Está mal - os falhanços do Estado
Há poucos dias em São Mamede de Infesta um homem de 42 anos assassinou a sua ex-namorada, atropelando-a mortalmente três vezes à porta do seu trabalho, assegurando que o pneu da sua viatura esmagava o crânio da vítima – os vizinhos e transeuntes perseguiram-no e conseguiram que a PSP o prendesse.
O bandido era reincidente porque já em 2009 tinha assassinado outra mulher, dessa feita com 23 facadas e em Castelo Branco – note-se a forma particularmente hedionda dos crimes -, tendo sido então condenado a 16 anos de prisão, libertado ao fim de 10 anos em liberdade condicional.
Uns anos mais tarde, outra jovem, em Bragança, apresentou queixa do assassino, tendo tudo ficado em águas de bacalhau porque na altura do COVID parece que o país não funcionava, sorte imensa terá tido essa senhora, saber-se-á hoje.
Indignem-se minha gente, porque é para indignar, a mulher agora assassinada já tinha apresentado queixa à polícia 7 vezes – 7!!! -, a última das quais cerca de 2 semanas antes do fatídico atropelamento, esta senhora disse às autoridades, que nos devem defender, que se sentia em perigo, e essas mesmas autoridades nada fizeram para a proteger, ou se alguma coisa fizeram (desconheço) foi insuficiente.
Como é que uma pessoa que mata outra com 23 facadas vê a sua pena reduzida para quase metade, que bom comportamento é este que põe criminosos na rua a matar outras pessoas? O tribunal de execução de penas cumpriu todos os preceitos? Presume-se que sim.
Já é bastante chocante saber que o comportamento deste homem em 2019 não foi suficiente para ter sido reconduzido imediatamente à cadeia, afinal estava em condicional, mas como é que foi possível este criminoso cadastrado que espalha o horror pelo país fora, não ter sido impedido de cometer novo crime, como é que foi possível que o Estado não tenha protegido esta mulher que pelo menos em 7 ocasiões pediu desesperadamente ajuda?
Das duas uma, ou alguém (ou vários alguéns) não cumpriu (ou não cumpriram) com as suas obrigações, e se assim foi que seja(m) devidamente punida(s), ou os procedimentos estão errados, e nesse caso que se mudem os procedimentos, mas agora que já ninguém pode salvar a vida desta senhora resta-nos a todos clamar que o Estado cumpra a sua principal missão, proteger os cidadãos, tendo o nosso Estado falhado de forma grave e muito grosseira, triste, muito triste.