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BURRO VELHO

BURRO VELHO

30
Jan25

Das coisas da Política, porque tudo é política

BURRO VELHO

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A última vez que o Burro escreveu aqui sobre política foi no rescaldo da derrota de Kamala Harris, o cenário era tão triste que mais valia falar sobre séries e filmes para sobreviver melhor à angustiante atualidade ,e assim continua, mas entretanto vontade não me faltou de vir aqui comentar algumas coisinhas.

Dentro de portas temos o boçal Arruda e o roubo das malas, o que mais inquieta não é o ridículo da situação, é sermos confrontados com o nível de indigência a que estamos sujeitos na Assembleia da República, a casa que devia ser a mais nobre do país, pois pois. Ah, e neste caso a presunção da inocência foi enviada para as calendas, os pilhas galinhas não têm essa prerrogativa, só os vigaristas mais encartados – qual presunção qual carapuça, invocar a politicamente correta presunção de inocência é tão disparatado como o dito Arruda alegar que as imagens foram feitas com recurso à inteligência artificial, é óbvio que o homem não é sério, mas daí até termos alguns senadores da república virem a terreno defender que o senhor devia ser destituído da Assembleia vai uma grande distância, esta gente nem as pensa.

Ou então as grávidas no Bloco, situação que me parece bastante mais grave, porque a vigarice de Arruda é-lhe sobretudo imputável a si só (em parte também a quem o escolheu, certo), mas no caso da hipocrisia das senhoras do Bloco é tema de regime, as donas da moral que enchem os pulmões para atacar o capitalismo, afinal são elas próprias piores do que os maquiavélicos empresários da nação, a velha história do ouçam o que eu digo, não olhem para o que eu faço, não é que isto nos surpreenda por aí além, mas é trágico, estas senhoras deviam seguir viagem e deixar a vida política, erraram, então que assumam.

Temos uma polémica lei dos solos que foi aprovada de forma apressada e com pouco escrutínio público, em que um secretário de estado de forma precavida cria uma empresa familiar umas semanas antes de a coisa vir à baila, senão foi à socapa assim pareceu, mas dizem que é ingénuo, até pode ser mas ao que consta a Procuradoria Europeia já o conhece de outras vidas.

Pedro Nuno Santos aproximou-se da extrema-direita porque evoluiu na posição do PS sobre imigração, aqui d’el Rey que dizer que quem chega tem de respeitar os nossos costumes, e não a lei, é ser reacionário, poupem-nos, e poupem-nos também com a história de que a Alexandra Leitão é radical, e depois sou eu que vejo muitos filmes, enfim.

Também tivemos o Gandra, se formos por caras, esse nunca me enganou, mas as caras aqui nada contam, e pouco me interessa que o senhor fosse cirurgião no país inteiro, mas o que fazer com estas pessoas que se acham mais espertas do que as outras e abrem empresas em nome de filhos menores para faturarem serviços que lhes são proibidos por lei?

O tema das presidenciais também entusiasma, o Almirante de quem continuamos sem conhecer o que pensa sobre tudo e um país que acha que distribuir vacinas e ser autoritário são tributos meritórios, e suficientes, para se ser chefe de estado, ou um Marques Mendes que ultimamente deve ter rezado a todos os santinhos para não ter de ser o candidato do PSD e escapar a uma derrota quase certa, ou um PS que deseja que Dona Constança venha finalmente à festa e espante Seguro, porque um Presidente sério e cinzentão é coisa que não serve ao país, melhor do que isso só mesmo a classe de Augusto Santos Silva, sempre um senhor – ironia, ok?

E a palavra do ano, a percepção? E aquelas cargas policiais que não lembram ao arco da velha, o policiamento de proximidade ou o Martim Moniz? Percepção uma ova, precisamos da polícia na rua sim, do Martim Moniz posso falar com conhecimento de causa e é inequívoco o aumento da insegurança nos últimos anos, além das pessoas a consumirem à nossa frente já não chegam os dedos das mãos para as cenas de grande violência que já lá assisti, e a horas decentes.

