Das séries de que gosto - The Pitt
The Pitt é uma série dos diabos, eu que sou sempre muito disciplinado e sou daqueles que vejo um episódio de cada vez, aqui não resisti à necessidade sôfrega de ver mais e mais.
The Pitt é um misto de ER – Serviço de Urgência (com os mesmos produtores e protagonista, Noah Wyle) e 24, cada episódio, de duração aproximada de uma hora, corresponde ao tempo real da narrativa, temos, portanto, 15 episódios que correspondem à duração de um turno de 15 horas do serviço de urgência de um hospital de Pittsburgh.
A fórmula das séries de hospitais é sempre vencedora para quem aprecia o género, The Pitt não segue os cânones, desde logo pela tensão que trespassa para nós, ficamos completamente em suspenso daquelas personagens, tal o grau de verosimilhança dos procedimentos que vamos vendo, bem como o ritmo frenético do desenrolar de situações, tudo isto carburado pelas muitas histórias colaterais que vamos testemunhando, umas com arcos narrativos maiores, outras mais subtis, mas sempre muito credíveis e capazes de prender a nossa atenção.
E é inevitável a homenagem aos médicos e enfermeiros que vivem sob grande pressão num serviço de urgências, muitas vezes claudicando, vulneráveis, outras fortes e frios, mas sempre comprometidos em salvar o doente, mesmo que tal os prejudique forte e feio, uns verdadeiros heróis - por coincidência, esta manhã cruzei-me com a jovem médica que há dez anos atrás me fez sofrer desmesuradamente, com toda a incúria e insensibilidade deste mundo, numa noite de urgência, mas essa será a exceção que confirma a regra (e eu portei-me bem e não me atirei ao seu gasganete, claro).
No meio de tanta adrenalina e de histórias pessoais, The Pitt lança ainda inúmeras pistas de reflexão, que na América atual não é coisa pouca, é coisa muita, a racialização dos cuidados, as restrições ao aborto ilegal, o consumo de drogas, a obesidade, a barreira linguística, as horas de espera, os tiroteios em massa, o fanatismo religioso, e até a questão das vacinas nestes tempos de horror com o tal de Robert Kennedy Jr. aos comandos da saúde daquelas bandas.
Podem dizer que é uma série leve mas do melhor entretenimento que há, como preferirem, que tem algumas incoerências e é muito hiperbolizada, concedo, mas The Pitt é uma série mesmo muito muito boa.
Na Max.