Não obstante ter sempre visto com muita preocupação os exageros e efeitos colaterais de movimentos como o Me Too, considero-me na linha da frente da defesa de uma sociedade que pugna pela igualdade de género, no desporto ou fora dele.
A propósito do caso Rubiales - sobre o qual escrevi aqui ainda antes de a polémica ter escalado e que eu considero sim merecedor de abertura de telejornais -, vem Alexandra Leitão defender, num artigo de opinião publicado no Expresso, a igualdade de género no desporto.
Parece-me um pouco extemporâneo invocar o caso Larry Nassar, o terrível médico que violentou as ginastas da seleção norte-americana, mas vem reivindicar que pelo ‘princípio da igualdade’ as atletas no geral, dando como exemplo as tenistas, deviam auferir os mesmos prémios pecuniários que os seus colegas masculinos, não isentando desta obrigação moral as entidades privadas que organizam os grandes torneios porque o princípio da igualdade se deve sobrepor à obtenção de lucro.
Até estou de acordo com esta última frase em abstrato, e na verdade os prize moneys dos quatro torneios do grand slam já não diferenciam homens e mulheres, mas na minha opinião aqui o cerne da questão é saber onde reside a igualdade, como aficionado de ténis que sou, contaria os tostões para ver uma intensíssima final de cinco horas num Grand Slam entre um Djoko e Alcaraz, por exemplo, o que não tem mesmo nada a ver com uma final feminina, que com sorte é despachada em 60 minutos sem grandes rasgos de genialidade, estaremos mesmo perante um caso de igualdade?
Bem sei que este é o exemplo clássico, mas será que à luz deste mesmo princípio, um jovem manequim que desfila para o Nuno Gama também deve receber o mesmo que as quatro rainhas das passerelles, Linda Evangelista, Christy Turlington, Cindy Crawford e Naomi Campbel, cobraram para fazer a capa da Vogue?