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BURRO VELHO

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20
Out23

Das séries que eu vejo - Sex Education

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Ao contrário do que o título indica, não me parece que Sex Education, que chega agora ao fim com a quarta temporada, pretenda educar - não duvidando que muitos espetadores, novos ou velhos, se sintam mais informados ao ver a série -, mas simplesmente entreter e desmistificar as várias nuances da sexualidade, e nisso Sex Education foi muito bem sucedida, sem dúvida que é bastante entertaining e que deve ter arejado um pouco algumas cabeças mais confusas ou preconceituosas.

Quanto a mim, Sex Education peca pelo excesso de positivismo e bondade, somos todos bonzinhos, praticantes de ioga e incapazes de qualquer coscuvilhice, e por querer incluir na história toda a agenda dos temas sociais que hoje importam discutir, a igualdade, a intolerância, o bullying, o abuso ou agressão sexual, o preconceito religioso, a saúde mental, a violência no namoro, todas os temas LGBTQIAP+ (fui ao Google garantir que não me escapava nenhuma letra, admito), parece que os argumentistas não quiseram deixar nada de fora, mas ainda assim é uma belíssima série, com personagens muito interessantes e excelentes atores e atrizes (sou fã de Emma Mckey, a Maeve), que sem moralismos descomplica o sexo e nos recorda algo que na puberdade nem sempre é fácil, tudo está bem quando temos alguém com quem partilhar ou conversar.

Na Netflix.

 

 

09
Out23

Das séries de que gosto - A rapariga da Cabana

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Thriller policial alemão de seis episódios, sobre um rapto e cativeiro durante 13 anos, que queremos ver compulsivamente, em que temos muitas dúvidas e teorias mas estamos sempre a ser surpreendidos, sem nunca apanharmos qualquer incoerência na história. Muito bom. Quer a personagem da menina (Hannah), quer a pequena atriz (Naila Schuberth) que a representa, são absolutamente notáveis.

A Rapariga da Cabana (Liebes Kind, no original), na Netflix.

 

26
Set23

Das séries de que gosto - Esterno Notte

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Numa das melhores séries do último ano fala-se italiano, Esterno Notte, um tratado de história e política transalpina dos finais dos anos 70 com o rapto e assassinato de Aldo Moro, a par de um retrato íntimo de algumas das pessoas que mais sofreram, emocional ou intelectualmente, com este rapto, o próprio Moro, a esposa Noretta, o papa amigo Paulo VI, o então ministro do interior Francesco Cossiga e dois dos raptores.

O caso Moro é uma espécie de caso Camarate italiano, ainda hoje se discute quem é que efetivamente foi o mandante daquele sequestro, terão sido os americanos, os comunistas, o próprio governo, mas Marco Bellocchio (o realizador) não está muito interessado em falar-nos de teorias de conspiração, conta-nos antes a história que se lê nos livros, a que o grupo revolucionário outrora comunista, Brigadas Vermelhas, à procura de um grito ideológico e reconhecimento político, decide raptar o ex primeiro-ministro, aquele que deveria ser o futuro presidente da república e era à data o presidente do maior partido no poder desde a queda do Duce, o Democracia Cristã, um partido conservador e católico, que venceu todas as eleições legislativas de 1946 a 1992, um partido arreigadamente anticomunista com quem Moro estava prestes a estabelecer uma primeira e inédita aliança, aliança essa que assustava e muito os seus correligionários e amigos no partido, nomeadamente o então chefe do Governo Giulio Andreotti, que, por estratégia e interesse pessoal, desistem de o resgatar e abandonam-no às mãos dos brigadistas sedentos de sangue e da tão desejada propaganda.

Bellocchio toca assim numa ferida ainda por cicatrizar da sociedade italiana, lembrando-nos que os políticos humanistas, verticais e defensores da causa pública (que os há), têm o seu percurso armadilhado por um sistema onde a transparência e o interesse nacional, até a própria amizade, vergam perante a luta de poder, de quem governa e de quem aspira a vir a governar, não há ideais, mesmo os mais revolucionários e brigadistas, que não esmoreçam com o perfume do poder, mas ‘Exterior Noite’ é sobretudo o sofrimento, a angústia, o medo e a dúvida destas personagens durante os 55 dias que duraram o sequestro.

Belíssima série, na plataforma Filmin.

