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BURRO VELHO

BURRO VELHO

27
Fev25

Da atualidade política - Senhor Primeiro-ministro, explica ou demite-se?

BURRO VELHO

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A resposta à pergunta que o Burro deixou aqui há tão poucos dias chegou mais rápido do que pude imaginar, o futuro já chegou ao presente e o peito inchado de quem achava que tudo podia impunemente já se estatelou ao comprido, o seu característico sorriso escarninho já deve ter percebido que a sua vida se complicou, e de que maneira.

O simples facto de ter querido vender a empresa à esposa, só por si, indiciou de imediato de que algo de grave se passava, mas se o Ministério Público não começou logo na altura a investigar, espero bem que não deixe de fazer o seu trabalho agora que o jornal Expresso noticiou a avença mensal que Montenegro recebe de uns empresários amigos.

Isto é grave? Isto é gravíssimo, aguardemos todas as explicações, mas há um nome que a todos nos sobressalta de imediato, Manuel Pinho.

Que explicação poderá ter Montenegro? É difícil imaginar alguma que seja satisfatória, todos os cenários parecem fatais, não vejo como é consegue salvar a face mesmo que revele agora os clientes e que cesse efetivamente a atividade da empresa.

É assumido que a minha opinião sobre Montenegro sempre foi muito desfavorável, sempre entendi que não cumpria os requisitos mínimos para a função que ocupa, aquela sua prestação no debate da moção de censura, apesar dos elogios de algumas vozes empenhadas, foi muito triste, aquele número sobre a sua vida privada só demonstrou a sua estatura ética e intelectual, aquela que o faz acreditar que somos um país de tolos, e desejavelmente ainda vai ser capaz de nos surpreender com uma explicação credível, talvez me engane, espero que me engane, mas o Primeiro já deixou de ter condições para governar, e como certamente não se vai demitir, vamos então ter uns meses bem animados pela frente.

Trágico.

 

27
Fev25

Dos filmes que adoramos - Nickel Boys, de Ramell Ross

BURRO VELHO

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Nickel Boys, primeira longa-metragem de Ramell Ross baseada no romance homónimo de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer, é o último dos nomeados a melhor filme a estrear em Portugal (apenas em streaming), bem a tempo da noite da cerimónia.

Na Flórida do início dos anos 60, ver a amizade crescer entre dois adolescentes afro-americanos num reformatório segregacionista, onde o expectável seria ver a raiva e a violência, é comovente, e Ramell Ross vai tecendo aos poucos uma trama em que vamos percebendo a injustiça e os horrores a que estes jovens estavam sujeitos, de mansinho e sem mostrar quase nada vamos desconfiando do mal absoluto que imperava naqueles anos, mas se eram tempos em que se assassinava nas ruas pessoas como Luther King ou Malcolm X, imagine-se as atrocidades escondidas nestes lugares de ninguém.

O rendilhado do argumento e da montagem é um primor, cena a cena vamos descobrindo a história e o filme, sendo o twist final isso mesmo, um final que nos apanha de surpresa, nesse final em que também nos chocamos com imagens reais a preto e branco, num retrato da América cruel e racista que se vangloriava da chegada à lua, uma América não muito distante daquela que hoje tanto nos assusta.

Chegou-se a pensar que Nickel Boys iria estar na linha da frente na temporada dos prémios, foram muitos os editores de publicações como o New York Times ou a New Yorker que o elegeram como o melhor filme do ano, mas Nickel Boys perdeu o momentum e arrecadou apenas duas nomeações, filme e argumento adaptado - não sendo impossível que venha a ganhar nesta última categoria -, mas nomeações para realização, atriz secundária (Aunjanue Ellis-Taylor é cintilante) e montagem também seriam muito bem entregues.

Nickel Boys é amizade, é dor, é poesia, e sim, é mesmo um dos filmes mais bonitos do ano.

Na Prime Video.

 

26
Fev25

Dos filmes de que gostamos - A Complete Unkown, de James Mangold

BURRO VELHO

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As reações a ‘A Complete Unkown’, o filme de James Mangold sobre os primeiros cinco anos artísticos de Bob Dylan, não têm cascado propriamente no filme, mas se muitos lhe dedicam rasgadíssimos elogios, muitos também o tratam com pouco mais do que indiferença, vê-se bem à laia de um concurso de talentos, dizem, uma espécie de Chuva de Estrelas apresentado por Catarina Furtado.

