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BURRO VELHO

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29
Nov24

Dos filmes de que eu gosto - Blitz, de Steve Mcqueen

BURRO VELHO

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Blitzkrieg é uma palavra alemã que significa guerra-relâmpago, origem do nome pelo qual é conhecido o período da história em que as cidades inglesas foram severamente bombardeadas pelas tropas nazis durante a segunda grande guerra, Blitz, que também dá nome ao título do novo filme de Steve Mcqueen.

Por aparecer em muitas listas de favoritos à nomeação de melhor filme para os Óscares, e, sobretudo, pela admiração que tenho pelo realizador (Fome, Vergonha, 12 anos de escravo, entre outros), tinha as expetativas muito em alta, e não posso de todo dizer que Blitz é um mau filme, nada disso, é um filme belíssimo, mas, admito, ficou muito aquém do que prometia, ou de que eu desejava.

No núcleo da história, uma mãe (Saoirse Ronan) tem de se afastar do seu filho de nove anos (Elliot Hefferman) quando as crianças londrinas são evacuadas à força para o campo, filho esse que ao fugir inicia uma aventura para conseguir regressar a casa da mãe e do avô, havendo depois vários temas satélite, a mãe solteira, o papel da mulher na guerra, sobretudo o racismo latente da sociedade londrina, quando estamos mais habituados ao retrato de uma sociedade progressista e multicultural aqui há racismo hostil, porque racismo há sempre, mas com uma riqueza tão grande de temas, no meio de uma reconstituição história admirável ficou tudo um bocadinho pela rama, em vez de levantar fervura ficou sempre em banho-maria.

Os atores são um deleite, mas com exceção da criança as personagens são sempre muito secundárias, o tímido Harris Dickinson (o par de Nicole Kidman no tão aguardado Babygirl) quase que não se vê, o onírico Benjamim Clementine que nos enche a alma mas desaparece logo a seguir, a própria Saoirse Ronan que encanta quando canta e dá mimo ao filho mas de quem ficamos a conhecer tão pouco.

A falta de verosimilhança nalgumas cenas é facilmente perdoada pelo tom quase poético que predomina no filme, mas no fim a profundidade e a energia visceral que Mcqueen nos costuma oferecer aqui dá lugar à ternura, Blitz é um filme muito bonito sobre a ternura, ideal, diria eu, para ver em família durante o Natal.

Na Apple TV+.

 

 

28
Nov24

Da atualidade - o ego de Boaventura Sousa Santos

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Talvez nunca tenha recuperado do trauma de, numa vida muito longínqua, ter sido obrigado a estudar textos do sociólogo Boaventura Sousa Santos, admito que por isso a minha embirração com o senhor seja pouco isenta, ainda assim foi com algum espanto que li os termos em que redigiu o comunicado em que apresenta a sua demissão do Centro de Estudos Sociais de Coimbra, no qual o “renomado investigador internacional” descansa o povo português porque a sua renúncia “não significa desistência, significa sim que se vai centrar noutras lutas bem mais importantes para a universidade, para a ciência e para o mundo”.

Independentemente das acusações de que é alvo, diz-nos a prudência e a Constituição que até condenação em sede própria o senhor investigador renomado internacionalmente é inocente, mas não há como não registar que o tamanho do ego do senhor investigador renomado internacionalmente é maior do que o mundo, e só por isso já não devia ter lugar de destaque nas Instituições portuguesas, por isso fez muito bem em demitir-se porque não vai deixar saudades.

 

26
Nov24

Dos filmes de que gosto - Conclave, de Edward Berger

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Depois do fabuloso ‘A Oeste Nada de Novo’, o suíço Edward Berger realizou agora CONCLAVE, sobre o processo cardinalício para eleição de um novo Papa, todo um mundo de rituais e secretismos em que os interesses e regalias da Cúria parecem sobrepor-se ao que deverá ser o melhor para os crentes na Igreja Católica, um filme austero e sóbrio, com excelentes diálogos a sustentar um thriller de intriga política com a dúvida da fé, CONCLAVE é um bom filme, não obstante alguns desvarios sem necessidade lá mais para o final, o twist dos últimos cinco minutos pareceu-me desnecessário e não se percebe o que acrescentou o espalhafato da cena do rebentamento da bomba.

O talento de Isabella Rossellini e Stanley Tucci merecem ser premiados, mas Adrien Brody em O Brutalista tem de ser mesmo de outro mundo para impedir que Ralph Fiennes arrecade o Óscar para si, que portento nas suas hesitações e conflitos íntimos.

