Do estado da política e do mundo - chorar ou continuar a esquecer?
Tenho andado como aqueles três emojis dos macaquinhos que não falam, não ouvem e não veem, e a minha saúde mental muito agradece que assim continue, que é como quem diz, o mais alheado possível da triste realidade.
Se olharmos para lá das nossas fronteiras, num mundo em que a Nato deixou de ser qualquer segurança, bastam quatro nomes apenas para nos deixarem deprimidos e amedrontados, cagadinhos de medo, pardon mon french mas talvez seja mesmo essa a expressão mais indicada, Trump, Putin, Netanyahu e Khamenei, e fiquemos por aqui.
Dentro de portas, a intensidade do medo e o grau de insanidade não se compara, obviamente, mas também não está para sorrisos esperançosos, e não, eu não sou sempre do contra, há algumas coisas que até me parecem serem sinais positivos, sim, eu concordo com a intenção de se rever a lei da greve, de se ser mais rigoroso com quem quer imigrar, ou em dificultar a obtenção da nacionalidade portuguesa, como é possível que as meninas gémeas brasileiras tenham conseguido esse passaporte com tanta facilidade, como?
Mas os sintomas não são bons prenúncios.
Um primeiro-ministro cuja estatura moral e sensação de poder lhe permite fazer trocadilhos perigosos, e estou a ser muito benevolente com o adjetivo escolhido, com a raça lusitana (será que o Eusébio ainda tem lugar no panteão, questiono).
Um Governo a dificultar o direito à reintegração das famílias dos imigrantes porque bom bom é eles virem fazer o trabalho de escravo e permanecerem invisíveis, mudos e quedos.
Ou então um Moedas que desculpabiliza a agressão de um fascista a um ator, invocando horrores idênticos à extrema-esquerda (a sério? Hoje, em 2025?).
Ou um secretário regional da Madeira que insulta de forma abjeta deputadas eleitas, Eduardo Jesus de seu nome, não esquecer, e o senhor não se demite, o Presidente do Governo Regional da Madeira não o demite e o povo madeirense continua alegremente a votar neles, até porque, pasme-se, as palavras proferidas estão todas no dicionário, diz o senhor secretário da ... cultura, ironia das ironias.
Ou um PS com um brando Secretário-geral por ausência de comparência de eventual oposição interna, ou um Chega inflamado pelos tantos portugueses que perderam o pudor em assumir a pureza da raça, a tal, a suposta lusitana.
Todos nós vamos mudando com o tempo, mas se é um facto que eu terei mudado, é igualmente facto que este PSD mudou muito mais, que saudades daquele tempo em que ao invés de sorrisos escarninhos, tínhamos partidos humanistas ao comando do país.
E que o mundo não se esqueça da Palestina!
🙈🙉🙊