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BURRO VELHO

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03
Set24

Da desfaçatez dos políticos - a privatização da TAP e Miguel Pinto Luz

BURRO VELHO

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Não basta dizer que não é ilegal, o país já não pode tolerar os chico-espertos que se acham muito inteligentes a contratar as melhoras consultoras e sociedades de advogados para contornar a lei, se esta prática é eticamente inaceitável e deve ser punida pela Sociedade, escrutinando, denunciando, boicotando, causando danos reputacionais a quem prevarica, é ainda mais inadmissível quando em causa está a gestão do bem público.

Dito isto, e apesar da lei não permitir que uma pessoa compre uma empresa com dinheiro emprestado por esta, diz o relatório da auditoria da Inspeção Geral de Finanças (IGF) agora conhecido, que os nossos gestores e governantes arranjaram forma para o sinistro empresário norte-americano, o benfeitor Neeleman, comprar a TAP com o pelo do próprio cão, ou seja, trocando por miúdos e explicando de forma meio atamancada, ao que consta o senhor não tinha um tusto para investir, por isso engendrou-se uma forma de a Airbus lhe emprestar o dinheiro necessário, que ele usou para pagar as ações ao Estado, que por sua vez encomendou uma catrefada de aviões à dita empresa, assegurando-lhe assim o seu lucro, ao mesmo tempo que garantia o empréstimo pessoal que o senhor Neeleman recebeu. Mas ainda há mais, como os novos acionistas tinham de pagar o empréstimo à Airbus, a TAP arranjou uns contratos fictícios com uma empresa dos acionistas (o Senhor Neeleman já deu de frosques, mas a família Barraqueiro ainda por cá anda, creio) para assim lhes transferir as verbas necessárias para saldarem a dívida, sem terem de pagar impostos, claro.

Os nossos governantes arranjaram assim forma de maximizar o bem público, o Estado ficou a arder mas os empresários e a empresa dos aviões ficaram a ganhar, por isso as contas que se fizeram no fim foram positivas, acham eles, mas aqui o cerne não reside apenas no facto do negócio ter sido ruinoso para o Estado, até poderia ter sido financeiramente vantajoso, o que mais me choca é a desfaçatez com que os tais chico-espertos, que se acham mais inteligentes do que nós e que têm dinheiro para contratar quem sabe desenhar estes esquemas, montam esquemas que não violam descaradamente a lei mas que a contornam de forma tão despudorada e eticamente reprovável.

De acordo com a IGF, os responsáveis políticos tiveram conhecimento, e avalizaram, toda esta transação, pelo que, independentemente da responsabilidade criminal dos gestores e políticos envolvidos, que irá ser apurada em sede própria pelo Ministério Público, há que retirar ilações políticas, e esses governantes responsáveis têm nome, nomeadamente o senhor primeiro-ministro de então, Pedro Passos Coelho, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o Secretário de Estado com a tutela da TAP, Miguel Pinto Luz, o mesmo com a responsabilidade na nova privatização em curso, é giro, não é?

Impõe-se, portanto, a pergunta, Eng. Miguel Pinto Luz, vai sair do Governo pelo seu próprio pé ou vai esperar pelo dia que alguém lhe aponte a direção da rua?

 

18
Mai23

Das novelas que (não) gosto de ver - João Galamba

BURRO VELHO

Galamba

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP já devia ter sido renomeada como a CPI Galamba, a história é tão inquietante que (por ora) ninguém está muito interessado em Pedro Nuno Santos, Medina, Christine Ourmières-Widener ou Cristina Reis, agora entre um e outro episódio de Succession não nos falta entretenimento com esta novela, pena ser tão desastrosa para o país.

É deveras intrigante tentar perceber como é que António Costa se deixou arrastar para este terreno tão lamacento – nesta altura já deve estar tão arrependido de ter querido mostrar a Marcelo quem mandava -, mas hoje estamos mesmo em pulgas é para ver como, mais logo, o cadáver político Galamba vai sobreviver às acusações de que é alvo, todas elas verosímeis e gravíssimas, aguardemos pois então.

 

06
Abr23

Da atualidade política - Comissão de Inquérito TAP

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TAP

 

No decorrer da Comissão de Inquérito à TAP soube-se que em Janeiro a senhora presidente Christine Ourmières-Widener reuniu secretamente com o grupo parlamentar do PS e ‘membros juniores’ do Governo, por recomendação do ministro das infraestruturas, para preparem a primeira audição na Assembleia da República, já no âmbito desta Comissão de Inquérito.