Pois bem, comecei mais alinhado com estes últimos, e progressivamente fui passando para o clube dos entusiastas do filme, A Complete Uknown pode não ser uma grande obra cinematográfica, pode não ser um filmaço, mas é um filme sobre a arte que me galvanizou por completo, quando o filme termina apetece-me seguir a mota de Dylan e ver muito mais do percurso que o prémio Nobel seguiu.

A arte é inspiração e trabalho, é emoção passada a alguém, e a par do talento e da criatividade, o principal motor da arte é a verdade do artista, se soar a fake não presta, e James Mangold mostra-nos um Dylan fiel a si mesmo, um Dylan pouco gostável e a marimbar-se para todos, até um sacanazinho egoísta, um Dylan no início pouco investido na política e no mundo que o rodeia, apenas investido na música que quer fazer, mesmo que pelo caminho vá perdendo alguns. Quando lhe acrescenta poesia e consciência política, então o artista catapulta-se para outra dimensão.

Timothée Chalamet é fulgurante no carisma Dylaniano que carrega, o homem esteve cinco anos a preparar-se para este filme, podem dizer à vontade que é apenas uma imitação, digam o que disserem, Chalamet incarna a personagem na perfeição, passamos mais de metade do filme a pensar, ok, és um gajo fatela mas eu gosto de ti na mesma como artista, este amor-repulsa que Chalamet provoca não é coisa pouca, é coisa muita – Thimothée Chalamet é o mais jovem ator desde James Dean a receber a segunda nomeação ao Óscar, ter vencido nos Screen Actor Guild Awards veio-lhe dar algumas esperanças, mas, sinceramente, por mais fenomenal que seja esta performance, não estarei a torcer por si na cerimónia dos Óscares.

Monica Barbaro, até agora desconhecida para mim, foi também nomeada para melhor atriz secundária no seu papel de Joan Baez, outra artista enorme totalmente comprometida na sua arte, e não fora Isabella Rossellini e estaria intrepidamente a torcer por si, absolutamente magnética e importantíssima no que foi Dylan nos seus primeiros anos, tu tens a tua arte, eu tenho a minha, mas aqueles momentos partilhados são de uma cumplicidade artística muito comovente.

E se Dylan ofereceu a sua música icónica Blowing With The Wind a Baez, na capa desse disco quem aparece é Suze Rotolo, ou melhor, Sylvie, a única personagem que tem o seu nome modificado no filme, talvez por ser a única que já morreu, talvez pelo apreço que Dylan tem por aquela que ficou conhecida como a sua namorada, com um papel breve mas incontornável no filme, e na vida talvez, a doçura e a consciência política, com uma interpretação longe dos prémios mas igualmente fortíssima de Elle Fanning.

Edward Norton, também ele nomeado, um cantor Folk muito respeitado no círculo do Gaslight Café e a quem Dylan no filme vira as costas, esquecendo o Folk e indo atrás das guitarras elétricas, terá sido assim na verdade? Não sei, não sabemos, não interessa.

E nós admiradores do cantor ainda nos consolamos com as 42 músicas que Chalamet e Barbaro cantam durante o filme – estou a brincar, não sei quantas foram, mas são muitas as canções que ouvimos, o tal Chuva de Estrelas para os críticos.

Tudo isto é pouco? Não, é muito.

 

25
Fev25

Dos nossos artistas - António Casalinho

BURRO VELHO

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Se Marcelino Sambé é um nome consagrado do ballet clássico, desde 2019 bailarino principal da Royall Ballet de Londres, uma das mais prestigiadas companhias do mundo, temos outro português a conquistar o panorama mundial, o talentosíssimo António Casalinho, 21 anos, foi recentemente promovido a bailarino principal da Bayerisch StaatsBallet, companhia sediada em Munique, e foi galardoado pela revista International Dance Magazine como bailarino do ano, destacando o seu percurso meteórico.

 

24
Fev25

Dos espetáculos de que gosto - Forsythe/McNicol/Balanchine

BURRO VELHO

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O ballet neoclássico afasta-se do ballet clássico porque não pretende contar uma narrativa mas sim focar-se na dança, no movimento, nas linhas, no virtuosismo e expressividade do bailarino, mas assente na técnica clássica, muitas vezes em pontas, e por isso dançado por bailarinos com formação clássica.