A nomeação para melhor filme do ano também é quase certa, e não me choca se assim acontecer, mas sendo um bom filme não é um dos melhores filmes do ano, e ou muito me engano, ou além de Fiennes pouco ou nada deve ganhar na temporada de prémios que se avizinha.

 

 

25
Nov24

Das séries de que gosto - Becoming Lagerfeld

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Becoming Lagerfeld é uma minissérie francesa de seis episódios sobre a ascensão do alemão Karl Lagerfeld nos meandros da alta costura de Paris dos anos 70 e 80, enquanto vamos assistindo à construção da persona icónica que conhecemos de rabo de cavalo e óculos escuros cheia de maneirismos, que na sua rivalidade com Saint Laurent tem de superar o estigma dos donos da finesse e do bom gosto parisiense, vemos também como é que um homem poderoso com um ego do tamanho do mundo perante os holofotes é ao mesmo tempo absolutamente dependente e vulnerável de um amor que o maltrata.

Não é alta televisão, mas é puro entretenimento que sem se pôr nos píncaros nos sabe entreter neste mundo de aparente frivolidade, com o fausto, glamour e alguma coscuvilhice dos grandes costureiros.

Muito bem a dupla de protagonistas, Daniel Bruhl e Théodore Pellerin.

Na Disney+.

 

23
Nov24

Dos livros e das séries que amamos - A Amiga Genial

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Amizade, inveja, vingança, ambição, ciúmes, crime organizado, misoginia, luta de classes, encontramos tudo isto na obra-prima de Elena Ferrante, A Amiga Genial acompanha duas miúdas napolitanas ao longo de seis décadas, num autêntico fresco dos costumes e da política da sociedade italiana, o comunismo e o fascismo, o boom económico, a emancipação da mulher, o direito ao divórcio, a corrupção das instituições, a escola como única forma legítima de elevador social, no fundo a história de todo o Sul da Europa, tudo com uma subtileza intimista e uma força coletiva tão crua, potenciada pelo uso do dialeto napolitano, que não descansei até ter visitado Nápoles, para respirar um pouco o ar daquele caos e daquelas personagens, tendo o livro alcançado grande consagração a nível mundial, recentemente uma sondagem do New York Times considerou-o como o melhor livro (na verdade são quatro) do século XXI.

Estranhamente, muito estranhamente, a série homónima da HBO, com a própria Elena Ferrante a colaborar na adaptação do argumento, tem passado absolutamente despercebida, nada de prémios, artigos de opinião ou qualquer tipo de falatório, uma quase inexistência, mas agora que saiu o último episódio da quarta (e última) temporada, diz o New York Times que é uma das melhores séries dos últimos anos, a par de Breaking Bad, com o qual apenas concordo parcialmente, só porque não vi Breaking Bad.

À partida os fãs do livro não tinham muita fé que a série televisiva conseguisse captar todas as nuances intimistas dos livros, mas conseguiu-o na perfeição, a amizade incondicional de Lenu e de Lila conduz-nos por todos os podres que habitam dentro de nós, desde aqueles que vivem do pequeno crime para sobreviver no bairro pobre de Nápoles, até à elite intelectual de Florença ou Turim, devendo-se grande parte do êxito da série ao talento das dezenas e dezenas de atores e atrizes, desde logo com a predestinada Alba Rohrwacher, mas também ao cuidado absolutamente irrepreensível da direção artística, é um regalo permanente para os nossos olhos vermos a evolução da moda, dos penteados, as decorações das casas, os papeis de parede, os carros da Fiat e Lancia, os iogurtes e os sumos nas estantes dos supermercados, as músicas e as formas de dançar, tudo aquilo que vemos em cada cena de cada um dos episódios tornam A Amiga Genial uma série entusiasmante e imersiva.

Uma pessoa até pode sair do bairro onde nasceu, mas o bairro dificilmente sai de dentro de nós.

Bravíssimo!

 

15
Nov24

Das séries de que gosto - Disclaimer

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Disclaimer (the past always find you) é a série de quem toda a gente está a falar, minissérie de sete episódios realizada pelo oscarizado realizador mexicano Alfonso Cuarón.

Nem tudo o que parece é, e cada vez mais é fácil sermos precipitados nas nossas conclusões, sobretudo numa era em que a ficção cada vez mais se sobrepõe à realidade, sendo Cuarón mestre em nos envolver e contar a mesma história de várias maneiras diferentes, desvendando aos poucos o novelo da história, não se podendo desenvolver muito mais para evitar spoilers indesejados.

