Dos filmes que adoramos - O Atentado de 5 de Setembro
O Atentado de 5 de Setembro, do realizador suíço Tim Felhbaum, foi um dos grandes derrotados para as nomeações dos Óscares, o que até se pode aceitar dado a forte colheita de 2024, recebeu apenas indicação para melhor argumento original, mas é um grande filme daqueles que Hollywood tão bem sabe fazer (com co-produção alemã).
A história é sobejamente conhecida, nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, os primeiros a terem transmissão televisiva em direto para todo o mundo, um grupo terrorista palestiniano sequestra uma comitiva de atletas e treinadores israelitas, centrando-se o filme na cobertura televisiva que o canal ABC Sports fez da tentativa de resgate por parte da polícia alemã.
O argumento é fortíssimo porque aborda, num tom adequado, as feridas do pós-guerra, um país a querer reinventar-se e as novas gerações a tentarem lidar com os seus pais que tudo testemunharam de olhos fechados, mas O Atentado de 5 de Setembro é primeiramente um filme sobre o jornalismo, numa altura que ainda havia telexes e se telefonava de cabines telefónicas, sobre a difícil decisão de quem está a editar as notícias, sobre coisas como ética e deontologia, sobre a confirmação das fontes e o 'ouviu aqui em primeiro' lugar, sobre a ditadura das audiências e dos acionistas, e sobre o impacto daquilo que se quis ou não contar, no fundo sobre aquilo que hoje em dia tanto nos perturba e ameaça, sobre a importância vital de uma imprensa livre, justa e independente para a frágil saúde das nossas democracias.
Além da montagem intrépida que prende a nossa atenção em cada segundo dos 95 minutos da duração do filme, o casting é insuperável, não há uma estrela a puxar a si o protagonismo, todo o elenco tem uma pulsação tal que durante hora e meia vivemos intensamente este thriller jornalístico.