Das pessoas que admiramos - Cristiano Ronaldo e a Seleção
Num artigo de opinião do insuspeito jornal The Guardian, um jornalista britânico diz aquilo que eu e muitos portugueses pensamos e o que muitos outros se recusam a admitir, e cito, “Questionamo-nos se as hordas de talentosos jogadores do ataque de Portugal se importam em ser atores secundários no show de Ronaldo. E questionamo-nos sobre a sabedoria de levar uma equipa imensamente talentosa para o Mundial, ou para este Europeu, para trata-la essencialmente como uma tournée de despedida. Oportunidades de ganhar grandes troféus, oportunidades reais, surgem muito raramente e sacrificá-las diante do ego de uma estrela em declínio, não importa o quão grande ele já foi, parece indefensável”.
Não saberia dizer melhor. É óbvio, é indiscutível, é absolutamente unânime que todo o país sente um enorme respeito e admiração por tudo aquilo que Cristiano Ronaldo conquistou, o país gosta de Ronaldo com todas as suas birras e caprichos, o país gosta genuinamente da Dona Dolores e de tudo isso, ponto final parágrafo, mas só um cego que não quer ver é que não enxerga o óbvio, e esse óbvio em nada será beliscado se Ronaldo num golpe de génio ainda nos der muitas alegrias no que resta do Europeu, que assim seja, mas Ronaldo não só já não tem lugar como titular da seleção, e estou a ser benevolente, como prejudica o jogo da equipa, e não é só a soberba de querer marcar os livres, mas há uma coisa que ainda é incontornável, ter o Cristiano a jogar ainda deve dar dinheiro a ganhar a muita gente, nomeadamente à Federação, só isso explica, só isso pode explicar a teimosia do senhor treinador.