Da atualidade internacional - Biden, New York Times e as presidenciais norte-americanas
É assustador pensar que no próximo dia 5 de novembro a (ainda) maior potência mundial e garante dos valores do dito mundo ocidental, EUA, venha a cair de novo nas mãos do lunático, perigoso e imprevisível Donald Trump, nem me atrevo a cenarizar as consequências do que começa a parecer inevitável, mas os democratas andam mesmo a brincar com o fogo.
Os debates televisivos norte-americanos não têm tanta tradição como aqueles que conhecemos em Portugal e na Europa, há muito poucos eleitores que reconhecem mudar a sua orientação de voto em função do que ouviram, trocando por miúdos, os debates não interessam assim muito, mas a contenda televisiva na passada quinta-feira, na CNN, entre Trump e Biden, parece (digo parece porque não segui o debate nem vi qualquer excerto) que foi uma hecatombe para o atual Presidente, não acabou algumas frases, noutras comeu palavras, ou então reduziu-se a silêncios embaraçosos.
Não duvido que Joe Biden continue na posse das suas faculdades mentais e seja capaz de tomar decisões habilitadas – já veio reconhecer que não esteve bem, que já não fala nem caminha com a mesma facilidade, afiançando-nos contudo que está fino da silva para exercer o seu mandato, caso contrário seria o primeiro a revelar-nos isso mesmo -, mas não reúne de todo condições para um mandato presidencial, simplesmente não está apto, está velho (lamento, mas não há outra palavra), titubeante, frágil e sem capacidade de comunicar e transmitir ordem e segurança, desculpem, é a velha questão do confronto e da aceitação da velhice, chegamos a um ponto em que já não vamos conseguir conduzir ou aquecer água ao lume, já não dá, e para Biden já não dá, nem agora nem daqui a quase cinco anos, quando terminasse o seu próximo mandato com 86 anos.
Na verdade o Partido Democrata ainda não nomeou oficialmente Biden como seu candidato, ainda vai a tempo de arrepiar caminho, mas por algum motivo que não entendo muito bem, ninguém se chega à frente para dizer o óbvio, será que já pressentem a derrota como inevitável (até há poucas semanas algumas sondagens até eram promissoras), será que julgam que em cinco meses nenhuma candidatura se pode tornar vencedora, não fazemos ideia o que é que esta gente pensa, sabemos que ninguém toma a dianteira e, bem pelo contrário, temos até Obama e Hillary Clinton a reforçar a candidatura de Biden, isso, atirem-nos aos lobos que a malta agradece.
Acontece que a imprensa norte-americana ainda é a imprensa americana, não será salvífica mas ainda é livre e sem medo de se comprometer politicamente, e temos agora a linha editorial do muito influente New York Times a pedir a Biden que renuncie – bravo pela coragem -, o que conjugado com a fuga em barda de financiadores e o sururu pegado que aí vai, pode ser que ainda chegue um milagre da América que nos poupe da catástrofe.