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BURRO VELHO

BURRO VELHO

13
Nov24

Das coisas da Política - chorar ou esquecer?

BURRO VELHO

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Nos últimos dias tenho pensado em partilhar convosco alguns estados de alma sobre alguns factos políticos, sobre a desesperançada derrota de Kamala Harris e a forma como ilusoriamente acreditei que podia vencer, sobre como de repente passou a ser uma péssima candidata que fez uma campanha terrível, e de como afinal Trump nem é assim tão mau, se fosse os mercados não teriam disparado nem teria tido tantos eleitores a votar nele, porque a democracia exige que tenhamos de reconhecer que o eleitor médio dos EUA tem padrões de exigência elevados, eufemisticamente falando, que não são racistas, sexistas e pouco inteligentes, é inegável que os democratas esqueceram os metalúrgicos e é Elon Musk quem os vai proteger, ou a forma como Zelenski felicitou Trump pela sua impressionante vitória, ah pois pudera, o homem está a ver a coisa negra mas talvez fosse escusado tanta subserviência, de Netanyahu já nem falo, é mau demais, ou então poderia discorrer sobre o saco de pancada do autarca de Loures Ricardo Leão, esse fascista que quer pôr uma assistente social a verificar se a criancinha pode ou não comer na cantina da escola se os pais comerem croissants todos os dias na pastelaria da rua, e não pagarem 10€ por mês para a sopa na escola, repudiem já este senhor, vamos já levantar as barreiras da higienização social e demitir-nos sem demora dos lugares onde esse senhor também se senta, como Alexandra Leitão fez tão prontamente, ou gozar com ele nos programas de humor, sim porque o RAP que eu muito admiro percebe imenso do que se passa numa escola pública, ou então da pequena cretinice a que Costa não resistiu para tentar dar uma alfinetada ao seu delfim Pedro Nuno Santos, aguardemos para ver quais são as suas fronteiras com a extrema-direita quando se sentar à mesa com alguns senhores da Europa, Orban e Merloni à cabeça, ou então da ministra que não sabe dizer pão mas ao que parece não é burra nenhuma, ou então da outra ministra que verborreia e prepotência não lhe falta, mas ao que parece para além de fazer promessas, anunciar despedimentos e dizer que não mente, sabe fazer pouco, dessa mesma ministra que acha que é suficiente dizer aos portugueses que o Governo abriu concurso para 200 técnicos para o INEM quando sabe perfeitamente que naquelas condições ninguém no seu perfeito juízo vai concorrer, ou para o helitransporte com preços tais que se sabe de antemão que nenhum fornecedor vai apresentar proposta, essa senhora ministra que sabe muito mas acha que os portugueses pensam pouco, ou então do primeiro-ministro que tem mais do que fazer do que se preocupar se o INEM faz ou deixa de fazer greve às horas extraordinárias, ora essa, era o que faltava, não vá cair outro helicóptero ao rio e ele ter de ir a correr tirar umas fotos, de facto apetecia-me dizer algo sobre estas coisas, mas é tudo tão triste que não me apetece chafurdar mais na lama, mais vale falar de séries e filmes que nos fazem esquecer por um bocado tudo isto, e o que não falta aí são coisas que valem mesmo muito a pena ver.

 

17
Nov23

Da atualidade política - a supremacia 'moral' do PS

BURRO VELHO

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Qualquer outro partido que fizesse metade, um terço destas patifarias e trapalhices, já teria sido engolido vivo. O Partido Socialista … possui uma resistência aos escândalos e desaires que os outros partidos não têm. António Costa é o perfeito exemplar deste estado de coisas. Passos Coelho foi crucificado por muito menos. O PS sobreviveu ao escândalo da Casa Pia, a única vez que correu perigo sério e em que atiraram a matar para destruir o partido e seus dirigentes, sobreviveu à demissão de Guterres, e fuga, sobreviveu ao escândalo de Sócrates, único na história de democracia portuguesa, sobreviveu aos erros e horrores da pandemia (que não foi o sucesso imputado a Costa, que a certa altura estava mais interessado em trazer para Portugal um campeonato de futebol do que no confinamento, chamando a isto um “prémio” aos médicos e trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde — a mais asinina frase da democracia portuguesa) e sobreviveu aos escândalos deste Governo. Pedrógão, Tancos, negócios corruptos da Defesa, o transfronteiriço de outro nomeado de Costa com cadáveres no armário, e as guerras com os professores e os médicos. Fora o resto. A pouco e pouco, por inércia, incompetência e arrogância do Governo, vimos esboroarem-se o SNS e a educação pública.