A Companhia Nacional de Bailado apresenta-nos agora três peça, estreadas entre 1992 e 2024, dos coreógrafos William Forsythe (Workwithinwork), Andrew McNicol (Upstream, uma encomenda para a CNB) e George Balanchine (Stravinsky Violin Concert), esta última acompanhada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Não gostei muito da primeira, adorei a segunda e gostei da terceira, sempre um deleite ver dança.

 

21
Fev25

Dos filmes que adoramos - O Atentado de 5 de Setembro

BURRO VELHO

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O Atentado de 5 de Setembro, do realizador suíço Tim Felhbaum, foi um dos grandes derrotados para as nomeações dos Óscares, o que até se pode aceitar dado a forte colheita de 2024, recebeu apenas indicação para melhor argumento original, mas é um grande filme daqueles que Hollywood tão bem sabe fazer (com co-produção alemã).

A história é sobejamente conhecida, nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, os primeiros a terem transmissão televisiva em direto para todo o mundo, um grupo terrorista palestiniano sequestra uma comitiva de atletas e treinadores israelitas, centrando-se o filme na cobertura televisiva que o canal ABC Sports fez da tentativa de resgate por parte da polícia alemã.

O argumento é fortíssimo porque aborda, num tom adequado, as feridas do pós-guerra, um país a querer reinventar-se e as novas gerações a tentarem lidar com os seus pais que tudo testemunharam de olhos fechados, mas O Atentado de 5 de Setembro é primeiramente um filme sobre o jornalismo, numa altura que ainda havia telexes e se telefonava de cabines telefónicas, sobre a difícil decisão de quem está a editar as  notícias, sobre coisas como ética e deontologia, sobre a confirmação das fontes e o 'ouviu aqui em primeiro' lugar, sobre a ditadura das audiências e dos acionistas, e sobre o impacto daquilo que se quis ou não contar, no fundo sobre aquilo que hoje em dia tanto nos perturba e ameaça, sobre a importância vital de uma imprensa livre, justa e independente para a frágil saúde das nossas democracias.

Além da montagem intrépida que prende a nossa atenção em cada segundo dos 95 minutos da duração do filme, o casting é insuperável, não há uma estrela a puxar a si o protagonismo, todo o elenco tem uma pulsação tal que durante hora e meia vivemos intensamente este thriller jornalístico.

 

19
Fev25

Das coisas da política – Montenegro, a imobiliária e a moção de censura

BURRO VELHO

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A ideia da moção de censura ao Governo, por alegadas incompatibilidades de Montenegro, é simplesmente estapafúrdia, não cabe na cabeça de ninguém que o primeiro-ministro tenha feito passar a lei dos solos para ganhar uns trocos com a imobiliária da sua família, que, ao que parece, passou a incluir no seu objeto social a possibilidade da compra e venda de bens imobiliários já depois de tomar posse.

Dito isto, na minha opinião está tudo bem? Nem por sombras, estão várias coisas mal.

Para começar, assim que transmite as quotas de uma empresa para a família, cheira logo a esturro.

Apelando à ponderação que as palavras exigem, numa grande parte das situações em que se transmite, ficticiamente, as quotas de uma sociedade para alguém próximo, com ou sem uma procuração irrevogável a acompanhar, esta depende do grau de proximidade, está o caldo entornado.

Em muitas destas situações, o pretendido é contornar algum expediente, esconder algo, seja escapar a declarações de conflito de interesses, a dívidas, a penhoras de contas, evasão fiscal, ou outras coisas que tais, e usei palavras muito benevolentes, estou certo que se houvesse uma lei em que as conservatórias ou os notários tivessem de reportar ao ministério público as procurações irrevogáveis, e este tipo de transmissões, e muita trapaceirice seria impedida.

Mas então o homem não podia ganhar a vida antes de ascender ao cargo? Claro que sim, ninguém contesta que ganhe dinheiro, o que se põe em causa é opacidade de quem ocupa um dos mais altos cargos da nação, a função traz consigo coisas boas e menos boas, é todo um pacote, e quem exerce este tipo de lugares tem de ser escrutinável, e a partir do momento em que aprova leis e nomeia pessoas para cargos importantes, então, o país tem de saber qual a sua eventual teia de interesses, o país tem de saber quem é que no passado lhe deu a ganhar para agora poder avaliar se há, ou não, troca ilícita de vantagens.

