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BURRO VELHO

BURRO VELHO

19
Fev25

Das coisas da política – Montenegro, a imobiliária e a moção de censura

BURRO VELHO

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A ideia da moção de censura ao Governo, por alegadas incompatibilidades de Montenegro, é simplesmente estapafúrdia, não cabe na cabeça de ninguém que o primeiro-ministro tenha feito passar a lei dos solos para ganhar uns trocos com a imobiliária da sua família, que, ao que parece, passou a incluir no seu objeto social a possibilidade da compra e venda de bens imobiliários já depois de tomar posse.

Dito isto, na minha opinião está tudo bem? Nem por sombras, estão várias coisas mal.

Para começar, assim que transmite as quotas de uma empresa para a família, cheira logo a esturro.

Apelando à ponderação que as palavras exigem, numa grande parte das situações em que se transmite, ficticiamente, as quotas de uma sociedade para alguém próximo, com ou sem uma procuração irrevogável a acompanhar, esta depende do grau de proximidade, está o caldo entornado.

Em muitas destas situações, o pretendido é contornar algum expediente, esconder algo, seja escapar a declarações de conflito de interesses, a dívidas, a penhoras de contas, evasão fiscal, ou outras coisas que tais, e usei palavras muito benevolentes, estou certo que se houvesse uma lei em que as conservatórias ou os notários tivessem de reportar ao ministério público as procurações irrevogáveis, e este tipo de transmissões, e muita trapaceirice seria impedida.

Mas então o homem não podia ganhar a vida antes de ascender ao cargo? Claro que sim, ninguém contesta que ganhe dinheiro, o que se põe em causa é opacidade de quem ocupa um dos mais altos cargos da nação, a função traz consigo coisas boas e menos boas, é todo um pacote, e quem exerce este tipo de lugares tem de ser escrutinável, e a partir do momento em que aprova leis e nomeia pessoas para cargos importantes, então, o país tem de saber qual a sua eventual teia de interesses, o país tem de saber quem é que no passado lhe deu a ganhar para agora poder avaliar se há, ou não, troca ilícita de vantagens.

Não sou a favor que se enxovalhe a vida privada e profissional dos nossos políticos, isso só afasta aqueles de quem o país precisa, mas não confundamos as coisas, não é isto de que se trata aqui, o que se trata aqui é que Montenegro procurou lavar as mãos ao passar as quotas para a mulher e filhos, e agora não presta esclarecimentos, o que é que achava que ia ganhar com essa cedência? Ou o que é que achava que ia conseguir esconder?

E que história é esta do novo secretário de estado que foi buscar à Câmara de Vagos, que o contratava para a prestação de serviços, quais, quando, quanto? O primeiro também acha que nada deve explicar sobre o assunto, não é? Achará, por ventura, que a sua superioridade moral é absoluta e como tal acima de qualquer pergunta?

O que mais me desagrada em Montenegro é a sua postura esfíngica, impenetrável, de sobranceria perante os portugueses e jornalistas pois entende que nunca lhes deve explicar nada, essa estratégia de marketing político de nunca nada dizer para não se comprometer ou ser apanhado em falso, mas nunca me pareceu ser pouco inteligente, isso não lho nego, então como compreender este mutismo?

Às vezes o peito inchado de quem acha que tudo pode, não dá os melhores resultados, o futuro o dirá.

 

13
Set24

Da atualidade política - o veto na gaveta da lei da eutanásia

BURRO VELHO

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É legal, mas não é possível.

Após vários vetos políticos de Marcelo, de chumbos do Tribunal Constitucional, depois de uma alargadíssima discussão pública e de um apurado trabalho legislativo, a Assembleia da República aprovou a Lei da Eutanásia em Maio de 2023, com uma redação suficientemente blindada para precaver quaisquer situações de excesso ou de incúria, que é mais ou menos o mesmo que dizer que a maioria do povo português decidiu conceder o direito à morte medicamente assistida àqueles que invocam para si o direito à sua própria vida, e que manifestamente sofrem de uma doença grave e incurável e que se encontram numa situação de grande sofrimento- a lei não mata ninguém nem obrigará ninguém a matar, isso não existe!

Mas apesar de já ser legal, ainda não é possível, é necessário regulamentar a forma como é que todo o processo se irá operacionalizar, e para isso o Governo tem de fazer aquilo para o qual foi mandatado, redigir e aprovar os regulamentos necessários, os quais terão de ser promulgados pelo senhor Presidente da República.

Mas alguns senhores que se julgam iluminados e acima da lei, resolveram empurrar as suas obrigações com a barriga e por omissão recusam-se a fazer o que tem de ser feito, meia dúzia de senhores arroga-se ao direito de pelas suas convicções pessoais quererem impedir que seja cumprida a lei, tudo isto com o beneplácito da magistratura de influência negativa do suposto crente católico Marcelo Presidente, e digo ‘suposto’ porque a posição individual de cada um sobre esta matéria nada ter a ver com a fé católica, certamente que o Jesus Cristo do amor não desejará que os seus crentes sofram inauditamente, quando tudo o que querem é descansar sem fazer mal a ninguém.

