Das séries de que gosto - FEUD: Capote vs The Swans
Feud: Capote vs The Swans, a nova série de Ryan Murphy, é aparentemente só uma história de fofocas e mexericos da alta-roda nova-iorquina dos anos 60 e 70, mas é bem mais do que isso, é a história de Truman Capote, acabadinho de vencer o Nobel da literatura com ‘A Sangue Frio’ e alvo de todas as atenções mediáticas e sociais, o bobo da corte gay, viperino e desbragado, que todas as socialites disputam para o ter ao seu lado, um mundo onde se toma banho com Don Perignon e os lençóis são encomendados em Paris quando se vai aos desfiles da Givenchy ou Chanel, mas quando Capote resolve pôr a nu os podres das suas amigas e inimigas, as Swans, passamos a ter um retrato surpreendentemente sensível da solidão encharcada em cigarros e vinhos caros, um olhar triste de mulheres absolutamente deslumbrantes e intocáveis que são mal tratadas e depois tratam as outras pessoas igualmente mal, personagens carismáticas, atenciosas e capazes de amar quem lhes é próximo, mas que são ao mesmo tempo desagradáveis e tortuosas, personagens que não são nem vilãs nem vítimas, não são só más nem só boazinhas, personagens que são complexas, que se tentam salvar a si e aos que lhes são queridos mas logo a seguir empurram o amigo ou a amiga para o fim do abismo, sendo que no final a maldade é derrotada por uma melancolia reconciliadora.
É verdade que adormeci sempre nos primeiros episódios, mas não atribuo esses bocejos ao facto da série ser chata, porque quando os vi de novo fiquei sempre preso ao enredo, acho que era só cansaço, e talvez por isso tenha achado a linha do tempo algo confusa, anda para trás, anda para a frente, às vezes não sabia a quantas andávamos, mas gostei muito de Capote vs Swans, se nada mais houvesse nos oito episódios realizados por Gus Van Sant, já valia a pena só para podermos apreciar uma cena que fosse de Naomi Watts e Tom Hollander, absolutamente geniais, e se tal ainda não bastasse há ainda Chloé Sevigny, Diane Lane, Calista Flockhart (as mexidas que fez na cara não lhe fizeram bem, que saudades da Ally McBeal), Jessica Lange e Demi Moore, tudo isto servido em bandejas de luxo e ostentação.
Na HBO.