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BURRO VELHO

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18
Abr25

Dos filmes de que gosto - Vermiglio

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Vermiglio, da realizadora italiana Maura Delpero, vencedor do leão de prata no último Festival de Veneza,  é um filme passado no final da segunda grande guerra numa aldeia perdida dos Alpes italianos, donde dificilmente se sai e aonde a vida de fora não chega, salvo um jovem desertor que um dia foi lá procurar um esconderijo e acabou por mexer na vida e nos costumes da aldeia.

Tendo como ingredientes o isolamento e a religião, a simplicidade e o bucolismo de Vermiglio são de grande beleza, talvez lhe falte alguma chama mas é sem dúvida um belíssimo filme do realismo italiano, para ver sem pressas.

 

02
Jun24

Dos filmes que adoramos - La Chimera, de Alice Rohrwacher

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No IndieLisboa tive a felicidade de poder ouvir a italiana Alice Rohrwacher a falar-nos do seu LA CHIMERA, de a ouvir explicar-nos que os tombaroli eram as trupes de homens que nos anos 80 pilhavam sepulturas milenares para roubarem artefactos etruscos e os venderem a museus e colecionadores endinheirados, e LA CHIMERA é sobre esses tombaroli, um filme que segundo Alice é parte comédia, parte drama, parte aventura, que é parte profano e parte sagrado, parte divertido e parte chato, parte poético e parte cru - tão cru que algunstombaroli foram-no de verdade e a quem Alice foi buscar às cadeias, dito pela própria Alice -, um filme Felliniano que não é catalogável por ser tão livre e mágico, um filme que capta uma energia selvagem e alegre a que facilmente associamos aqueles italianos da Toscana dos anos 80, tão bem interpretados por um elenco notável, onde se destaca um dos meus atores fetish, Josh O’Connor, a divertidíssima e diva Isabella Rossellini, a brasileira Carol Duarte e Alba Rohrwacher, que admirável génio genético estas irmãs herdaram, minha nossa senhora.

Estreia em sala na próxima quinta-feira.

 

29
Abr24

Dos filmes que vejo - O Rapto, de Marco Bellocchio

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Em O Rapto, do italiano Marco Bellocchio, vemos uma igreja católica no século XIX obscura, fanática, grotesca, que impunha aos crentes as suas verdades dogmáticas (espetacular a cena em que o menino Edgardo explica a Pio IX o que é uma dogma, uma verdade da fé em que se acredita sem se fazer perguntas, sem se discutir, porque vem diretamente de Deus) como forma para estes aceitarem as maiores atrocidades dos eclesiásticos, mesmo quando sob as suas vestes de cordeiro cortavam cerce nos laços familiares de uma criança com a sua família, nomeadamente neste célebre caso em que um bebé judeu foi batizado à revelia de seus pais e como tal foi-lhes raptado para ser educado à luz da fé católica, educado para ser obediente e subserviente, educado para servir a Igreja de forma acéfala e deixar morrer o homem que há dentro de cada um de nós.

O filme é de um classicismo puro, austero, imponente, por alturas de 1850 vemos uma Bolonha, e uma Santa Sé, opulenta, rica, próspera, virtuosa nos seus rituais judeus e católicos, aonde as pessoas e as casas sujas e pobres não têm lugar, onde o poder do Vaticano seca qualquer réstia de humanidade, talvez por isso me tenha faltado uma nesga para aos meus olhos O Rapto ser um filme extraordinário, daqueles que nos tiram o fôlego, talvez tenha faltado isso mesmo, sangue na guelra, ou humanidade se preferirem.

 

06
Out23

Dos filmes de que eu gosto - O Sol do Futuro, de Nanni Moretti

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Em O Sol do Futuro (Il Sol dell’avvenire), Nanni Moretti troca a lambreta por uma trotinete e faz um dos melhores filmes do ano, onde cabe muita coisa, reflexões pessoais, nostalgias, crónica social e política, amor ao cinema, um filme leve, rezingão, intelectual e otimista, com um pezinho no musical, e pleno de ironia e de um sarcasmo bem mordaz, un capolavoro, que é como quem diz, uma obra-prima.

 

 

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