirro de Pedro Nuno Santos do que uma boa saída para Montenegro, por muito que este quisesse descalçar a bota do IRS Jovem se não o deixam governar em conformidade com a espinha dorsal da sua estratégia económica devia ir a eleições, mas se Montenegro mais uma vez mostrou ser um taticista e não um primeiro-ministro com uma visão política para o país, o certo é que deixou o líder do PS numa posição incómoda, acredito mesmo que por esta é que Pedro Nuno não contava, quando queria empurrar o Governo para o Chega ficou com o menino nas mãos, apesar das intransponíveis linhas vermelhas como é que tem condições agora para rejeitar a proposta do orçamento e mergulhar o país noutra crise política, fazendo parar tudo durante mais uns meses.

Sinceramente acredito que Pedro Nuno Santos quer viabilizar a proposta, mas temos ainda no puzzle Alexandra Leitão, uma política a quem reconheço inteligência, preparação, coragem e um sentido humanista da sociedade, mas por vezes aqui e ali algo destemperada, e porque será que às vezes tenho a sensação de que, surpreendentemente, a oposição é mais feita por ela do que pelo próprio líder do PS?

Será que vamos ter o Não desejado pela líder parlamentar ou o Sim envergonhado de número 1 do PS? Saberemos nas cenas dos próximos capítulos.

 

15
Out24

Da nossa sociedade - imigrantes ricos e imigrantes pobres

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Ainda por ocasião da Festa do Cinema Francês, que eu muito aprecio e à qual procuro sempre assistir, dei por mim, na lotada sala de cinema São Jorge, no meio de uma esmagadora maioria de espetadores franceses, ou francófonos, uma elite que por algum motivo veio morar para Lisboa - muitos para gozar a sua reforma dourada à custa de borlas fiscais de que à época beneficiavam - e que trouxe os seus hábitos culturais, que tem os seus filhos no Liceu Francês ali nas Amoreiras, que arrebanhou todo o bairro de Campo de Ourique e começou a abrir os seus pequenos negócios carregadinhos de um charme burguês do mais bonito que há, comunidade essa que vive fechada no seu mundo privilegiado e que interage o mínimo possível com os locais, diz quem os conhece de perto que nem nos apreciam por aí além e que tão pouco gostam especialmente de Lisboa, dificilmente saem dos seus trilhos, ok, o ar da Caparica já lhes começa a ser respirável e depois há sempre umas vernissages, cocktails ou até mesmo uma Festa de cinema uma vez por ano.

Tirando o facto de em muito contribuem para encarecer estupidamente o custo de vida lisboeta, gosto de que todos os franceses queiram vir morar para Lisboa, tudo o que seja ar fresco é bom, o cosmopolitismo é um privilégio enorme das grandes cidades, ponto.

Também acredito que esse cosmopolitismo, ou multiculturalismo, se preferirem, tanto acontece num sentido mais ascendente, como descendente, sendo eu assaltado por esta reflexão, porque é que é comummente aceite por todos nós, que em relação aos imigrantes de outras paragens, que vieram para trabalhar e conseguirem dar uma vida melhor aos seus, podemos exigir-lhes que se adaptem ao nosso modo de viver, aos nossos valores, à nossa cultura, até à nossa língua, sendo que não temos o mesmo padrão de exigência com a comunidade francesa – dirão, ah mas os franceses são europeus como nós, não há diferenças (podemos sempre perguntar-lhes se nos veem de igual para igual, tenho cá as minhas dúvidas), talvez, mas palpita-me que o facto de serem brancos, bonitos, educados e ricos fá-los aos nossos olhos mais merecedores da nossa empatia do que outras comunidades mais pobres, acabrunhadas e com um tom de pele mais escuro. Mas não somos racistas, dizem.

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