Dos filmes que vejo - Pobres Criaturas
Pobres Criaturas, vencedor do Leão de Ouro de Veneza e o principal opositor de Oppenheimer com as suas onze nomeações, filme meio surreal do grego Yorgos Lanthimos, tinha tudo para ser uma obra-prima, um argumento e diálogos riquíssimos, uma dimensão cromática e visual com cenários, guarda-roupa e uma fotografia deslumbrantes, atores em estado de graça (só não gostei da banda sonora, também nomeada para o óscar), no caso de nós portugueses até temos uma Lisboa recriada num conto de fadas e a nossa Carminho a cantarolar um fado, mas – que maçada, há um mas -, nalguns momentos o filme perde o ritmo e torna-se chato, enrodilha-se imenso na sofisticação cénica e a coisa não desenvolve, começa de forma fulgurante, acaba em boa forma, mas pelo meio um cuidado excessivo com a finesse e o requinte visual torna-se maçador, Pobres Criaturas tinha tudo para ser um grande grande filme, falhou por um triz.
Emma Stone pode muito bem derrotar a favorita Lily Gladstone na corrida dos prémios (têm estado muito taco a taco) – sendo ambas magistrais e as nomeações justíssimas não será por elas que estarei a torcer -, e não haja qualquer dúvida que Stone, a alma do filme e cheia de cambiantes, é verdadeiramente sublime na sua Bella Baxter.