 

22
Set23

Das séries que eu vejo - Painkiller

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Não consigo dizer que gostei muito porque a realidade que retrata de forma contundente é muito perturbadora, a tragédia nos anos 90 dos analgésicos opióides nos EUA, como o Oxycontin, e a procura criminosa do lucro a qualquer preço, quer de famílias milionárias como a benemérita Sackler, quer do Zé Povinho que quer andar de Porsche ou simplesmente pagar as contas, mas o bom cinema também passa em séries como Painkiller, muito boa. Na Netflix.

 

10
Jun23

Das séries de que gosto - Rabo de Peixe

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Entretenimento mainstream com muita pinta, com muita qualidade, ali a brincar entre o crime, a comédia, o romance e a crónica social, ganda nível.

Tirando o erro de casting Salvador Martinha, os atores estão todos muitíssimo bem, Afonso Pimental, Albano Jerónimo, Kelly Balley, Dinarte de Freitas (uau), Pêpe Rapazote, Luísa Cruz, Adriano Carvalho , e todos os outros, mas tenho que deixar um grande elogio aos, para mim quase desconhecidos, quatro fantásticos protagonistas: André Leitão, Rodrigo Tomás, José Condessa e Helena Caldeira!!!

Muito merecido o sucesso internacional que está a ter, muitos parabéns.

 

16
Mai23

Das séries de que gosto - Succession

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Sabem quando comemos um gelado ou sobremesa bem devagar para podermos saborear mais tempo? Sou eu a ver Succession, para durar mais tempo de tão bom que é - limpou os prémios todos nas três primeiras temporadas, e por mim também os limpava na quarta, e última, é uma série fenomenal.

Um tratado, no mundo da alta roda dos negócios, em que todos os diálogos são farpas afiadíssimas sobre sacanice, manipulação, dor de corno, com grandes doses de humor, perversão, culpa, e com, muito espaçadamente, laivos de sedução, sentimentos de família e de quem ainda tem o coração no sítio, tudo isto em cenários da alta aristocracia nova-iorquina ou sítios deslumbrantes como as montanhas e glaciares da Noruega.

Todas as personagens/atores são fantásticos, apetecia-me destacar a filha Shiv, a mais inteligente de todos, mas depois lembro-me do filho Roman, o mais fritado dos cornos, ou o filho Kendall, o mais inseguro, ou o pai Roy, o maléfico-mor, ou o ambicioso burro que não é assim tão burro do genro, ou o cromo do sobrinho, ou a eficiente CEO Gerri, ou ou ou ...

Super fã. Na HBO.

15
Abr23

Das séries de que gosto - Rain Dogs

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Série inglesa de oito episódios, meio comédia meio dramática, sobre amores incondicionais e pouco convencionais, que duma forma totalmente despudorada mistura o desenrascanço duma pobreza extrema com uma aristocracia decadente, com vidas muito desajustadas mas sempre com a dignidade e o coração no sítio certo, mesmo quando tens de sacanear, prostituir-te ou fazer o que tiveres de fazer para sobreviver. A dupla Daisy May Cooper e Jack Farthing é muito boa. A série é muito boa. Na HBO.

02
Abr23

Tá tudo doido - Friends

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Friends

 

Numa entrevista recente à Vanity Fair, Jennifer Aniston, uma das protagonistas de Friends, lamentou que a série não envelheceu muito bem porque hoje em dia muitos jovens da nova geração veem os episódios e acham que são ofensivos.

Diz Aniston, um tanto ou quanto envergonhadamente, que faziam piadas excessivas sobre homofobia e gordurofobia (fatphobic), e não se preocupavam com a gender diversity, não havia nenhuma personagem negra, que hoje seria um pecado capital, mas que os valores da sociedade de então o permitiam - pensava eu que Aniston estava quase a pedir desculpa por ter feito o mundo inteiro rir com as piadas de Friends, mas, com uma ligeira reviravolta, salva a entrevista terminando a dizer que o mundo tem de saber rir-se de si próprio, que precisa de piadas, de humor e de brincar com o ridículo, everybody needs funny.

Toda esta paranoia do politicamente correto, do cancelamento da história e das vacas sagradas com que não se pode brincar (e eu não sou dos que acha que não há limites no humor), está a começar a criar uma geração vidrinho que não sabe o que é o sentido figurativo, não sabe o que é a ironia, não sabe o que é a ligeireza da piada, e isso é tão angustiante.

Não sei bem porquê, mas nunca vi um único episódio de Friends, ainda, mas penso que as criaturas mais novas cá de casa viram as 10 temporadas quase todas, ao ponto de termos ido em romaria ver o célebre apartamento dos ‘amigos’ – por estas bandas as piadas ainda são só piadas e ainda se gosta de piadas, tão bom.

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