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BURRO VELHO

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27
Fev25

Dos filmes que adoramos - Nickel Boys, de Ramell Ross

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Nickel Boys, primeira longa-metragem de Ramell Ross baseada no romance homónimo de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer, é o último dos nomeados a melhor filme a estrear em Portugal (apenas em streaming), bem a tempo da noite da cerimónia.

Na Flórida do início dos anos 60, ver a amizade crescer entre dois adolescentes afro-americanos num reformatório segregacionista, onde o expectável seria ver a raiva e a violência, é comovente, e Ramell Ross vai tecendo aos poucos uma trama em que vamos percebendo a injustiça e os horrores a que estes jovens estavam sujeitos, de mansinho e sem mostrar quase nada vamos desconfiando do mal absoluto que imperava naqueles anos, mas se eram tempos em que se assassinava nas ruas pessoas como Luther King ou Malcolm X, imagine-se as atrocidades escondidas nestes lugares de ninguém.

O rendilhado do argumento e da montagem é um primor, cena a cena vamos descobrindo a história e o filme, sendo o twist final isso mesmo, um final que nos apanha de surpresa, nesse final em que também nos chocamos com imagens reais a preto e branco, num retrato da América cruel e racista que se vangloriava da chegada à lua, uma América não muito distante daquela que hoje tanto nos assusta.

Chegou-se a pensar que Nickel Boys iria estar na linha da frente na temporada dos prémios, foram muitos os editores de publicações como o New York Times ou a New Yorker que o elegeram como o melhor filme do ano, mas Nickel Boys perdeu o momentum e arrecadou apenas duas nomeações, filme e argumento adaptado - não sendo impossível que venha a ganhar nesta última categoria -, mas nomeações para realização, atriz secundária (Aunjanue Ellis-Taylor é cintilante) e montagem também seriam muito bem entregues.

Nickel Boys é amizade, é dor, é poesia, e sim, é mesmo um dos filmes mais bonitos do ano.

Na Prime Video.

 

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