Não vou discutir agora a bondade da lei, sim, ponderados todos os riscos sou convictamente favorável à lei e à dignidade humana que a lei concede a todos, mas as nossas posições individuais não relevam para a discussão que se está a ter no momento, acredito que o respeito pelos doentes, que possam estar a aguardar, obriga a que tenhamos de dar voz a este movimento que agora surge e apoiar a carta aberta que muitas personalidades dirigiram ao Governo, a qual afirma que “regulamentar a eutanásia é respeitar a democracia” – Sr. Primeiro Ministro, deixe se ser sonso e xico-esperto, não se esconda com minudências artificiais e cumpra a democracia e o estado de direito que ainda é Portugal.

 

18
Mai24

Habemus aeroporto - Camões em Alcochete

BURRO VELHO

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O Pedro Nuno Santos deve estar com uma azia de todo o tamanho, a construção do ‘seu’ aeroporto em Alcochete foi finalmente anunciada pelo primeiro-ministro, que, é facto, tinha a papinha toda feita para só assinar por baixo, mas não decide quem quer, decide quem pode, e Pedro Nuno Santos não podia, António Costa podia mas não quis, e Montenegro pode, quis, e, mal ou bem, decidiu, mérito seu. Quem paga a conta? Isso agora não interessa nada, quem vier a seguir que (a)pague a luz.

 

17
Abr24

Da atualidade política - o embusteiro

BURRO VELHO

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Claro que Montenegro e o PSD mentiram à fartazana com o tão prometido choque fiscal, simplesmente a principal promessa eleitoral e a primeira medida a ser anunciada no programa do Governo, coisa pouca - podem dizer à vontade que os jornalistas e a oposição se não perguntaram foi porque não quiseram, trabalhassem - por acaso a IL até perguntou de forma insistente e bem explícita -, podem até dizer que o que sempre prometeram foi uma redução de 1.500 milhões de euros em 2024 face a 2023, ou seja, nunca afirmaram preto no branco de quem era a paternidade da dita redução nunca antes vista pelos portugueses, podem dizer tudo e mais alguma coisa com aquele sorriso seráfico tão próprio de quem nada tem para dizer, ou melhor, de quem sempre espera para ver donde sopram ventos de feição antes de nos comprometermos seja com o que for, o verdadeiro catavento, podem até mandar o Ministro dos Assuntos Parlamentares aguentar-se à bronca no Parlamento e esconderem o Ministro das Finanças em Nova Iorque, mas a verdade é que nosso Primeiro e a sua entourage mentiu aos Portugueses com quantos dentes têm na boca, ou trocando por miúdos, o tal embuste (mentira ardilosa, patranha, logro).

Mas há uma coisa que não entendo - se calhar até há muitas -, que é ouvir tantas vozes, jornalistas, comentadores, oposição e correligionários de partido, afirmarem que isto foi um rude golpe na credibilidade de Montenegro e do seu Governo, mas como um rude golpe se nunca a tiveram, como perder uma coisa que nunca se teve?

Ou alguma vez alguém com dois dedos de testa acreditou no cenário macroeconómico da AD, que com um toque de midas fruto do milagroso choque fiscal (aquele que afinal se deve em 88% à dupla Costa & Medina), e do aumento do consumo interno, ia pôr o país sempre a crescer até ao final da legislatura (3,4% em 2028), aumentando ao mesmo tempo médicos, professores, polícias, oficiais de justiça e tudo o que tenha força para fazer greve, tudo isto ao mesmo tempo que vai assegurar um ligeiro excedente orçamental (algo elementar para quem vai arrecadar menos impostos e ter muito mais despesa, ironia, ok?) – com este nível de 'ambição', que sustentou todas as promessas possíveis e imaginárias, acham mesmo que ainda havia credibilidade para o Governo perder?

Aguardemos para ver como é que aos poucos estas botas vão sendo descalçadas, aguardemos.

 

09
Nov23

Da atualidade política - a demissão de António Costa e o comunicado de imprensa da PGR

BURRO VELHO

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Em um, a minha perceção continua a ser que António Costa é um político sério e que se quis rodear de pessoas pouco ou nada recomendáveis.

Em dois, não quero pensar que a Procuradoria Geral da República possa ter sido leviana no famoso último parágrafo do comunicado de imprensa, não quero pensar que possamos estar perante um flagrante caso de judicialização da política (ouçam agora de novo Rui Rio a este respeito) e que o Ministério Público tenha demitido um Governo democraticamente eleito a seu bel prazer (mesmo que eu entenda que só os casos Escaria, Lacerda e Galamba, ou seja, se não houvesse o dito último parágrado, já eram suficientes para deitar abaixo o Governo).

