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BURRO VELHO

BURRO VELHO

18
Abr25

Dos filmes de que gosto - Vermiglio

BURRO VELHO

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Vermiglio, da realizadora italiana Maura Delpero, vencedor do leão de prata no último Festival de Veneza,  é um filme passado no final da segunda grande guerra numa aldeia perdida dos Alpes italianos, donde dificilmente se sai e aonde a vida de fora não chega, salvo um jovem desertor que um dia foi lá procurar um esconderijo e acabou por mexer na vida e nos costumes da aldeia.

Tendo como ingredientes o isolamento e a religião, a simplicidade e o bucolismo de Vermiglio são de grande beleza, talvez lhe falte alguma chama mas é sem dúvida um belíssimo filme do realismo italiano, para ver sem pressas.

 

17
Abr25

Da atualidade - o meu chapéu a D. José Ornelas

BURRO VELHO

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Se em tempos o Burro Velho mostrou aqui a sua inquietação com D. José Ornelas, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a propósito da reação da Igreja aos casos de pedofilia, neste tempo de ressurreição, se preferirem de renascimento ou renovação, tenho de louvar com profunda satisfação as suas palavras numa entrevista que deu à Radio Renascença.

“Quando ouvimos dizer ‘America First’ (a América primeiro) é a mesma expressão de ‘Deutschland uber alles’ (a Alemanha acima de tudo). É a mesma coisa, os outros todos passam para segundo plano e só têm lugar no mundo depois de nós”.

“Para que nós tenhamos esperança e sejamos fundamentadores de esperança, é preciso que estejamos de pé. Não vale adormecer, não se pode adormecer neste momento”.

E sobretudo, “ter esperança de que os agentes políticos e sociais aprofundem a procura pela justiça na integração dos imigrantes”.

Num claro apelo ao voto nas próximas legislativas, e ao chamar as coisas como elas são, que a cartilha de Trump é uma cartilha Nazi, que Trump não é assim tão distante de Hitler, e que temos de arranjar formas de acolher melhor os nossos imigrantes, D. José Ornelas está a tentar empenhadamente despertar as consciências dos devotos católicos que o ouvem, não sejam complacentes ao darem força ao pupilo de Trump nas nossas bandas, Ventura gosta de envergar as vestes de católico fervoroso e fazer muitas citações bíblicas, mas todos nós temos de nos erguer e fazer o que nos compete, e isso começa pelo voto decente.

O meu chapéu a D. José Ornelas, bravo!

 

10
Abr25

Das séries de que gosto - The White Lotus

BURRO VELHO

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Não deixa de ser estranho todo o hype gerado à volta da terceira temporada de The White Lotus, episódio a episódio os jornais e as redes sociais agitavam-se num escrutínio aguerrido, muitas vezes pejados de spoilers (“alerta, hoje saiu novo episódio, não abrir o instagram até o conseguir ver”), para cada um defender a sua temporada preferida, Hawai, Sicília ou Tailândia, uns a verem apenas uma feira de vaidades dos milionários em férias, outros a ver um retrato certeiro das cabeças atrofiadas de quem se deu bem na vida, se a melhor personagem foi ou não Jennifer Tanya Coolidge, se o instrumento viril de Jason Isaacs ou se os dentes de Aimee Lou Wood eram ou não próteses, se o final foi um anti-climax ou se podia ter tido menos um episódio, a media darling The White Lotus gerou mesmo um grande sururu à sua volta.

Já eu, do que mais gostei foram todas as cenas com a família Ratliff, das três amigas e do doido Sam Rockwell, e ver como a tensão ia aumentando paulatinamente até chegar a ponto de rebuçado e poder descambar para cada uma das personagens.

Uma série não tem de ser imaculadamente perfeita, 100% coerente, para ser uma excelente série, The White Lotus é entretenimento do melhor que há.

E se tiver de destacar só uma personagem, a mãe Ratliff de Parker Posey, uma delícia.

Uma curiosidade, todos os atores receberam o mesmo cachet e todos adoram entrar no elenco, é mesmo um fenómeno.

 

05
Abr25

Dos filmes de que gostamos - Black Bag, de Steven Soderbergh

BURRO VELHO

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Black Bag é uma expressão inglesa que significa tudo aquilo que um espião não pode revelar na sua vida privada por ser ultra confidencial, segredos de espionagem, alçapão muito útil quando se quer dar uma facadinha no matrimónio, ou, sabe-se lá, até pode ser um empecilho quando a malta se quer portar bem.

Black Bag é também o último filme de Steven Soderbergh, um belíssimo thriller de espionagem, inteligente e sofisticado, hora e meia de diálogos intensos, sem um segundo de palha, com toques de humor e alguma reflexão sobre relações e casamentos perfeitos, a mentira sempre no ar com ou sem detetor de mentiras, ah, e nem falta sequer um surpreendente twist no final, como é recomendável neste género de filmes.

Blanchett e Fassbender são exímios, mas não estão sozinhos, Pierce Brosnan, Tom Burke, Marisa Abela, Naomie Watts e Regé-Jean Page, formidáveis.

Muito bom.

Bons filmes.

