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BURRO VELHO

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08
Out24

Da atualidade política - o discurso de Carlos Moedas no 5 de outubro

BURRO VELHO

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Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, anunciou ao país no seu discurso do 5 de Outubro, que conseguiu “higienizar” (não é uma citação, só ironia) a zona circundante da Igreja dos Anjos, tendo instalado em pensões os muitos imigrantes e sem-abrigo que aí viviam em tendas de campismo há meses - muito bem, o país, e eu próprio que resido no bairro, gostámos de saber, abençoado o momento solene que obrigou a malta da Câmara a andar a correr na véspera para se poder propagandear tal feito em tão respeitosa tribuna, as cerimónias oficiais da implantação da república.

Não me venham agora dizer que se calhar esta solução já poderia ter sido encontrada há mais tempo, que o fez por estratégia política e não pelo bem-estar e segurança das pessoas ou que a azáfama pelo timing das festividades não justifica a correria com que puseram as pessoas a andar, de maneira que até perderam pelo caminho as suas poucas posses, isso são bocas de quem gosta ser do contra e de estar sempre a malhar no pobre Moedas, malta do reviralho, o que importa é que fez alguma coisa e alguma coisa terá ficado melhor – esperemos que haja uma estratégia pensada sobre o que fazer a seguir -, quem me dera a mim que no próximo discurso oficial na varanda dos Paços de Concelho, Carlos Moedas quisesse anunciar outro feito camarário, por exemplo que tinha conseguido higienizar (sem aspas) as ruas fedorentas e entupidas de lixo e entulho, sim, os bairros que movimentam mais pessoas, como Arroios e Santa Maria Maior, são uma lixeira aberta e quando um munícipe se queixa há um anedótico (e crónico) empurra responsabilidades entre a Câmara e as suas freguesias, é que não nos importamos mesmo nada do seu oportunismo político se nos for resolvendo um ou outro problema, pode ser senhor presidente?  

 

21
Mai24

Da atualidade política - os sem-abrigo e a autarquia de Lisboa

BURRO VELHO

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Viver na grande cidade embrutece-nos, aos poucos vamos interiorizando uma enorme apatia para com as pessoas que nos rodeiam, algo que felizmente nas terras pequenas ainda não acontece, ali o próximo ainda é um ser humano que nos convoca alguma humanidade.

A forma como percorremos as ruas de Lisboa e nem um olhar desviamos para os muito sem-abrigo com quem nos cruzamos é algo absolutamente perturbante, mas deixando esta matéria à consciência de cada um - descer, por exemplo, a avenida Almirante Reis e perdermo-nos na igreja dos Anjos é, e senão é devia ser, traumático - é importante dizer que este flagelo deve ser um imperativo nacional.

Dizem as notícias que se estima que atualmente haja em Lisboa cerca de 3.000 pessoas sem-abrigo, 300 das quais a viver mesmo na rua, número que eu diria estar subavaliado, a minha impressão é que o número de pessoas a dormir nas ruas é superior.

É por isso que eu aplaudo a iniciativa de Carlos Moedas de tentar interpelar o Governo, a Presidência da República e as outras autarquias da Área Metropolitana de Lisboa para tentarem arranjar uma solução conjunta, construindo centros de acolhimento que possam dar um teto a todas as estas pessoas, este de facto deve ser um desígnio nacional e não apenas um problema da cidade de Lisboa.

Ah, sendo eu residente em Arroios, o centro nevrálgico dos imigrantes sem-abrigo da capital, por se concentrarem aqui vários serviços aonde tratam das suas papeladas, posso dizer-vos nunca vivi nenhum sentimento de insegurança ou testemunhei qualquer desacato associados a estas gentes esquecidas.

 

14
Nov23

Das lojas e restaurantes com história - o Galeto, em Lisboa

BURRO VELHO

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Há lugares sagrados na cidade que nos habituamos a ver e que dificilmente nos detemos para parar e entrar, quantos dos tripeiros nunca subiram aos Clérigos ou quantos dos Alfacinhas nunca foram ao Cristo Rei, pois bem, aconteceu-me exatamente isso com o Galeto, em frente ao qual passo quase todos os dias a pé e aonde só muito recentemente entrei.

O snack-bar Galeto foi inaugurado em 1966 na Avenida da República, ali ao Saldanha, em Lisboa, e é uma autêntica instituição viva da cidade, que atravessou gerações e onde, apesar das obras profundas, pouco terá mudado nestes quase 60 anos desde a sua inauguração, numa cidade e num país que se transformaram radicalmente.

O requinte imutável do preto e dourados e a madeira envernizada dos labirínticos balcões, desenhados pela dupla de arquitetos Vitor Palla e Joaquim Bento d’Almeida, a disposição dos bancos que nos confronta com os desconhecidos comensais que se sentam à nossa frente, a simpatia dos funcionários, a possibilidade de podermos ir aconchegar um estômago faminto até altas horas da madrugada, tudo isto e mais algumas coisas tornam sempre uma experiência única ir comer, por exemplo, um croquete com mostarda, uma canja de galinha ou um prego no pão.