Em três, dada a gravidade da situação e sendo as consequências do referido comunicado absolutamente previsíveis, na minha opinião o seu conteúdo é insuficiente e inaceitável, não pode ser dito aos portugueses que um governo eleito foi derrubado porque alguém diz que disse, algo mais tem de nos ser dito (seja pela PGR, seja pelo Supremo Tribunal de Justiça onde o processo vai decorrer).

Em quatro, acho que a reação de António Costa foi a única possível e não lhe encontro incoerência com as formas como no passado quis (erradamente) proteger os seus ministros.

Em cinco, dispensem-nos de ver nas notícias que os alegados suspeitos corruptores ativos corromperam os alegados corrompidos passivos pagando-lhes almoços, ou que ministros usaram os seus motoristas para transportarem as suas filhas ou empregadas, presumo que isso seja absolutamente acessório para o que deve estar em cima da mesa, certo? Tudo isto não é sobre um lobbying discutível ou umas idas ao colégio, pois não?

Em seis, espero que mais logo Marcelo Rebelo de Sousa convoque eleições e salvaguarde a aprovação do Orçamento.

Em sete, eu otimista irritante que sou nem me atrevo a fazer cenários de quem por aí vem de tão assustador que é, é caso para os crentes dizerem Olhai por nós Senhor, olhai por nós.

 

01
Set23

Do que está mal - SNS

BURRO VELHO

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No início de agosto A estava de férias a gozar o início da sua reforma com a família, A sentia-se muito cansada sempre que tinha de caminhar mais um pouco.

A acabou por ir às urgências do seu hospital de origem e ser transferida para a unidade que a seguia há mais de 30 anos por ser cardíaca.

O prognóstico era crítico, o coração estava uma papa e não havia nada a fazer, a única possibilidade seria o transplante, hipótese excluída porque entre outros critérios A tinha excedido por 2 anos o critério da idade máxima.

Por causa do Covid as suas consultas cardíacas têm sido canceladas desde 2020, ou seja, na altura A ainda cumpria esse critério, revoltante, não é?

Sou grato ao nosso SNS que, sobretudo nos casos graves, costuma dar resposta, mas há falhas que custam aceitar, e está é uma delas, por isso se vêm aí reformas do SNS venham elas, desconheço por completo o seu teor mas é preciso começar por algum lado, se nada se fizer estamos condenados.

Dizem que o dinheiro não compra a felicidade, mas compra melhores cuidados médicos, e saúde é felicidade. Descanse em paz A.

(Nota: não conheço pessoalmente nem A nem a sua família)

 

02
Jun23

Está mal - Serviços Públicos

BURRO VELHO

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Todos as manhãs antes das 9 passo por várias repartições públicas como o IMT, a Segurança Social e uma Loja do Cidadão, que não parece ser das piores, e o cenário é sempre o mesmo, filas de espera (na foto) que dão a volta ao quarteirão, filas de centenas de metros e longas horas pela frente em condições verdadeiramente penosas (na sua grande maioria estrangeiros) – e quem for um pouco mais tarde já não arranja as benditas senhas.

Num país que se quer na vanguarda do mundo ocidental, e com um Governo que diz estar com os bolsos cheios, não se tratam as pessoas desta forma indigna, o mau atendimento das repartições públicas devia ser uma prioridade de estado.

 

06
Abr23

Da atualidade política - Comissão de Inquérito TAP

BURRO VELHO

TAP

 

No decorrer da Comissão de Inquérito à TAP soube-se que em Janeiro a senhora presidente Christine Ourmières-Widener reuniu secretamente com o grupo parlamentar do PS e ‘membros juniores’ do Governo, por recomendação do ministro das infraestruturas, para preparem a primeira audição na Assembleia da República, já no âmbito desta Comissão de Inquérito.

A presidente não se recorda de terem sido então combinadas as questões que lhe seriam colocadas na dita audiência, mas a senhora presidente também não se recordava de ter estado nessa reunião (via Teams, creio), teve de consultar a sua agenda pessoal para avivar a memória, fantochada.

Além da total falta de ética, isto é violar todas as regras – sim, o Governo e deputados da nação violaram as regras e está tudo bem: esta gente achou que era natural, com a maior descontração e desfaçatez, acertarem as perguntas e respostas entre si, entre quem ia inquirir e ser inquirido, para assim melhor ludibriarem os deputados da oposição e os portugueses em geral, isto é gravíssimo, manchando o bom nome dos ministros João Galamba e Ana Catarina Mendes, dos deputados presentes e da própria Christine.

Já vi ministros serem demitidos por menos, apurem-se as responsabilidades, isto é gravíssimo.

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