Vale a pena ir para fora de portas? Netanyahu e a Palestina, Putin e a Ucrânia, Trump e o mundo inteiro, Musk e os nazis…

Ah, já vai sendo frequente quem defenda que se fechem as contas do X-Twitter ou deixem de comprar carros da Tesla, a sério? Defendo um consumo consciente e não tenho, nem tenciono ter, nenhum desses produtos, mas se boicotarmos os produtos das empresas daquele bando de bilionários Trumpistas, então somos capazes de ter de voltar à vida simples no campo, e mesmo aí os satélites da Starlink podem ser preciosos.

Aqui o Burro gosta de política, mas o melhor mesmo é continuar a ver filmes e séries e essas coisas que não interessam nada.

 

13
Nov24

Das coisas da Política - chorar ou esquecer?

BURRO VELHO

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Nos últimos dias tenho pensado em partilhar convosco alguns estados de alma sobre alguns factos políticos, sobre a desesperançada derrota de Kamala Harris e a forma como ilusoriamente acreditei que podia vencer, sobre como de repente passou a ser uma péssima candidata que fez uma campanha terrível, e de como afinal Trump nem é assim tão mau, se fosse os mercados não teriam disparado nem teria tido tantos eleitores a votar nele, porque a democracia exige que tenhamos de reconhecer que o eleitor médio dos EUA tem padrões de exigência elevados, eufemisticamente falando, que não são racistas, sexistas e pouco inteligentes, é inegável que os democratas esqueceram os metalúrgicos e é Elon Musk quem os vai proteger, ou a forma como Zelenski felicitou Trump pela sua impressionante vitória, ah pois pudera, o homem está a ver a coisa negra mas talvez fosse escusado tanta subserviência, de Netanyahu já nem falo, é mau demais, ou então poderia discorrer sobre o saco de pancada do autarca de Loures Ricardo Leão, esse fascista que quer pôr uma assistente social a verificar se a criancinha pode ou não comer na cantina da escola se os pais comerem croissants todos os dias na pastelaria da rua, e não pagarem 10€ por mês para a sopa na escola, repudiem já este senhor, vamos já levantar as barreiras da higienização social e demitir-nos sem demora dos lugares onde esse senhor também se senta, como Alexandra Leitão fez tão prontamente, ou gozar com ele nos programas de humor, sim porque o RAP que eu muito admiro percebe imenso do que se passa numa escola pública, ou então da pequena cretinice a que Costa não resistiu para tentar dar uma alfinetada ao seu delfim Pedro Nuno Santos, aguardemos para ver quais são as suas fronteiras com a extrema-direita quando se sentar à mesa com alguns senhores da Europa, Orban e Merloni à cabeça, ou então da ministra que não sabe dizer pão mas ao que parece não é burra nenhuma, ou então da outra ministra que verborreia e prepotência não lhe falta, mas ao que parece para além de fazer promessas, anunciar despedimentos e dizer que não mente, sabe fazer pouco, dessa mesma ministra que acha que é suficiente dizer aos portugueses que o Governo abriu concurso para 200 técnicos para o INEM quando sabe perfeitamente que naquelas condições ninguém no seu perfeito juízo vai concorrer, ou para o helitransporte com preços tais que se sabe de antemão que nenhum fornecedor vai apresentar proposta, essa senhora ministra que sabe muito mas acha que os portugueses pensam pouco, ou então do primeiro-ministro que tem mais do que fazer do que se preocupar se o INEM faz ou deixa de fazer greve às horas extraordinárias, ora essa, era o que faltava, não vá cair outro helicóptero ao rio e ele ter de ir a correr tirar umas fotos, de facto apetecia-me dizer algo sobre estas coisas, mas é tudo tão triste que não me apetece chafurdar mais na lama, mais vale falar de séries e filmes que nos fazem esquecer por um bocado tudo isto, e o que não falta aí são coisas que valem mesmo muito a pena ver.

