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BURRO VELHO

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19
Jun25

Das séries de que gosto - The Pitt

BURRO VELHO

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The Pitt é uma série dos diabos, eu que sou sempre muito disciplinado e sou daqueles que vejo um episódio de cada vez, aqui não resisti à necessidade sôfrega de ver mais e mais.

The Pitt é um misto de ER – Serviço de Urgência (com os mesmos produtores e protagonista, Noah Wyle) e 24, cada episódio, de duração aproximada de uma hora, corresponde ao tempo real da narrativa, temos, portanto, 15 episódios que correspondem à duração de um turno de 15 horas do serviço de urgência de um hospital de Pittsburgh.

A fórmula das séries de hospitais é sempre vencedora para quem aprecia o género, The Pitt não segue os cânones, desde logo pela tensão que trespassa para nós, ficamos completamente em suspenso daquelas personagens, tal o grau de verosimilhança dos procedimentos que vamos vendo, bem como o ritmo frenético do desenrolar de situações, tudo isto carburado pelas muitas histórias colaterais que vamos testemunhando, umas com arcos narrativos maiores, outras mais subtis, mas sempre muito credíveis e capazes de prender a nossa atenção.

E é inevitável a homenagem aos médicos e enfermeiros que vivem sob grande pressão num serviço de urgências, muitas vezes claudicando, vulneráveis, outras fortes e frios, mas sempre comprometidos em salvar o doente, mesmo que tal os prejudique forte e feio, uns verdadeiros heróis - por coincidência, esta manhã cruzei-me com a jovem médica que há dez anos atrás me fez sofrer desmesuradamente, com toda a incúria e insensibilidade deste mundo, numa noite de urgência, mas essa será a exceção que confirma a regra (e eu portei-me bem e não me atirei ao seu gasganete, claro).

No meio de tanta adrenalina e de histórias pessoais, The Pitt lança ainda inúmeras pistas de reflexão, que na América atual não é coisa pouca, é coisa muita, a racialização dos cuidados, as restrições ao aborto ilegal, o consumo de drogas, a obesidade, a barreira linguística, as horas de espera, os tiroteios em massa, o fanatismo religioso, e até a questão das vacinas nestes tempos de horror com o tal de Robert Kennedy Jr. aos comandos da saúde daquelas bandas.

Podem dizer que é uma série leve mas do melhor entretenimento que há, como preferirem, que tem algumas incoerências e é muito hiperbolizada, concedo, mas The Pitt é uma série mesmo muito muito boa.

Na Max.

 

16
Jan25

Dos filmes de que gosto - Juror #2, de Clint Eastwood

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Há certas coisas que custam a aceitar aos apreciadores de cinema, Clint Eastwood é um dos grandes mestres, realizador de uma vastíssima filmografia, com títulos como Million Dollar Baby, A Mula, Imperdoável ou As Pontes de Madison County, à beira de completar 95 anos, talvez o realizador mais velho em ação, e aquele que será provavelmente o seu último filme não teve estreia nas salas, saltou diretamente para o streaming, que lástima não lhe podermos prestar essa homenagem.

The Juror #2, é um clássico dos filmes de tribunal, com o tom certo, no ritmo certo, uma excelente direção de atores (Toni Collette sempre brilhante) e uma importante reflexão sobre o sistema jurídico norte-americano, só coisas boas, que bela despedida se for o caso.

Uma longa vida Clint, bravo!

Na Max. 

 

23
Nov24

Dos livros e das séries que amamos - A Amiga Genial

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Amizade, inveja, vingança, ambição, ciúmes, crime organizado, misoginia, luta de classes, encontramos tudo isto na obra-prima de Elena Ferrante, A Amiga Genial acompanha duas miúdas napolitanas ao longo de seis décadas, num autêntico fresco dos costumes e da política da sociedade italiana, o comunismo e o fascismo, o boom económico, a emancipação da mulher, o direito ao divórcio, a corrupção das instituições, a escola como única forma legítima de elevador social, no fundo a história de todo o Sul da Europa, tudo com uma subtileza intimista e uma força coletiva tão crua, potenciada pelo uso do dialeto napolitano, que não descansei até ter visitado Nápoles, para respirar um pouco o ar daquele caos e daquelas personagens, tendo o livro alcançado grande consagração a nível mundial, recentemente uma sondagem do New York Times considerou-o como o melhor livro (na verdade são quatro) do século XXI.