 

04
Abr25

Da atualidade - os rankings das escolas

BURRO VELHO

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Sempre que saem os rankings anuais das escolas, em função das notas dos exames nacionais, ouvem-se vozes a defender que a divulgação das listas não devia ser permitida, escamoteia muito trabalho escondido, que não é igual ensinar uma turma cujos jovens são todos filhos de pais licenciados, com um computador, secretária e quarto só para si, ou outra em que se sabe lá em que condições vivem, todos entendemos este tipo de argumentos perfeitamente.

Os rankings não são certamente um retrato do que a escola é, nem um certificado do bom desempenho dos seus professores, são apenas uma fotografia de um ângulo específico, nem a ideia dos rankings é premiar o orgulho de ninguém nem servir como publicidade para os melhores colégios atraírem melhores alunos, tal acontecerá mas é algo acessório.

O propósito destas listas é darem informação sobre a realidade, permitem sem sombra de dúvida aos decisores perceberem como melhorar o ensino, corrigir assimetrias e diminuir as iniquidades, e a partir do momento que essa informação existe, então que seja escrutinada, em primeiro lugar deixem que as escolas percebam o que as suas vizinhas andam a fazer para tentarem ser melhores, deixem que as escolas sigam os melhores exemplos que podem ser evidenciados à luz dos rankings, não só de quem está nos lugares cimeiros, mas também, e sobretudo, daquelas que se superam, deem esses estímulos às direções escolares, e, em segundo lugar, concedam às famílias que façam as suas próprias análises e que tomem as suas opções dentro do que está ao seu alcance.

Os rankings não são tudo, mas são instrumentos importantes aos quais todos devemos ter acesso, viva o escrutínio e a transparência.

 

01
Abr25

Das séries que eu adoro - Adolescência

BURRO VELHO

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Se fosse comprar um telemóvel para o meu filho de 13 anos, a primeira coisa que lhe diria é: este telemóvel não é teu”, citação de Álvaro Bilbao, conceituado neuropsicólogo espanhol com várias publicações sobre a temática das famílias e saúde.

Não tenho memória de tanta unanimidade em torno de uma série, ADOLESCÊNCIA, minissérie de apenas quatro episódios, tem vindo a ser considerada por muitos como a melhor série do ano, porque muito provavelmente será mesmo a melhor série de 2025.

Impõe-se falar da qualidade propriamente dita da série, e do seu impacto em quem a vê.

Não sendo propriamente uma originalidade, cada um dos quatro episódios, com duração aproximada de uma hora, foi filmada em plano sequência, ou seja, em contínuo, sem interrupções, um pouco como se estivéssemos a assistir a uma peça de teatro, conseguindo assim que o espetador mergulhe para o meio daquelas personagens, estamos ali no meio deles, somos testemunhas ao vivo do que está a acontecer, um prodígio de realização – reparem, sempre que houve necessidade de filmar de novo alguma cena tiveram de filmar tudo desde o princípio.

E a qualidade dos atores? Apetece dizer, c’os diabos, genial. Todas as interpretações são fulgurantes, mas não há como destacar duas, o eterno secundário Stephen Graham (e também criador da série) que dá corpo ao pai, e o jovem Owen Cooper na pele do adolescente, um jovem que até aqui nunca havia pensado ser ator, simplesmente colossais.

E quanto ao impacto da história em si? Com ou sem adolescentes em casa, é impossível não sentir uma forte comoção, o silêncio é absoluto enquanto vemos cada episódio, não há como nos distrairmos com o drama desta família, que pode tão bem ser o drama de qualquer família.

Com esta história de um rapaz de 13 anos acusado de assassinar uma rapariga (não há aqui spoiler, esse facto é-nos dado a conhecer logo nos primeiros cinco minutos), somos confrontados com a forma como desconhecemos os nossos filhos, como não sabemos o que se passa dentro do quarto e dos seus telemóveis, como as redes sociais e as influências tóxicas e misóginas estão a aumentar, de forma tão preocupante, a violência entre os jovens.

A realidade digital destes jovens é desconhecida para os pais, algo tão simples como a linguagem dos emojis, pais que se empenham em oferecer smartphones topo de gama aos filhos e que depois não têm a noção da personalidade que os filhos estão a desenvolver, os nossos filhos amorosos e exemplares sempre bem comportados na segurança do quarto, a forma inconsciente (e negligente) como os pais transferem a educação das crianças para o perigo dos influencers, tudo isto é muito perturbador, porque pode acontecer connosco, porque uma vida feliz de repente pode ficar virada de pantanas.

Em Adolescência não há juízos de valor, não há condenações sumárias nem certo e errado, há alertas, muitos alertas.

O governo britânico fez muito bem ao decidir que Adolescência deve ter visualização obrigatória nas escolas do Reino Unido, é fundamental que os pais e os filhos conversem sobre isto, que encontrem as suas estratégias, citando alguém no rescaldo da série, precisamos de pais presentes e não de pais perfeitos.

E voltando ao início desta publicação, que os pais de adolescentes reflitam bem quando, e como, hão de entregar um telemóvel às suas crianças.

Brilhante. Obrigatória.

Na Netflix.

 

 

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