Da atualidade política - o discurso de Carlos Moedas no 5 de outubro
Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, anunciou ao país no seu discurso do 5 de Outubro, que conseguiu “higienizar” (não é uma citação, só ironia) a zona circundante da Igreja dos Anjos, tendo instalado em pensões os muitos imigrantes e sem-abrigo que aí viviam em tendas de campismo há meses - muito bem, o país, e eu próprio que resido no bairro, gostámos de saber, abençoado o momento solene que obrigou a malta da Câmara a andar a correr na véspera para se poder propagandear tal feito em tão respeitosa tribuna, as cerimónias oficiais da implantação da república.
Não me venham agora dizer que se calhar esta solução já poderia ter sido encontrada há mais tempo, que o fez por estratégia política e não pelo bem-estar e segurança das pessoas ou que a azáfama pelo timing das festividades não justifica a correria com que puseram as pessoas a andar, de maneira que até perderam pelo caminho as suas poucas posses, isso são bocas de quem gosta ser do contra e de estar sempre a malhar no pobre Moedas, malta do reviralho, o que importa é que fez alguma coisa e alguma coisa terá ficado melhor – esperemos que haja uma estratégia pensada sobre o que fazer a seguir -, quem me dera a mim que no próximo discurso oficial na varanda dos Paços de Concelho, Carlos Moedas quisesse anunciar outro feito camarário, por exemplo que tinha conseguido higienizar (sem aspas) as ruas fedorentas e entupidas de lixo e entulho, sim, os bairros que movimentam mais pessoas, como Arroios e Santa Maria Maior, são uma lixeira aberta e quando um munícipe se queixa há um anedótico (e crónico) empurra responsabilidades entre a Câmara e as suas freguesias, é que não nos importamos mesmo nada do seu oportunismo político se nos for resolvendo um ou outro problema, pode ser senhor presidente?