Da cara de pau - Federação Portuguesa de Futebol e Fernando Santos (take 2)
No início de março deixava aqui nota da minha indignação com a sem vergonhice do ex-selecionador nacional, o sr. Engenheiro Fernando Santos, que arranjou um esquema fraudulento com a sua mulher para não pagar IRS devido pelos vencimentos pagos pela Federação (lesando o Estado em 4,5 milhões de euros, sim, 4,5 milhões de euros), sem vergonhice essa acompanhada pela Federação que além de ter fechado os olhos a esta vigarice (e este é uma forma muito eufemística de descrever o que a Federação fez), recusou ainda facultar à imprensa o respetivo contrato de trabalho, não acatando a instrução recebida pela CADA, autoridade com competência para o fazer.
Repito o que disse na altura, todos conhecemos e respeitamos o princípio da inocência, que diz que até condenação de um tribunal toda a gente tem de ser considerada como inocente, mas não há um único direito universal que seja um direito absoluto, nalguns casos nem o direito à vida o é, e perante os factos inegáveis que vieram a lume e dada a natureza da função que este senhor desempenhava, ser o selecionar duma equipa nacional que deve representar todos os portugueses, o senhor engenheiro devia ter sido destituído de imediato e com a sua reputação manchada na praça pública, alegadamente o engenheiro tinha gamado 4,5 milhões de euros aos portugueses.
Pois bem, o Tribunal Arbitral Administrativo e Fiscal de Sintra veio esta semana obrigar a Federação a divulgar os contratos assinados com o engenheiro (naturalmente que como pessoa de bem que já provou ser a Federação vai recorrer a uma instância superior), e o Tribunal Central chumbou o recurso apresentado pelo engenheiro para não ter de devolver os 4,5 milhões de euros que arrecadou ilegalmente na sua conta bancária (naturalmente também que como pessoa de bem que já provou ser o engenheiro irá provavelmente recorrer a uma instância superior).
Mas tão ou mais gritante que estas patifarias de quem tenta sempre enganar o outro, sendo que neste caso o outro somos nós todos, é a complacência de todos nós com situações como estas, como é possível que quando se soube destes casos nenhum tumulto ou inquietação tenha exigido a saída de cena destas personagens? Por um simples e triste motivo, porque muitos dos portugueses não achou nada disto censurável porque só não foge aos impostos quem não pode, ele teve foi azar em ser apanhado.