A presidente não se recorda de terem sido então combinadas as questões que lhe seriam colocadas na dita audiência, mas a senhora presidente também não se recordava de ter estado nessa reunião (via Teams, creio), teve de consultar a sua agenda pessoal para avivar a memória, fantochada.

Além da total falta de ética, isto é violar todas as regras – sim, o Governo e deputados da nação violaram as regras e está tudo bem: esta gente achou que era natural, com a maior descontração e desfaçatez, acertarem as perguntas e respostas entre si, entre quem ia inquirir e ser inquirido, para assim melhor ludibriarem os deputados da oposição e os portugueses em geral, isto é gravíssimo, manchando o bom nome dos ministros João Galamba e Ana Catarina Mendes, dos deputados presentes e da própria Christine.

Já vi ministros serem demitidos por menos, apurem-se as responsabilidades, isto é gravíssimo.

15
Mar23

Da atualidade política - Pedro Nuno Santos

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pedronunosantos

 

Sempre gostei do estilo de Pedro Nuno Santos, preparado, combativo, despachado, às vezes bronco e conseguia passar a ideia que estava mais preocupado em fazer do que parecer.

Na altura não comprei totalmente a ideia de que o anúncio do local do aeroporto tinha sido uma gaffe, uma precipitação, parecia um erro demasiado primário para alguém já tarimbado, admiti como plausível que aquele avanço seguido de puxão de orelhas era o resultado duma estratégia com o primeiro-ministro.

E agora o caso Alexandra Reis? Sabia? Não sabia? Afinal soube por whatsapp mas não tinha dado importância?

Claro que devia saber, claro que deu ok a que Alexandra Reis fosse destituída, claro que acompanhou a negociação do valor da indemnização, claro que achou tudo normal e até merecido, de tal forma que até quis recompensar Alexandra nomeando-a para a NAV como forma de agradecimento pelo seu trabalho na gestão da TAP, mas se até aqui o grau de gravidade ainda é incerto e discutível (vamos ver o que a comissão parlamentar de inquérito vai trazer a lume), para a estatura e futuro do político o pior terá sido depois como geriu todo o dossier e a sua saída de cena.

Confrontado com o vexame de ter de dar o dito pelo não dito, resolveu sair pelo seu próprio pé, mas, não esqueçamos, apenas por assumir a responsabilidade política, com sorte ainda ia herdar a aura de sério e corajoso que Jorge Coelho granjeou com a queda da ponte de Entre-os-Rios, mas em momento algum o ouvimos aceitar qualquer falha ou responsabilidade pessoal.

Pedro Nuno Santos era um arauto desta nova geração que trazia uma nova atitude, mais transparente, desempoeirada e menos agarrada ao poder, mas afinal veio Pedro Nuno mostrar-nos que é um político da velha escola, afinal também acha que nós portugueses somos todos uns lorpas (não era o único no atual Governo a achar o mesmo), que basta blindar-se atrás do ‘contem-me tudo off record mas não me mandem mails nem contem nada oficialmente, porque não sei nada, não vi nada, não ouvi nada’ e assim nunca se queima, está sempre tudo bem, e afinal também acha que quando é apanhado é preferível a fuga em frente, ainda não se apercebeu que o escrutínio e a exigência em relação aos políticos é hoje muito diferente do que era há dez anos atrás, afinal também acha que vale tudo e que com três de areia e duas de água do mar damos sempre a volta por cima, afinal em Pedro Nuno Santos a ética também dá lugar à chico-espertice.

E se tínhamos reagido com alguma benevolência ao caso do anúncio do aeroporto, agora que voltou a espalhar-se ao comprido já não temos dúvidas que são falhanços a mais e, na melhor das hipóteses, é um político incompetente, imponderado e pouco sério.

Ironia das ironias, com esta enorme trapalhada é bem capaz de lhe ter saído a sorte grande, não lhe anunciem qualquer morte política, é certo que foi afastado com alguns remoques mas também é certo que assim se afasta ele próprio da dupla Costa/Medina e, se não for antes, em 2026 voltará à liça fresco que nem uma alface e com estes pecados todos perdoados, que é como quem diz, esquecidos.

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