 

05
Nov24

Da atualidade política - o sem dó nem piedade do autarca de Loures

BURRO VELHO

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Consciente de que os sucessivos governos PS que temos tido foram-mo com uma matriz muito mais centrista do que socialista, ou esquerdista, revejo-me e tendo a concordar com a análise de David Dinis que considera que nos últimos anos o eixo político tem-se transferido tanto para o espectro da direita, que uma pessoa, outrora considerada de direita, hoje pode ser facilmente rotulada de esquerda, ou do centro.

Mas o contrário também acontece, uma pessoa que se distancia de uma qualquer posição política da esquerda, é logo associada à extrema-direita, cada vez nos afastamos mais de um centro sensato e nos empurramos para os extremos exacerbados.

Sem dó nem piedade, o autarca de Loures, Ricardo Leão, defendeu que os responsáveis pelos tumultos nas ruas condenados pelos tribunais devem ser postos na rua quando forem titulares de contratos de arrendamento em casas municipais, sem dó nem piedade, por, entre outras explicações, tal vir a ser dissuasor de novos episódios.

Com pouquíssimas exceções, instalou-se um coro de críticas a arrasar Ricardo Leão, um consenso muito generalizado em que este estava a render-se ao jogo do Chega, com a ameaça de um estado securitário, trazendo à memória os tempos da ditadura em que à laia da segurança se esqueciam valores como a liberdade.

Foram também rápidos a apontar a ilegalidade desta medida, com argumentos que do ponto de vista político a mim me parecem algo desonestos, se a lei não permite, os senhores deputados podem sempre propor uma alteração à lei, se assim o entenderem, mas, sobretudo, parece-me muito falacioso afirmar-se que a lei não permite que uma pessoa seja condenada duas vezes pela mesma infração ou crime, se procurarmos vamos encontrar seguramente exemplos de que uma pessoa pode ser condenada, ou sancionada, ou penalizada, várias vezes pela mesma coisa, senão porque é que me pedem o certificado do registo criminal, se eu já fui condenado e paguei a minha pena, porque é que me pedem esse certificado, afinal a lei permite ou não que sejamos condenados várias vezes pela mesma coisa? Se a lei já não permitir que se exija o certificado do registo criminal nalgumas situações penitencio-me desde já pelo meu desconhecimento.

 O problema foi o sem dó nem piedade, a falta de empatia que revela por exemplo com eventuais filhos que pudessem ser prejudicados, mas tudo isto me parece algo hipócrita, os regulamentos das políticas de arrendamento municipais já preveem, assim creio, que caso a pessoa destrua o interior do imóvel possa ser expulsa, ou despejada, mas se essa mesma pessoa destruir o bem público que circunda esse imóvel, então aqui d’el rey que não se pode fazer nada porque senão a malta do Chega é logo chamada?

A situação é complexa, claro que sim, mas eu não alinho no coro universal de críticas ao autarca que sentirá estas dores mais de perto do que nós cidadãos comuns, relevando o sem dó nem piedade considero que esta posição exige mais reflexão e aprofundamento, e uma pessoa que o admite não tem de ser um extremista perigoso da extrema-esquerda sem coração, calma, alguma moderação é bem-vinda.

 

16
Out24

Da atualidade política – o orçamento, Montenegro, Pedro Nuno e Alexandra Leitão

BURRO VELHO

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Pedro Nuno Santos tem mostrado que é hábil em arranjar lenha para se queimar, teria sido tão muito mais simples se tivesse há muito anunciado que o PS viabilizaria o orçamento 2025 com uma abstenção, ou que, ao invés, o votaria contra, sem qualquer negociação, quanto a mim errou quando quis impor a marca socialista num Governo que não o seu, até porque lhe tem corrido tudo mal sempre que abre a boca e no final dificilmente sairá bem da fotografia.

