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BURRO VELHO

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28
Mar25

Dos meus livros - Olhos Azuis, Cabelo Preto, de Marguerite Duras

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Ele gay apaixona-se por uma visão súbita de um outro ele de olhos azuis e cabelo preto, ela foi amante fugaz desses olhos azuis numa noite de verão, mais tarde ele encontra-a e, sem saberem dessa ligação comum ao homem de olhos azuis, ele paga-lhe para ela se esconder com ele numa casa em cima do mar, por onde passam muitos eles para irem à procura de sexo escondido no meio das rochas, e nesse período ela consegue encontrar-se com um terceiro ele, num quarto alugado, até aos dias entardecerem, ele, ela e ele de olhos azuis e cabelo preto, ela acaba por se apaixonar por ele mas não é correspondida, ele precisa dela para não esquecer aquele homem que os une, o de olhos azuis.

Aqui há dias precisei de escolher um livro com poucas páginas e fácil de transportar, fui à estante e peguei neste há muito adiado ‘Olhos Azuis, Cabelo Preto’, de Marguerite Duras, uma história desconcertante, e desconexa, de desamor, de angústia, de amores falhos, de amores que não se conciliam nem conseguem comunicar, de súplicas e lágrimas, de sofrimento sentido e infligido tão próprio de dois amantes que não se amam.

Olhos Azuis, Cabelo Preto é um romance de poucas páginas, talvez por isso o tenha lido até ao fim, porque queria descobrir o fim daquelas personagens e por encontrar no livro frases bonitas, palavras bonitas, há ali uma poesia sempre presente, mas é um livro de difícil leitura, foi-me difícil entrar na sua mecânica tão repetitiva, tão sincopada, poética e árida ao mesmo tempo.

A autora não tem de facilitar a vida ao leitor, mas sinceramente para mim estes Olhos Azuis, Cabelo Preto foi mais um exercício de estilo com que a escritora nos quis impressionar, ela domina esta arte de escrever com criatividade e engenho, mas lamentavelmente este leitor não ficou convencido, nem bem impressionado, tão pouco agradado.

Guardo na memória, já muito longínqua, é verdade, dois livros de Duras de que gostei muito, Dez Horas e Meia Numa Noite de Verão, e, sobretudo, O Amante, mas não sei se darei outra oportunidade a Duras, até para preservar esse gosto que lhe guardo.

 

20
Mar25

Dos meus livros - Como Poeira Ao Vento, de Leonardo Padura

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Demorei imenso tempo a ler este romance do cubano Leonardo Padura, Como Poeira Ao Vento, devo dizer que empastelei muito no início, os dramas da jovem Adela nova-iorquina apaixonada por tudo o que tenha a ver com Cuba não me conseguia prender a atenção, mas como não desisto facilmente de um livro insisti, insisti, e em boa hora insisti.

A narrativa acompanha a história de um grupo de amigos, o clã, ao longo de várias décadas, de 1990 aos dias de hoje, havendo ali uma trama ligeira de mistério e suspense que cumpre a sua função, a partir de certa altura cativa-nos na curiosidade de saber, ou confirmar, o (presumível) desenlace, mas este lado novelístico tem um propósito, guiar-nos por estas personagens e conhecermos um pouco melhor a realidade cubana, a miséria, a penúria que médicos e engenheiros têm de enfrentar para sobreviver, a desolação de quem vê os seus partir e as dores de quem vive no exílio, o sentimento de sermos estrangeiros e a necessidade de pertencermos a uma comunidade, os salvíficos laços de amizade, as amizades que nos salvam.

Para considerar um romancista como um dos meus escritores tenho como regra ter-me entusiasmado com três das suas obras, depois de Hereges e deste Como Poeira ao Vento, falta-me apenas um para Leonardo Padura ser também um dos meus escritores, estamos no bom caminho 😊.

 

19
Mar25

Da atualidade política - o fim da CPI das gémeas

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A CPI do caso das gémeas chega agora ao fim e concluiu três coisas, que a Casa Civil da Presidência da República teve uma intervenção especial, que o então secretário de Estado da Saúde pediu a marcação da primeira consulta, e que tudo começou com as diligências do filho doutor Nuno Rebelo de Sousa, cujas motivações não foram apuradas.

Claro que houve cunha e não devia ter havido, mas a meu ver tal nunca foi o problema, um reconhecimento e pedido de desculpa teriam sido suficientes, quem nunca tentou agilizar uma consulta, um tratamento ou uma informação quando a saúde de um familiar ou amigo está em causa, o problema foi a desfaçatez com que quiseram negar o óbvio e empurrar a culpa (para a secretária Carla Silva, no caso).

Marcelo e Sales, já para não falar do filho Doutor, saem muito mal na fotografia e saem por culpa própria, duvido que Sales alguma vez possa aspirar a regressar à política, e tudo isto deve ter provocado um grande abalo ao antes por-nós-todos-adorado Marcelo, até porque zangar-se com um filho, logo hoje que é Dia do Pai, não mata uma pessoa, mas deve andar lá perto.

 

14
Mar25

Dos filmes de que gostamos - O Romance de Jim, de Arnaud e Jean-Marie Larrieu

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O Romance de Jim, realizado pelos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, é um melodrama familiar ao longo de 25 anos, um filme sobre a paternidade, a biológica e a afetiva, mas é também um filme do realismo, aquele que observa as vidas simples e triviais, o lado menos embonecado de quem vai trabalhar todos os dias para uma fábrica ou pastelaria, de quem vive longe das grandes cidades, no caso uma zona rural no Haut Jura, uma zona montanhosa perto da fronteira com a Suíça.