Ora nada disto faz parar o PS para pensar. O PS julga-se o único partido competente e inteligente para governar a pátria, e acha-se o destinatário de um direito divino. O PS comporta-se como uma monarquia, com famílias reais, uma aristocracia que não renuncia aos privilégios, uma corte de serventes e serviçais, e direitos dinásticos. O mote real é “Habituem-se!”. A insígnia é “contra tudo e contra todos”.

São socialistas e basta, o título sugere uma supremacia moral. Este PS não aceita pactos de regime, usa a direita ou a esquerda conforme lhe convém para se manter à tona. E acha-se a única garantia contra o Chega e a ameaça corporizada em André Ventura. Na verdade, usa Ventura como o papão da democracia, tal como usara Passos Coelho como o papão da austeridade e da justiça social.

Com o mestre da sobrevivência António Costa, todas estas características se acentuaram, agravadas pelo facto de o pessoal político se ter desqualificado. A aristocracia dos tempos da fundação era agora um corpo de videirinhos e trepadores sociais, com raras exceções... Este PS não vai sair de cena com facilidade, não admite a derrota, não tem escrúpulos morais. Não tem emprego”.

Estas palavras não são minhas, foram escritas, e muito bem escritas, pela Clara Ferreira Alves na sua crónica no Jornal Expresso, porque a malta desespera por uma alternância, o problema ainda maior é quando olhamos para os lados e ver quem pode vir a seguir, que lástima o principal partido da oposição andar tão levianamente a brincar.

 

09
Nov23

Da atualidade política - a demissão de António Costa e o comunicado de imprensa da PGR

BURRO VELHO

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Em um, a minha perceção continua a ser que António Costa é um político sério e que se quis rodear de pessoas pouco ou nada recomendáveis.

Em dois, não quero pensar que a Procuradoria Geral da República possa ter sido leviana no famoso último parágrafo do comunicado de imprensa, não quero pensar que possamos estar perante um flagrante caso de judicialização da política (ouçam agora de novo Rui Rio a este respeito) e que o Ministério Público tenha demitido um Governo democraticamente eleito a seu bel prazer (mesmo que eu entenda que só os casos Escaria, Lacerda e Galamba, ou seja, se não houvesse o dito último parágrado, já eram suficientes para deitar abaixo o Governo).

Em três, dada a gravidade da situação e sendo as consequências do referido comunicado absolutamente previsíveis, na minha opinião o seu conteúdo é insuficiente e inaceitável, não pode ser dito aos portugueses que um governo eleito foi derrubado porque alguém diz que disse, algo mais tem de nos ser dito (seja pela PGR, seja pelo Supremo Tribunal de Justiça onde o processo vai decorrer).

Em quatro, acho que a reação de António Costa foi a única possível e não lhe encontro incoerência com as formas como no passado quis (erradamente) proteger os seus ministros.

Em cinco, dispensem-nos de ver nas notícias que os alegados suspeitos corruptores ativos corromperam os alegados corrompidos passivos pagando-lhes almoços, ou que ministros usaram os seus motoristas para transportarem as suas filhas ou empregadas, presumo que isso seja absolutamente acessório para o que deve estar em cima da mesa, certo? Tudo isto não é sobre um lobbying discutível ou umas idas ao colégio, pois não?

Em seis, espero que mais logo Marcelo Rebelo de Sousa convoque eleições e salvaguarde a aprovação do Orçamento.

Em sete, eu otimista irritante que sou nem me atrevo a fazer cenários de quem por aí vem de tão assustador que é, é caso para os crentes dizerem Olhai por nós Senhor, olhai por nós.

 

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