Das coisas da Política, porque tudo é política
A última vez que o Burro escreveu aqui sobre política foi no rescaldo da derrota de Kamala Harris, o cenário era tão triste que mais valia falar sobre séries e filmes para sobreviver melhor à angustiante atualidade ,e assim continua, mas entretanto vontade não me faltou de vir aqui comentar algumas coisinhas.
Dentro de portas temos o boçal Arruda e o roubo das malas, o que mais inquieta não é o ridículo da situação, é sermos confrontados com o nível de indigência a que estamos sujeitos na Assembleia da República, a casa que devia ser a mais nobre do país, pois pois. Ah, e neste caso a presunção da inocência foi enviada para as calendas, os pilhas galinhas não têm essa prerrogativa, só os vigaristas mais encartados – qual presunção qual carapuça, invocar a politicamente correta presunção de inocência é tão disparatado como o dito Arruda alegar que as imagens foram feitas com recurso à inteligência artificial, é óbvio que o homem não é sério, mas daí até termos alguns senadores da república virem a terreno defender que o senhor devia ser destituído da Assembleia vai uma grande distância, esta gente nem as pensa.
Ou então as grávidas no Bloco, situação que me parece bastante mais grave, porque a vigarice de Arruda é-lhe sobretudo imputável a si só (em parte também a quem o escolheu, certo), mas no caso da hipocrisia das senhoras do Bloco é tema de regime, as donas da moral que enchem os pulmões para atacar o capitalismo, afinal são elas próprias piores do que os maquiavélicos empresários da nação, a velha história do ouçam o que eu digo, não olhem para o que eu faço, não é que isto nos surpreenda por aí além, mas é trágico, estas senhoras deviam seguir viagem e deixar a vida política, erraram, então que assumam.
Temos uma polémica lei dos solos que foi aprovada de forma apressada e com pouco escrutínio público, em que um secretário de estado de forma precavida cria uma empresa familiar umas semanas antes de a coisa vir à baila, senão foi à socapa assim pareceu, mas dizem que é ingénuo, até pode ser mas ao que consta a Procuradoria Europeia já o conhece de outras vidas.
Pedro Nuno Santos aproximou-se da extrema-direita porque evoluiu na posição do PS sobre imigração, aqui d’el Rey que dizer que quem chega tem de respeitar os nossos costumes, e não a lei, é ser reacionário, poupem-nos, e poupem-nos também com a história de que a Alexandra Leitão é radical, e depois sou eu que vejo muitos filmes, enfim.
Também tivemos o Gandra, se formos por caras, esse nunca me enganou, mas as caras aqui nada contam, e pouco me interessa que o senhor fosse cirurgião no país inteiro, mas o que fazer com estas pessoas que se acham mais espertas do que as outras e abrem empresas em nome de filhos menores para faturarem serviços que lhes são proibidos por lei?
O tema das presidenciais também entusiasma, o Almirante de quem continuamos sem conhecer o que pensa sobre tudo e um país que acha que distribuir vacinas e ser autoritário são tributos meritórios, e suficientes, para se ser chefe de estado, ou um Marques Mendes que ultimamente deve ter rezado a todos os santinhos para não ter de ser o candidato do PSD e escapar a uma derrota quase certa, ou um PS que deseja que Dona Constança venha finalmente à festa e espante Seguro, porque um Presidente sério e cinzentão é coisa que não serve ao país, melhor do que isso só mesmo a classe de Augusto Santos Silva, sempre um senhor – ironia, ok?
E a palavra do ano, a percepção? E aquelas cargas policiais que não lembram ao arco da velha, o policiamento de proximidade ou o Martim Moniz? Percepção uma ova, precisamos da polícia na rua sim, do Martim Moniz posso falar com conhecimento de causa e é inequívoco o aumento da insegurança nos últimos anos, além das pessoas a consumirem à nossa frente já não chegam os dedos das mãos para as cenas de grande violência que já lá assisti, e a horas decentes.
Vale a pena ir para fora de portas? Netanyahu e a Palestina, Putin e a Ucrânia, Trump e o mundo inteiro, Musk e os nazis…
Ah, já vai sendo frequente quem defenda que se fechem as contas do X-Twitter ou deixem de comprar carros da Tesla, a sério? Defendo um consumo consciente e não tenho, nem tenciono ter, nenhum desses produtos, mas se boicotarmos os produtos das empresas daquele bando de bilionários Trumpistas, então somos capazes de ter de voltar à vida simples no campo, e mesmo aí os satélites da Starlink podem ser preciosos.
Aqui o Burro gosta de política, mas o melhor mesmo é continuar a ver filmes e séries e essas coisas que não interessam nada.