Não é só a história de Aymeric que se vê de repente a cuidar de um bebé que não é seu, o tal Jim que dá nome ao título, é sobretudo um filme sobre a bondade e as relações que as pessoas estabelecem entre si, afetos, e as pessoas não tem de ser más para fazerem mal às outras, às vezes os caminhos da vida é que não são fáceis e pelo meio todos fazemos asneiras.

A bondade e estoicidade do pai emprestado, interpretado pelo grande Karim Leklou (ganhou o César de melhor ator), vão perdurar nas nossas memórias.

Depois do frenesim dos Óscares, ir ao cinema e descobrir uma maravilha tão singela como este O Romance de Jim é uma felicidade, e o cinema francês nunca desilude.

 

10
Mar25

Da atualidade política - Pedro Nuno Santos e a moção de confiança

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Pedro Nuno Santos devia mandar a coerência às malvas e fazer um favor ao país, estou convencido de  que até mesmo a si próprio, não votando contra a moção de confiança e assim permitir que o Governo continue em funções.

É um facto que a queda do Governo vai paralisar o país até ao final do Verão, mas sendo eu a favor de que as legislaturas se cumpram até ao fim, também não acompanho quem demoniza as eleições, se as circunstâncias o justificarem, pois que seja.

Também não alinho no discurso contra as CPI, a sua banalização, a judicialização da política, o enxovalho da vida pessoal, não se investigam empresas privadas, isto e mais umas botas, era o que faltava, se há dúvidas no escrutínio e na transparência em matérias tão importantes, que se avance sem demoras, e há matéria mais importante que a crença absoluta na idoneidade de quem nos governa?

O pior se o país for já para eleições não é o país ficar paralisado, é a por muitos desejada normalização pelos votos do que possa ser incómodo, se o país elegeu é porque está tudo bem, dirão, e continuarmos assim a ter um primeiro-ministro com a sua credibilidade ferida de morte, se assim for nunca será levado a sério até ao dia em que deixe de ser um ativo e os seus pares o deixem cair.

Os bastidores da política por vezes são ínvios, e a prudência de quem se cala por vezes não é em favor dos interesses do país, por isso Pedro Nuno, deixa lá o Governo continuar mas venha lá essa CPI de que Montenegro foge como o diabo da cruz.

 

01
Mar25

Da festa dos Óscares - previsões e preferências

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Este ano a cerimónia de entrega dos Óscares, na próxima madrugada de domingo para segunda, promete, e seguramente as audiências vão aumentar.

Desde logo porque a colheita é excelente e não há claros favoritos, quase todas as categorias estão em aberto, ao contrário dos últimos anos em que tivemos de levar com os desinteressantes vencedores antecipados, Oppenheimer e Everything Everywhere All at Once, este ano vai ser torcer até à abertura do envelope.

Para aguçar o apetite temos o apresentador, Conan O’Brien, e também, porque não, a expetativa de alguns discursos, vão apenas celebrar os filmes ou vão misturar cinema com política? Creio que este ano será inevitável.

Para melhor filme, darei uns valentes saltos se ganhar o Ainda Estou Aqui, não sendo possível estou muito dividido entre Anora e O Brutalista, mas tendo que escolher, talvez Anora, que também é o meu palpite para quem vai ganhar. Além destes, apenas Conclave tem hipóteses credíveis. Dune e Wicked, a sério?

Se o favorito para realizador começa a ser o Sean Baker, para equilibrar torço então por Brady Corbet, é baralhar e escolher entre O Brutalista ou Anora. Quem faltou na corrida? Ramell Ross.

Os atores este ano são fortíssimos, se Fiennes e Chalamet são fenomenais (entre estes escolhia Fiennes pela subtileza e pela merecida consagração), mas, apesar da polémica com a IA quando fala em húngaro, este ano ninguém o Adrian Brody é insuperável. 

Nas atrizes, se a Demi Moore é a favorita, eu acho que vai haver surpresa e quem vai ganhar é a Mikey Madison, a nossa Nanda está a arrasar por Hollywood e tem algumas hipóteses, mas vai morrer na praia. Quem não quero que ganhe? Nenhuma, a não ser Madison ou Nanda. Quem devia estar nomeado e não está? Nicole Kidman e Angelina Jolie, sem qualquer dúvida, isto de serem mega estrelas não são só vantagens.

Nos atores secundários, só dá Kieran Kulkin, não venham dizer que é uma réplica da personagem de Succession, é só um prodígio, é o prémio mais previsível da noite (tão bom o Yuri Borisov).

Nas secundárias, ganha a Zoe Saldana, que está bem, mas vou torcer até ao fim pelos oito minutos de Isabella Rossellini, ou então por uma supresa chamada Monica Barbaro, Hollywood costuma gostar de surpreender nas atrizes secundárias.

Se no argumento adaptado a coisa é fácil, ganha Conclave, e não ganha mal apesar daquele final estapafúrdio - a torcer por Nickel Boys -, já no argumento original a coisa está renhida, deve ganhar Anora mas comigo muito indeciso entre O Ataque de 5 de Setembro e A Verdadeira Dor.

Por fim, melhor filme internacional? O Figo Sagrado é uma maravilha, mas a noite vai ser brasileira, que festa vai ser.

Perdedores da noite? Emilia Perez, que vai arrecadar 2 estatuetas, e o filme de Dylan que pode muito bem vir de mãos a abanar.

Voilá! É só uma festa, não mais do que isso.

 

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