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BURRO VELHO

BURRO VELHO

05
Nov24

Da atualidade política - o sem dó nem piedade do autarca de Loures

BURRO VELHO

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Consciente de que os sucessivos governos PS que temos tido foram-mo com uma matriz muito mais centrista do que socialista, ou esquerdista, revejo-me e tendo a concordar com a análise de David Dinis que considera que nos últimos anos o eixo político tem-se transferido tanto para o espectro da direita, que uma pessoa, outrora considerada de direita, hoje pode ser facilmente rotulada de esquerda, ou do centro.

Mas o contrário também acontece, uma pessoa que se distancia de uma qualquer posição política da esquerda, é logo associada à extrema-direita, cada vez nos afastamos mais de um centro sensato e nos empurramos para os extremos exacerbados.

Sem dó nem piedade, o autarca de Loures, Ricardo Leão, defendeu que os responsáveis pelos tumultos nas ruas condenados pelos tribunais devem ser postos na rua quando forem titulares de contratos de arrendamento em casas municipais, sem dó nem piedade, por, entre outras explicações, tal vir a ser dissuasor de novos episódios.

Com pouquíssimas exceções, instalou-se um coro de críticas a arrasar Ricardo Leão, um consenso muito generalizado em que este estava a render-se ao jogo do Chega, com a ameaça de um estado securitário, trazendo à memória os tempos da ditadura em que à laia da segurança se esqueciam valores como a liberdade.

Foram também rápidos a apontar a ilegalidade desta medida, com argumentos que do ponto de vista político a mim me parecem algo desonestos, se a lei não permite, os senhores deputados podem sempre propor uma alteração à lei, se assim o entenderem, mas, sobretudo, parece-me muito falacioso afirmar-se que a lei não permite que uma pessoa seja condenada duas vezes pela mesma infração ou crime, se procurarmos vamos encontrar seguramente exemplos de que uma pessoa pode ser condenada, ou sancionada, ou penalizada, várias vezes pela mesma coisa, senão porque é que me pedem o certificado do registo criminal, se eu já fui condenado e paguei a minha pena, porque é que me pedem esse certificado, afinal a lei permite ou não que sejamos condenados várias vezes pela mesma coisa? Se a lei já não permitir que se exija o certificado do registo criminal nalgumas situações penitencio-me desde já pelo meu desconhecimento.

 O problema foi o sem dó nem piedade, a falta de empatia que revela por exemplo com eventuais filhos que pudessem ser prejudicados, mas tudo isto me parece algo hipócrita, os regulamentos das políticas de arrendamento municipais já preveem, assim creio, que caso a pessoa destrua o interior do imóvel possa ser expulsa, ou despejada, mas se essa mesma pessoa destruir o bem público que circunda esse imóvel, então aqui d’el rey que não se pode fazer nada porque senão a malta do Chega é logo chamada?

A situação é complexa, claro que sim, mas eu não alinho no coro universal de críticas ao autarca que sentirá estas dores mais de perto do que nós cidadãos comuns, relevando o sem dó nem piedade considero que esta posição exige mais reflexão e aprofundamento, e uma pessoa que o admite não tem de ser um extremista perigoso da extrema-esquerda sem coração, calma, alguma moderação é bem-vinda.

 

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