Dos espetáculos de que gosto - O Filho
O dramaturgo francês Florian Zeller escreveu para teatro ‘O Pai’ e ‘O filho’, tendo inclusive realizado as duas adaptações ao cinema, onde foi mais bem-sucedido com a história dentro da cabeça do pai com alzheimer, com Anthony Hopkins a ganhar muito merecidamente o óscar para melhor ator e Olivia Colman a brilhar lá nas alturas.
Temos agora ‘O filho’ em cena no Teatro Aberto, com uma encenação de João Lourenço muito próxima às sequências de um filme e com a ajuda de pequenos vídeos de 40 segundos em grandes écrans que vão pautando as mudanças de cenários, o que a par dos jogos de luz me pareceu muito bem conseguido, com um grupo de atores que, na minha opinião, merece apenas uma nota boa mas sem distinção (sou mega fã da Cleia Almeida que não estando de todo mal achei-a um pouco morna, gostei imenso do filho Rui Pedro Silva, a Sara Matos começou a irritar-me mas depois safou-se bem, o psiquiatra Paulo Oom muito credível e, Paulo Pires? Tem um cabelo que nos mata de inveja e não chega a ser um grande canastrão, mas que pena este pai não ter sido feito por um ator de mão cheia como um Ivo Canelas).
Mas se a nota técnica não foi brilhante, a nota artística conseguiu um 10 com a tareia emocional que todos nós levámos – não me recordo de chorar numa sala de teatro mas já de pé nas palmas finais, as lágrimas ainda me corriam, o sofrimento e a angústia que sentimos foi algo muito vivido, muito intenso, quase que nos apetecia gritar àqueles pais tudo aquilo que nós já estávamos a ver e eles ainda não, as pontes, comparações, saudades e arrependimentos são inevitáveis.
É a história da depressão de um adolescente após a separação dos pais, em que apesar de serem apanhados desprevenidos e de cometerem erros, os adultos tudo fazem para salvar o filho, mas às vezes nem todo o amor do mundo é suficiente, às vezes a vida é pesada demais.
Em cartaz pelo menos até ao final do mês.