Parece-me um pouco contranatura ver o Governo apresentar uma proposta irrecusável desvirtuando por completo o seu programa eleitoral, nessa perspetiva vejo mais as cedências do IRC e IRS Jovem como uma vitória de pirro de Pedro Nuno Santos do que uma boa saída para Montenegro, por muito que este quisesse descalçar a bota do IRS Jovem se não o deixam governar em conformidade com a espinha dorsal da sua estratégia económica devia ir a eleições, mas se Montenegro mais uma vez mostrou ser um taticista e não um primeiro-ministro com uma visão política para o país, o certo é que deixou o líder do PS numa posição incómoda, acredito mesmo que por esta é que Pedro Nuno não contava, quando queria empurrar o Governo para o Chega ficou com o menino nas mãos, apesar das intransponíveis linhas vermelhas como é que tem condições agora para rejeitar a proposta do orçamento e mergulhar o país noutra crise política, fazendo parar tudo durante mais uns meses.

Sinceramente acredito que Pedro Nuno Santos quer viabilizar a proposta, mas temos ainda no puzzle Alexandra Leitão, uma política a quem reconheço inteligência, preparação, coragem e um sentido humanista da sociedade, mas por vezes aqui e ali algo destemperada, e porque será que às vezes tenho a sensação de que, surpreendentemente, a oposição é mais feita por ela do que pelo próprio líder do PS?

Será que vamos ter o Não desejado pela líder parlamentar ou o Sim envergonhado de número 1 do PS? Saberemos nas cenas dos próximos capítulos.

 

09
Dez23

Da atualidade política - João Costa, o ministro da educação

BURRO VELHO

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João Costa atual ministro da educação do ainda Governo de António Costa, ou João Costa apoiante do candidato Pedro Nuno Santos? João Costa que sempre anunciou ao país que ‘que todas as medidas de recuperação possíveis já tinham sido feitas, nomeadamente a correção das assimetrias e os mecanismos de aceleração da carreira’, não havendo condições para a recuperação do tempo de serviço congelado, ou João Costa que entende haver espaço para a recuperação integral do tempo de serviço dos professores?

João Costa diz agora que não mudou a sua posição, João Costa pode dizer tudo o que bem entender, mas temos legitimidade para concluir que João Costa se deixou levar pela vertigem eleitoralista de querer muito continuar num novo Governo, não se preocupando por um segundo, ou a dita vertigem fê-lo inadvertidamente esquecer esse cuidado, com uma qualidade ímpar que nunca deve abandonar um político, a verdade, porque há uma coisa que sabemos, não sendo estas suas últimas declarações demagógicas e eleitoralistas, então o ministro João Costa sempre definiu políticas públicas nas quais não acreditava – João Costa já se terá arrependido certamente deste seu deslize, a sua carreira política não foi hipotecada mas vai demorar anos a fazer esquecer esta sua frase assassina, ficou claramente fragilizado na sua ação governativa futura.

 

17
Nov23

Da atualidade política - a supremacia 'moral' do PS

BURRO VELHO

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Qualquer outro partido que fizesse metade, um terço destas patifarias e trapalhices, já teria sido engolido vivo. O Partido Socialista … possui uma resistência aos escândalos e desaires que os outros partidos não têm. António Costa é o perfeito exemplar deste estado de coisas. Passos Coelho foi crucificado por muito menos. O PS sobreviveu ao escândalo da Casa Pia, a única vez que correu perigo sério e em que atiraram a matar para destruir o partido e seus dirigentes, sobreviveu à demissão de Guterres, e fuga, sobreviveu ao escândalo de Sócrates, único na história de democracia portuguesa, sobreviveu aos erros e horrores da pandemia (que não foi o sucesso imputado a Costa, que a certa altura estava mais interessado em trazer para Portugal um campeonato de futebol do que no confinamento, chamando a isto um “prémio” aos médicos e trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde — a mais asinina frase da democracia portuguesa) e sobreviveu aos escândalos deste Governo. Pedrógão, Tancos, negócios corruptos da Defesa, o transfronteiriço de outro nomeado de Costa com cadáveres no armário, e as guerras com os professores e os médicos. Fora o resto. A pouco e pouco, por inércia, incompetência e arrogância do Governo, vimos esboroarem-se o SNS e a educação pública.

