Dos filmes de que gosto - Ossos e Nomes, de Fabian Stumm
Sete da tarde, dia de neura, não te apetece ir já para casa e resolves enfiar-te numa sessão de cinema, que filmes estão agora, olha aqui um alemão e eu normalmente dou-me bem com os filmes alemães, gosto de ver filmes alemães não só pela língua, mas, sobretudo, pela sociedade alemã retratada que é sempre algo que me suscita muito interesse.
Ossos e Nomes (Knochen und Namen), de Fabian Stumm, que bela surpresa, será preciso estar no mood certo para apreciar o filme, admito, mas naquele dia às sete da tarde eu estava definitivamente com esse mood.
Boris e Jonathan são um casal de uma certa elite intelectual de Berlim, um escritor, o outro ator, ainda não estão propriamente em crise mas percebem que começam a estar distantes um do outro, já implicam mais do que conversam, já se irritam mais do que riem, com impactos na suas vidas profissionais, um escritor desinspirado e um ator que tende a misturar a realidade com ficção, sendo este jogo um dos aspetos mais estimulantes, a forma como os ensaios do filme se entrelaçam com a vida das personagens, a forma como a fala das personagens se entrecruza com a fala das personagens do filme dentro do filme.
Cada cena demora o tempo certo, não é um slow movie mas podemos respirar em cada cena, e os planos são normalmente muito depurados, desenquadrados, até meio desengonçados, muitas vezes só uma parede branca ou uma janela, quase como se estivéssemos num consultório a fazer terapia, sendo que para mim esta opção do realizador resultou muito bem.
Fabian Stumm escreveu, interpretou e realizou Ossos e Nomes, porque no fim somos todos apenas isso, ossos e nomes, gostei muito.
E o meu reconhecimento às pequenas distribuidoras que nos permitem ver estes filmes que levam tão pouca gente às salas de cinema.