Desde que foi apresentada no Festival de Cinema de Veneza, Disclaimer tem vindo a ganhar um hype de série sensação, para alguns a melhor série do ano, para mim não chega a tanto, falta-lhe algum ritmo ou intensidade, mas pela mão dos melhores tem seguramente uma boa nota, nomeadamente os atores, a infalível Cate Blanchett, Kevin Kline que não via há tantos anos e está um velho de primeira, a britânica pouco aproveitada Lesley Manville ou o vulnerável Kodi Smit-McPhee (Sacha Baron Cohen, esse não convence).

Na Apple TV.

 

14
Nov24

Dos filmes de que gosto - Emilia Perez, de Jacques Audiard

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Pode não ser um grande filme dramático, mas é inquestionavelmente um filme grandioso. É também um grande musical, numa história falada em espanhol de crime e redenção com muita pancadaria pelo meio.

Jacques Audiard, o realizador e argumentista francês, costuma oferecer-nos filmes em que as personagens atingem maior profundidade dramática, por exemplo Dheepan ou Ferrugem e Osso, em Emilia Perez não há tempo suficiente para dar corpo às personagens, as peripécias de Manitas del Monte, o chefe de um cartel mexicano, e as exigências de um musical assim não permitiram, mas temos uma história contada com muita criatividade, com canções e coreografias muito bem conseguidas, em que um conjunto de mulheres consegue a proeza de converter uma temática de machos num filme feminino, aqui são as mulheres que imperam, nesta história de metamorfoses e transformações em que o bem vive de mão dada com o mal.

Cannes atribuiu, merecidamente e de forma inédita, o prémio de melhor interpretação feminina não a uma atriz, mas a três, Zoe Saldana, Karla Sofia Gascón e Selena Gomez, estas três são uma torrente de energia, sedução, ternura e vingança, juntas elas são o filme.

Muito me apraz ver o reconhecimento e a consagração unânime de Karla Sofia Gascón, fixem o nome, atriz trans num papelaço, mas parece-me que talvez seja um pouco excessivo a quase certa nomeação ao Óscar, das três quem se destaca na minha opinão é a subtil e versátil Zoe Saldana.

Emilia Perez não será dos meus filmes favoritos do ano, nem um grande filme dramático, mas é um grande filme, merece o sucesso.

 

13
Nov24

Das coisas da Política - chorar ou esquecer?

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Nos últimos dias tenho pensado em partilhar convosco alguns estados de alma sobre alguns factos políticos, sobre a desesperançada derrota de Kamala Harris e a forma como ilusoriamente acreditei que podia vencer, sobre como de repente passou a ser uma péssima candidata que fez uma campanha terrível, e de como afinal Trump nem é assim tão mau, se fosse os mercados não teriam disparado nem teria tido tantos eleitores a votar nele, porque a democracia exige que tenhamos de reconhecer que o eleitor médio dos EUA tem padrões de exigência elevados, eufemisticamente falando, que não são racistas, sexistas e pouco inteligentes, é inegável que os democratas esqueceram os metalúrgicos e é Elon Musk quem os vai proteger, ou a forma como Zelenski felicitou Trump pela sua impressionante vitória, ah pois pudera, o homem está a ver a coisa negra mas talvez fosse escusado tanta subserviência, de Netanyahu já nem falo, é mau demais, ou então poderia discorrer sobre o saco de pancada do autarca de Loures Ricardo Leão, esse fascista que quer pôr uma assistente social a verificar se a criancinha pode ou não comer na cantina da escola se os pais comerem croissants todos os dias na pastelaria da rua, e não pagarem 10€ por mês para a sopa na escola, repudiem já este senhor, vamos já levantar as barreiras da higienização social e demitir-nos sem demora dos lugares onde esse senhor também se senta, como Alexandra Leitão fez tão prontamente, ou gozar com ele nos programas de humor, sim porque o RAP que eu muito admiro percebe imenso do que se passa numa escola pública, ou então da pequena cretinice a que Costa não resistiu para tentar dar uma alfinetada ao seu delfim Pedro Nuno Santos, aguardemos para ver quais são as suas fronteiras com a extrema-direita quando se sentar à mesa com alguns senhores da Europa, Orban e Merloni à cabeça, ou então da ministra que não sabe dizer pão mas ao que parece não é burra nenhuma, ou então da outra ministra que verborreia e prepotência não lhe falta, mas ao que parece para além de fazer promessas, anunciar despedimentos e dizer que não mente, sabe fazer pouco, dessa mesma ministra que acha que é suficiente dizer aos portugueses que o Governo abriu concurso para 200 técnicos para o INEM quando sabe perfeitamente que naquelas condições ninguém no seu perfeito juízo vai concorrer, ou para o helitransporte com preços tais que se sabe de antemão que nenhum fornecedor vai apresentar proposta, essa senhora ministra que sabe muito mas acha que os portugueses pensam pouco, ou então do primeiro-ministro que tem mais do que fazer do que se preocupar se o INEM faz ou deixa de fazer greve às horas extraordinárias, ora essa, era o que faltava, não vá cair outro helicóptero ao rio e ele ter de ir a correr tirar umas fotos, de facto apetecia-me dizer algo sobre estas coisas, mas é tudo tão triste que não me apetece chafurdar mais na lama, mais vale falar de séries e filmes que nos fazem esquecer por um bocado tudo isto, e o que não falta aí são coisas que valem mesmo muito a pena ver.

