Está mal - a infâmia das Raspadinhas
É conhecido que as raspadinhas são uma praga social e um aflitivo problema de saúde mental pela dependência que causa, pior do que isso, como diz Luís Aguiar-Conraria no Expresso, são verdadeiramente amorais porque é uma forma do Estado sacar dinheiro aos pobres e desfavorecidos, sim porque as receitas dos jogos de Santa Casa ou revertem diretamente para o Estado (em 78% do seu montante), ou então financiam a própria Santa Casa que assegura funções do Estado Social na região de Lisboa.
A nova provedora Ana Jorge lava as suas mãos como Pilatos ao reconhecer que o mal está feito e se a benemérita Santa Casa renunciasse às ditas o vício manter-se-ia mas a benefícios de outros, por isso há que surfar na crista da onda e aprovar a venda de mais uma raspadinha europeia, a Eurodreams, que vai trazer uma prometida subsistência mensal a muitos jovens crédulos, conseguindo assim o Estado arrecadar mais uns trocos aos pobres viciados e dependentes, isto é INFAME.
Ana Jorge vai mais longe ainda, reconhecendo que a Santa Casa não tem a maioria da quota de mercado dos jogos de azar, e como tal, advoga, “temos de ser mais concorrenciais”.
Resolver esta problema não será fácil, mas ao menos que houvesse vontade política e institucional para o combater ou atenuar, mas ao contrário o que vemos é a Santa Casa e o Estado lançarem mais achas para a fogueira e cavarem ainda mais o poço destes infelizes, e à sua custa encherem os cofres, isto é tão mau mas tão mau que nos deve inquietar a todos.