 

31
Out23

Da vida das cidades - Monumental, em Lisboa

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O cinema Monumental tem um papel histórico na cidade de Lisboa absolutamente inolvidável, não sendo eu sequer um alfacinha – cresci a algumas centenas de quilómetros da capital -, foi ao Monumental que fui pela primeira vez ao cinema, ‘Uma Ilha no Teto do Mundo’, cuja única memória que guardo é precisamente a experiência de ir ao cinema e do grande cartaz com um dirigível muito colorido.

O município e as autoridades que tutelam a cidade não podem gerir uma cidade apagando o seu património e a sua memória coletiva, devem respeitar as suas vivências e tradições (bem sei que Moedas e os seus antecessores têm estado perfeitamente a borrifar-se para isso, tudo o que não sejam hoteis é mato), mas quando agora, a propósito da reconstrução do espaço por um promotor privado, se discute se as antigas salas de cinema devem voltar a abrir enquanto tal, ou dar lugar a uma escola inclusiva e gratuita para adolescentes no domínio das tecnologias (projeto altamente interessante), não estamos só a falar da memória e da história, nem apenas de cinema versus escola, estamos a falar também de urbanismo e  de uma visão para a cidade que se quer ter – ao trazerem para a praça do Saldanha apenas serviços ‘diurnos’ e não ancorar algo que faça mover as pessoas a qualquer hora do dia e da noite, estamos a potenciar uma cidade vazia, triste e perigosa e a empurrar as pessoas para o interior dos centros comerciais.

Daquilo que li o município de Lisboa terá dado (ou inclina-se a dar) parecer favorável à escola, mas a decisão estará na dependência do senhor Ministro da cultura, ao que não lhe será certamente indiferente o facto de Lisboa ser das piores capitais para se ver cinema em espaços ‘de rua’ (observe-se a pujança da Invicta e a tendência que se vai confirmando pela Europa fora), por isso, senhor Ministro, contamos consigo para que tome a decisão acertada.

 

29
Mai23

Das taxas pagas pelos turistas - Lisboa

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Os municípios portugueses tiveram receitas recorde com a taxa turística cobrada a quem nos visita, 2€ por noite a quem tem mais de 13 anos, com Lisboa a liderar o ranking com 13,6 milhões de euros de janeiro a abril.

Se calhar sou eu que estou enganado, mas tenho cá para mim que esta taxa sacada aos turistas era para fazer face às externalidades negativas do turismo, então Sr. Presidente Carlos Moedas, mande por favor reforçar a segurança e sobretudo limpar as ruas da cidade de Lisboa que estão imundas e com um cheiro fétido que não se aguenta, os seus munícipes muito agradecerão.

 

 

08
Abr23

Dos lugares bonitos - jardins de Lisboa

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Ainda não há muitos anos Lisboa estava de costas voltadas para os seus jardins, Monsanto era um local de passagem, o jardim da Estrela estava moribundo e o Campo Mártires da Pátria nem galinhas tinha, mas quase de repente, com um empurrãozinho dos estrangeiros que para cá vieram, sedentos de sol e de vida ao ar livre, transformaram-se radicalmente em lugares cheios de vida, hoje cheios de pessoas a passearem, a fazerem picnics  ou festas de aniversário, a ler, a brincar, a fazerem ioga, equilibrismo ou a jogar volley, a apanhar sol estendidas numa toalha ou só a olhar para o ar e a apreciar as inúmeras espécies de árvores, a ouvir os passarinhos ou a ver os patinhos bebé em fila indiana atrás da mãe pata ou o que lhes der na real gana, que maravilha estes jardins de Lisboa.

03
Abr23

Da atualidade - trotinetes elétricas

BURRO VELHO

trotinetes

 

Cerca de 100 mil parisienses votaram este domingo num referendo em que 90% decidiu o fim da circulação das trotinetes elétricas a partir do próximo mês de setembro.

Acredito que em Lisboa também estejam condenadas, é uma questão de tempo, ao princípio a ideia da mobilidade verde parecia muito atrativa, mas mostrou-se inviável, é um perigo para a saúde pública, o utilizador médio é bastante desordeiro, não respeita as pseudo regras de bom senso (porque outras não têm), atingem velocidades elevadas, galgam passeios, fazem tangentes aos peões e os atropelamentos são  frequentes, muitas vezes bebem demais e ninguem os reprime, é um desassossego andar a pé nalgumas ruas de Lisboa, experimentem por exemplo andar ali no Arco do Cego, já para não falar das auto quedas que volta e meia levam os turistas, e outros utentes também, para os bancos do hospital.

Acresce ainda a forma selvagem como ao final do dia são abandonadas ao desvario a obstruir a via pública e a dificultar, e muito, a circulação a pé, sobretudo a quem tem problemas de locomoção, idosos e não só.

Se houvesse cá um referendo igual, votaria claramente NÂO.

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