Dos filmes de que gosto - Estranha Forma de Vida, de Pedro Almodôvar
O fado de Amália Rodrigues, maravilhosamente cantado por Caetano Veloso, deu o título à nova curta-metragem de Pedro Almodôvar, cujo único defeito que podemos apontar é que quando termina, ao fim de uma rapidíssima meia-hora, queremos continuar a ver mais de tão bom que é.
Este western-queer, como Almodôvar o denomina, está muito longe da explosão dos seus primeiros filmes, aqui tudo é depurado, mas o detalhe, intensidade e sensibilidade são aquelas que Almodôvar sempre nos entregou, aqui o desejo e o erotismo não está na nudez dos corpos, está antes no olhar e nas palavras dos dois cowboys do deserto, cowboys que dão tiros mas que também fazem a cama e dobram impecavelmente a sua roupa interior, Estranha Forma de Vida é sobretudo sobre o amor, queer ou straight, é sobre a resposta à pergunta o que podiam fazer dois homens se decidissem viver juntos num rancho, chegando a resposta, talvez irremediavelmente tarde, mesmo no fim. Estranha forma de vida, aquela que se foge ao amor.