Não sou a favor que se enxovalhe a vida privada e profissional dos nossos políticos, isso só afasta aqueles de quem o país precisa, mas não confundamos as coisas, não é isto de que se trata aqui, o que se trata aqui é que Montenegro procurou lavar as mãos ao passar as quotas para a mulher e filhos, e agora não presta esclarecimentos, o que é que achava que ia ganhar com essa cedência? Ou o que é que achava que ia conseguir esconder?

E que história é esta do novo secretário de estado que foi buscar à Câmara de Vagos, que o contratava para a prestação de serviços, quais, quando, quanto? O primeiro também acha que nada deve explicar sobre o assunto, não é? Achará, por ventura, que a sua superioridade moral é absoluta e como tal acima de qualquer pergunta?

O que mais me desagrada em Montenegro é a sua postura esfíngica, impenetrável, de sobranceria perante os portugueses e jornalistas pois entende que nunca lhes deve explicar nada, essa estratégia de marketing político de nunca nada dizer para não se comprometer ou ser apanhado em falso, mas nunca me pareceu ser pouco inteligente, isso não lho nego, então como compreender este mutismo?

Às vezes o peito inchado de quem acha que tudo pode, não dá os melhores resultados, o futuro o dirá.

 

18
Fev25

Das coisas da política - a desagregação das freguesias

BURRO VELHO

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Na política concordamos com algumas coisas, com outras nem tanto, mas, normalmente, nestas em que estamos de desacordo conseguimos compreender as motivações de quem defende uma determinada posição, mas esta lei da desagregação das freguesias só me suscita pasmo, é algo que me ultrapassa, mas porque raio é que vamos desperdiçar uma das poucas coisas boas da Troika, porquê?

 A justificação do veto presidencial foi muito pífia, uma pequena démarche para ganhar tempo, mas a explicação do PSD para confirmar a decisão pior ainda, vai-se confirmar a lei porque estão criadas expetativas? Desde quando é a aprovação de uma lei depende das expetativas e quando é que deixou de ser em função do certo e errado?

Esta desagregação é absolutamente indefensável, só serve para duas coisas, para amainar um provincianismo bacoco e para continuar a alimentar um miserável clientelismo partidário, que vergonha, e que esta vergonha cubra todos os deputados que a votarão favoravelmente, ou seja, quase todos.

Os únicos que destoaram do sim em uníssono são os deputados da Iniciativa Liberal, dir-me-ão que têm pouco a perder, talvez, mas deixo aqui o meu Bravo à Iniciativa Liberal.

 

15
Fev25

A Assembleia da República e os insultos do Chega a Ana Sofia Antunes - E se...?

BURRO VELHO

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Estes insultos impunes dos deputados do Chega à deputada do PS, Ana Sofia Antunes, deixam-me transtornado, não é possível termos de assistir a isto na casa da Democracia, a liberdade de expressão não pode tolerar tudo, não há direitos absolutos, nem o da própria vida - Senhor Presidente da Assembleia da República, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, faça alguma coisa!

E não dá para continuarmos a ser condescendentes com 15% do eleitorado português que tenciona votar neste bando de malfeitores, ah, é um voto de protesto, não há 15% de portugueses que pensam assim, uma ova, digo eu, não podemos passar um atestado de ignorância e inocência a estes votantes, quem dá o seu voto ao Chega não é uma pessoa de bem, quem pensa como esta gente e dá-lhes a sua confiança não é uma pessoa de bem, ponto!

Quem olha para aquela bancada, indizível, quem olha para o mundo e vê os Musks e os Kanie Wests a perderem a vergonha e apregoarem a bom som o nazismo, e internamente dá o seu voto a estes nazis (ainda) de pacotilha, não é uma pessoa de bem.

E se? E se um dia destes alguém de quem gostamos muito, que nos é próximo, nos vem dizer que é uma desses 15% de eleitores, como será que vamos reagir? Ninguém está livre, 15% de eleitores não se escondem, estão entre nós, mas não deve ser fácil.

 

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