 

11
Nov24

Dos filmes que amamos - A Vida Entre Nós, de Stéphane Brizé

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Assim que descobri quem eram os protagonistas do novo filme de Stéphane Brizé, consagrado realizador francês mais habituado a filmes de causas ditas sociais, soube logo que não podia perder este A Vida Entre Nós (Hors-Saison, no original) – o francês Guillaume Canet, que realizou um dos filmes da minha vida, e protagonizou outro, e a italiana Alba Rohrwacher, desde 2009 no topo das minhas atrizes favoritas, simplesmente maravilhosa em tudo o que faz.

A viver uma depressão e com uma crise existencial de meia-idade, o famoso ator cinquentenário Canet foge para uma pequena vila balnear na Bretanha, Quiberon, e por casualidade reencontra um velho amor, Rohrwacher, que abandonou 15 anos antes, e nesses 15 anos a vida continuou, as memórias apagaram-se, as feridas sararam, mas o desgosto de um grande amor deixa sempre uma cicatriz qualquer.

Hors-Saison é sobre as consequências das ações que tomamos ou deixamos de tomar, mas também daquelas que tomam por nós, é a história de um amor que não se vai mas que não encaixa na vida que avançou, vida que pode não ser perfeita em tudo mas da qual não podemos escapar, Hors-Saison é de uma tremenda melancolia romântica, sem possibilidade de um final feliz mas em que ambas as personagens aceitam a separação de forma mais redentora do que sofrida.

É um filme de silêncios, que observa, contempla, sorri, que respira devagar, ou muito me engano ou a maioria das pessoas deve achar que é aborrecido de morte, mas felizmente devo tê-lo visto no dia certo, para mim a melancolia de Hors-Saison é um dos melhores filmes do ano.

 

09
Nov24

Dos filmes que adoramos - Mais Do Que Nunca, de Emily Atef

BURRO VELHO

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Mais Do Que Nunca, Plus Que Jamais no original, filme da realizadora franco-iraniana nascida na Alemanha, Emily Atef, é um filme dolorosamente triste, não sendo de todo lamechas e poupando-nos à crueldade explícita da morte, sobre como a aceitar e saber viver os últimos dias que nos restam, a dor do doente que tem de enfrentar a compaixão de quem o rodeia, a necessidade que Hélène tem de partir sozinha para bem longe para se conectar à natureza e não ser apenas uma pessoa condenada, e o sofrimento de quem a ama e não sabe como lidar com isso, que se sente rejeitado e impossibilitado de poder ajudar, de dar a mão, de aproveitar todos os minutos que ainda lhes restam juntos, bem-aventurados aqueles que não se revoltam com o fim anunciado e concentram a sua energia em serem donos do seu próprio destino,  procurando uma espécie de libertação, vivendo.

Como é dito algures, os vivos nunca entendem os moribundos, duro, mas entre a força de quem parte e o amor de quem deixa partir, Mais Do Que Nunca é também de um romantismo trágico deveras comovente, Krieps e Ulliel ficarão para sempre na história do cinema.

Vicky Krieps, a fabulosa atriz luxemburguesa que brilhou ao lado de Daniel Day-Lewis na obra-prima que é Linha Fantasma, é absolutamente fulgurante e magnética nesta Hélène vulnerável e plena de determinação, de uma intimidade naturalista quase visceral, acompanhada por um memorável Gaspard Ulliel, e de facto o tom de Mais Do Que Nunca é de tragédia, quando vemos no final a personagem de Ulliel partir estamos a ver Ulliel despedir-se, ele sim, da vida, foi a última cena que filmou, Gaspard Ulliel morreu ainda antes do filme se estrear nas salas de cinema, num acidente de esqui com 37 anos, ironicamente trágico.

 

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