Ora nada disto faz parar o PS para pensar. O PS julga-se o único partido competente e inteligente para governar a pátria, e acha-se o destinatário de um direito divino. O PS comporta-se como uma monarquia, com famílias reais, uma aristocracia que não renuncia aos privilégios, uma corte de serventes e serviçais, e direitos dinásticos. O mote real é “Habituem-se!”. A insígnia é “contra tudo e contra todos”.

São socialistas e basta, o título sugere uma supremacia moral. Este PS não aceita pactos de regime, usa a direita ou a esquerda conforme lhe convém para se manter à tona. E acha-se a única garantia contra o Chega e a ameaça corporizada em André Ventura. Na verdade, usa Ventura como o papão da democracia, tal como usara Passos Coelho como o papão da austeridade e da justiça social.

Com o mestre da sobrevivência António Costa, todas estas características se acentuaram, agravadas pelo facto de o pessoal político se ter desqualificado. A aristocracia dos tempos da fundação era agora um corpo de videirinhos e trepadores sociais, com raras exceções... Este PS não vai sair de cena com facilidade, não admite a derrota, não tem escrúpulos morais. Não tem emprego”.

Estas palavras não são minhas, foram escritas, e muito bem escritas, pela Clara Ferreira Alves na sua crónica no Jornal Expresso, porque a malta desespera por uma alternância, o problema ainda maior é quando olhamos para os lados e ver quem pode vir a seguir, que lástima o principal partido da oposição andar tão levianamente a brincar.

 

06
Jul23

Da atualidade política - a fantochada da CPI à TAP

BURRO VELHO

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A Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP foi uma fantochada e perda de tempo, porque do que se conhece do relatório preliminar a senhora relatora ou é incompetente ou é um fantoche do seu partido, e seja por não ter cérebro ou por não ter coluna vertebral, a senhora relatora está a envergonhar os seus pares e a dar mais uma machada na confiança que os portugueses têm dos políticos. 

 

24
Jun23

Das pessoas que admiro - Isabel Moreira

BURRO VELHO

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Concordo em absoluto com Isabel Moreira quando afirma que há diferenças profundas entre a esquerda e a direita e é salutar o confronto e a discussão entre ambas, e não comungando eu da sua visão económica da sociedade, reconheço em si o melhor do que há na política em Portugal, vertical, séria, trabalhadora, bem preparada, combativa, com sentido democrático e impoluta, não me recordando de alguma vez a ter visto a fazer fretes descarados ao partido ou ao primeiro-ministro defendendo o indefensável, quando não concorda ou se cala ou deixa passar a sua mensagem de fininho, mas nunca em modo de disco riscado a repetir insanidades que vemos amiúde naquela bancada parlamentar.

O seu feitio intrépido, assumido pela própria em várias entrevistas, talvez lhe retire o perfil para funções executivas ao nível ministerial, mas agradeço-lhe profundamente por estar na política e por em muito ter contribuído para alguns dos nossos grandes avanços civilizacionais, espero que por lá continue por muitos e bons anos.

Um grande bem-haja Isabel.

 

06
Abr23

Da atualidade política - Comissão de Inquérito TAP

BURRO VELHO

TAP

 

No decorrer da Comissão de Inquérito à TAP soube-se que em Janeiro a senhora presidente Christine Ourmières-Widener reuniu secretamente com o grupo parlamentar do PS e ‘membros juniores’ do Governo, por recomendação do ministro das infraestruturas, para preparem a primeira audição na Assembleia da República, já no âmbito desta Comissão de Inquérito.

A presidente não se recorda de terem sido então combinadas as questões que lhe seriam colocadas na dita audiência, mas a senhora presidente também não se recordava de ter estado nessa reunião (via Teams, creio), teve de consultar a sua agenda pessoal para avivar a memória, fantochada.