Estranhamente, muito estranhamente, a série homónima da HBO, com a própria Elena Ferrante a colaborar na adaptação do argumento, tem passado absolutamente despercebida, nada de prémios, artigos de opinião ou qualquer tipo de falatório, uma quase inexistência, mas agora que saiu o último episódio da quarta (e última) temporada, diz o New York Times que é uma das melhores séries dos últimos anos, a par de Breaking Bad, com o qual apenas concordo parcialmente, só porque não vi Breaking Bad.

À partida os fãs do livro não tinham muita fé que a série televisiva conseguisse captar todas as nuances intimistas dos livros, mas conseguiu-o na perfeição, a amizade incondicional de Lenu e de Lila conduz-nos por todos os podres que habitam dentro de nós, desde aqueles que vivem do pequeno crime para sobreviver no bairro pobre de Nápoles, até à elite intelectual de Florença ou Turim, devendo-se grande parte do êxito da série ao talento das dezenas e dezenas de atores e atrizes, desde logo com a predestinada Alba Rohrwacher, mas também ao cuidado absolutamente irrepreensível da direção artística, é um regalo permanente para os nossos olhos vermos a evolução da moda, dos penteados, as decorações das casas, os papeis de parede, os carros da Fiat e Lancia, os iogurtes e os sumos nas estantes dos supermercados, as músicas e as formas de dançar, tudo aquilo que vemos em cada cena de cada um dos episódios tornam A Amiga Genial uma série entusiasmante e imersiva.

Uma pessoa até pode sair do bairro onde nasceu, mas o bairro dificilmente sai de dentro de nós.

Bravíssimo!

 

28
Ago24

Dos documentários que vejo - Faye Dunaway

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Belíssimo documentário sobre Faye Dunaway, a lenda viva dos anos 60 e 70, sobre quem foi no passado e sobre quem é hoje, sim, a seguir ao auge vem quase sempre a sombra, e há muito que Faye perdeu as luzes da ribalta.

Mal-afamada (e mal-amada) por ser volátil, difícil e temperamental – Bette Davis acusou-a sem papas na língua de ser a pior pessoa de Hollywood -, mas absolutamente icónica e dona de um talento desmedido em filmes como Bonnie & Clyde, Chinatown ou Network.

O realizador, Laurent Bouzereau, com o seu consentimento, não procura suavizar a sua personalidade, complicada, irascível, alcoólica, mãe negligente, adúltera no seu romance com Marcello Mastroianni, não a desculpa com o excesso de trabalho, depressões ou com uma bipolaridade descoberta tardiamente para nos despertar alguma empatia, nada disso, mas também não deixa de nos questionar se o seu mau-feitio mereceria tanto alarido se Faye fosse um dos atores consagrados do seu tempo, será que sim?

Mais ainda do que rever os seus filmes, fiquei com imensa vontade de ver as fotos que foi fazendo na sua carreira com os melhores fotógrafos atrás de si, Faye tinha um carisma e um magnetismo com a câmara insuperável.

Na Max.

 

29
Mai24

Das séries que eu vejo - The Sympathizer

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Contra a maré dos elogios que tem arrecadado, para mim foi das piores séries que vi nos últimos tempos, uma amálgama criativa onde se quis enfiar todos os géneros e mais alguns, comédia, espionagem, guerra, crónica social, tudo e mais umas botas, com o Robert Downey Jr. a fazer a delícia dos seus fãs em múltiplas personagens cómico-apatetadas, que tédio, que enorme bocejo.

Na Max.

 

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