Da (falta de) cultura na cidade de Lisboa - Adeus Politécnica
O Teatro da Politécnica foi nestes últimos 13 anos a casa emprestada dos Artistas Unidos, ali à entrada do jardim Botânico, na Rua que deu o nome ao Teatro, da Escola Politécnica, onde eu e tanta gente assistimos a dezenas de peças, sempre à pinha, quase sempre com o seu fundador Jorge Silva Melo por ali a verificar tudo, um sítio muito especial onde era oferecido à comunidade textos e encenações de excelência, aonde a cultura era acessível a módicos preços, diga-se.
Mas acabou-se, por ora, acreditemos, o que era doce, os Artistas Unidos foram hoje despejados pela proprietária do espaço, morte há muito anunciada, a Universidade de Lisboa, que quer ali instalar um museu, provavelmente alguma extensão do vizinho Museu de História Natural, desconheço – é questionável do ponto de vista da fruição pública o que será mais importante para a cidade, se um teatro com o calibre dos Artistas Unidos, ou se um museu, mas ainda vivemos num país em que a propriedade é privada e respeitada, e como tal assiste todo o direito à Universidade de Lisboa, e isso é absolutamente inquestionável.
Mas e o Senhor Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. Carlos Moedas? Hein? Em que é que ficamos, enchemos a boca para anunciar em grandes parangonas durante as eleições um teatro em cada bairro, o que muito louvamos, mas ao mesmo tempo abandonamos os Artistas Unidos?
Infelizmente, tal não nos surpreende, o Senhor Presidente passa tempo demais a pensar em soundbytes e pouco a viver a cultura da cidade, algo que devemos exigir ao edil da capital, note-se, senão saberia a importância do aqui está em jogo e há muito que já tinha diligenciado uma solução, e mesmo que um dia a promessa do edifício d’ A Capital venha a ser cumprida, assim esperemos, é preciso uma solução já, até porque se no final do ano a Companhia continuar sem uma casa perde automaticamente os apoios da DGArtes, o que seria?
Uma lástima Senhor Presidente Moedas, uma lástima!