Além da total falta de ética, isto é violar todas as regras – sim, o Governo e deputados da nação violaram as regras e está tudo bem: esta gente achou que era natural, com a maior descontração e desfaçatez, acertarem as perguntas e respostas entre si, entre quem ia inquirir e ser inquirido, para assim melhor ludibriarem os deputados da oposição e os portugueses em geral, isto é gravíssimo, manchando o bom nome dos ministros João Galamba e Ana Catarina Mendes, dos deputados presentes e da própria Christine.

Já vi ministros serem demitidos por menos, apurem-se as responsabilidades, isto é gravíssimo.

15
Mar23

Da atualidade política - Pedro Nuno Santos

BURRO VELHO

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Sempre gostei do estilo de Pedro Nuno Santos, preparado, combativo, despachado, às vezes bronco e conseguia passar a ideia que estava mais preocupado em fazer do que parecer.

Na altura não comprei totalmente a ideia de que o anúncio do local do aeroporto tinha sido uma gaffe, uma precipitação, parecia um erro demasiado primário para alguém já tarimbado, admiti como plausível que aquele avanço seguido de puxão de orelhas era o resultado duma estratégia com o primeiro-ministro.

E agora o caso Alexandra Reis? Sabia? Não sabia? Afinal soube por whatsapp mas não tinha dado importância?

Claro que devia saber, claro que deu ok a que Alexandra Reis fosse destituída, claro que acompanhou a negociação do valor da indemnização, claro que achou tudo normal e até merecido, de tal forma que até quis recompensar Alexandra nomeando-a para a NAV como forma de agradecimento pelo seu trabalho na gestão da TAP, mas se até aqui o grau de gravidade ainda é incerto e discutível (vamos ver o que a comissão parlamentar de inquérito vai trazer a lume), para a estatura e futuro do político o pior terá sido depois como geriu todo o dossier e a sua saída de cena.

Confrontado com o vexame de ter de dar o dito pelo não dito, resolveu sair pelo seu próprio pé, mas, não esqueçamos, apenas por assumir a responsabilidade política, com sorte ainda ia herdar a aura de sério e corajoso que Jorge Coelho granjeou com a queda da ponte de Entre-os-Rios, mas em momento algum o ouvimos aceitar qualquer falha ou responsabilidade pessoal.

Pedro Nuno Santos era um arauto desta nova geração que trazia uma nova atitude, mais transparente, desempoeirada e menos agarrada ao poder, mas afinal veio Pedro Nuno mostrar-nos que é um político da velha escola, afinal também acha que nós portugueses somos todos uns lorpas (não era o único no atual Governo a achar o mesmo), que basta blindar-se atrás do ‘contem-me tudo off record mas não me mandem mails nem contem nada oficialmente, porque não sei nada, não vi nada, não ouvi nada’ e assim nunca se queima, está sempre tudo bem, e afinal também acha que quando é apanhado é preferível a fuga em frente, ainda não se apercebeu que o escrutínio e a exigência em relação aos políticos é hoje muito diferente do que era há dez anos atrás, afinal também acha que vale tudo e que com três de areia e duas de água do mar damos sempre a volta por cima, afinal em Pedro Nuno Santos a ética também dá lugar à chico-espertice.

E se tínhamos reagido com alguma benevolência ao caso do anúncio do aeroporto, agora que voltou a espalhar-se ao comprido já não temos dúvidas que são falhanços a mais e, na melhor das hipóteses, é um político incompetente, imponderado e pouco sério.

Ironia das ironias, com esta enorme trapalhada é bem capaz de lhe ter saído a sorte grande, não lhe anunciem qualquer morte política, é certo que foi afastado com alguns remoques mas também é certo que assim se afasta ele próprio da dupla Costa/Medina e, se não for antes, em 2026 voltará à liça fresco que nem uma alface e com estes pecados todos perdoados, que é como quem diz, esquecidos.

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